Hoje, 13 de abril, sai o clipe de “Qualquer Prego”, parceria entre Zeca Baleiro e Carlos Zimbher e que tem o protagonismo do bailarino Diogo Granato.
Não vá com “Qualquer Prego” em 2022
Em um ano decisivo para o nosso país … não, não é por termos mais uma chance de sermos hexacampeões. As eleições presidenciais de 2022 é o evento mais importante para nós brasileiros e brasileiras este ano. Por isso mesmo, qualquer oportunidade de criticar veementemente o governo Bolsonaro em prol da campanha de Lula deve ser aproveitada.
O título do novo single de Zeca Baleiro e Zimbher, remeteu-me imediatamente ao contexto das eleições de 2018, momento em que “Qualquer Prego” servia, desde que não fosse um prego petista. O processo de despolitização engendrado ao longo da última década, culminou com a eleição desse “prego qualquer”, que levou o país ao caos político e econômico no qual nos encontramos.
O personagem principal na performance do clipe, caracterizado com uma máscara de porco, lembrou-me o asqueroso governo que temos. A dança de movimentos maliciosos vai aos poucos envolvendo os demais personagens. Seguindo esta linha interpretativa que estou propondo, a coreografia representa o uso do poder político para seduzir pessoas ocupantes de cargos de poder, a fim de manipulá-las e garantir a satisfação de seus interesses políticos. Bem como a opinião pública.
Este porco está disposto a “bolir” com quem for necessário para se blindar. “Bole” com o Centrão, oferecendo verba através de orçamento secreto, para não correr o risco de ser impeachmado, “bole” com líderes evangélicos fazendo lobby através do MEC para satisfazer aliados, favorece militares entregando-lhes cargos comissionados de primeiro, segundo e terceiro escalão do governo, declara amor a Donald Trump, visita o presidente da Rússia, Vladmir Putin e diz ser solidário à Moscou.
A frase “Tu vai com qualquer prego, aceita qualquer chamego …” pode ser associada tanto ao eleitor despolitizado, aquele que diz ser “contra tudo isso que está ai”, que ataca todas as correntes e partidos políticos, mas acaba apertando 17 na hora H, ou ajudando a eleger este “prego qualquer”, abstendo-se de votar, quanto para este governo que vai com qualquer prego que possa de algum modo beneficiá-lo.
Se você foi com “Qualquer Prego” e aceitou qualquer chamego em 2018, vem “bolir” com Lula em 2022 e deixa esse “prego qualquer” enferrujar na lata de lixo da história, ou melhor, atrás de grades num presídio qualquer.
O single
Você pode até não gostar de música brega, daquele arrocha, daquela pisadinha, daquele eletrofunk e seus mais variados desdobramentos, mas se tiver tocando próximo a você, não dá pra negar, a vontade de se esfregar em alguém te invade. É nessa perspectiva que Zeca Baleiro e Zimbher lançaram em dezembro do ano passado o single “Qualquer Prego”.
Um brega mudernoso, cheio de elementos eletrônicos e que explora a sofrência que aflige todos os corações românticos despedaçados. O tema é explorado com humor pelos compositores. Somos apresentados a uma pessoa apaixonada por alguém que “passa o rodo” em geral, que “vai com qualquer prego”, o que faria dessa pessoa alguém fácil de “pegar”, mas que rejeita este eu lírico da música.
Neste ambiente cabarelístico, onde as coisas acontecem sobre “a luz difusa do abajur lilás”, como diria um eterno presidenciável, o eu lírico sofre as tormentas da incompreensão de sua rejeição, tentando encaixar o desejo numa forma que lhe é incompatível, a forma da racionalidade.
Talvez seja mesmo esse desejo incontrolável que afaste a pessoa desejada, atraída por quem não lhe atribui esse “valor”, a quem é apenas um “prego qualquer”. O amor do eu lírico faz dele um prego dourado, revestido de uma aura que só é motivo de atração na representação própria desse que ama.
Zimbher e Zeca comentam a parceria:
“A parceria com Zeca veio de forma natural. Existe uma admiração mútua. Ele participou de meu último disco e até escreveu o release. Daí nasceu a vontade de compor junto e as duas canções que até o momento temos”, fala Zimbher.
Já Zeca, sobre o parceiro, diz “os amantes da música brasileira vão descobrir – mais cedo ou mais tarde, estou certo – a estranha beleza de sua poesia e a bela estranheza de sua música.”
O clipe
Hoje, 13 de abril, o single de “Qualquer Prego” será lançado oficialmente. Então, toda a atmosfera presente no single, tanto na letra quanto na música poderão ser apreciados visualmente. A coreografia elaborada reflete fielmente o contexto sugerido pela música, que tentamos expor no tópico anterior.
Fica bem claro na performance de palco que esse ser luxuriante e sedutor, uma espécie de fauno, não faz distinção de gênero, idade, aspecto físico, buscando sempre a festividade por meio da música, dança e sexo. Uma representação dionisíaca da aplicação da arte na celebração da existência humana.
Em tempos de repressão moral e física, obras que exaltem o prazer da existência através da celebração se fazem necessárias. Precisamos lembrar dos momentos em que nos encontrávamos para celebrar embriagados pelo prazer oriundo do estímulo sensorial, seja pelo contato físico, seja pelo envolvimento da música.
Mesmo os momentos no qual neste ambiente somos apenas aquela pessoa sentada à mesa bebendo, observando quem desejamos se dando a todes, e inutilmente tentando encontrar um sentido lógico, naquilo cujo sentido é dado pelos desejos.
FICHA TÉCNICA VIDEOCLIPE “QUALQUER PREGO”
Direção – JOAQUIM TOMÉ
Realização – Produtora de Vídeo Conté, em parceria com a Produtora Cultural Calango Garoa e o Cia. Mungunzá – Teatro de Contêiner.
Produção do lançamento – Juka Tavares – Bonanzas Cultura e Arte
Elenco
Diogo Granato
André César Mendes
Daniel Giffoni
Fabia Mirassos
Flávio Barollo
Juka Tavares
Luisa Mira
Karen Menatti
Paloma Dantas
Pedro das Oliveiras
Vi Mu
Luz – Pedro das Oliveiras
Maquiagem – Fabia Mirassos
Supervisão de figurino – Juliana Bertolini
FICHA TÉCNICA MÚSICA “QUALQUER PREGO”
Autores e Intérpretes – Zeca Baleiro e Zimbher
Produção Musica e Arranjos – Rovilson Pascoal
Sax – Marcelo Monteiro
Coros e Vocais – Rubi e Vange Milliet
Making Off e Capa – Flávio Barollo
Modelo – André Cesar Mendes
Produção Executiva – Juka Tavares