Uma sessão que definitivamente não poderia ficar mofando nos estúdios, The Loring Park Sessions mostra um jovem Prince com balanço afiado.
Quando o Prince nos deixou, muita especulação começou a pipocar na mídia, algo relativamente comum quando um músico deste quilate, feeling e criatividade, abandona este plano. Mas entre dezenas de boatos, quando o assunto é música mesmo e não as doses de bafafá da revista Contigo, ocorreram 2 grandes acontecimentos positivos para o legado desse que foi, sem dúvida alguma, um dos maiores de sua espécie.
1) A primeira coisa foi que a sua discografia chegou em peso aos serviços de streaming, mesmo depois que o americano, ainda em vida, afirmou e reafirmou que só entraria nesse jogo filiado ao Tidal – o serviço de streaming do Jay-Z – que além dele, tinha Jack White como discípulo e defensor.
2) A segunda coisa foi que logo depois que seus discos entraram no acervo dos serviços digitais (Spotify, Deezer, Apple Music e etc), uma certa Jam Session começou a circular pelos cantos mais obscuros da internet, junto de dezenas de bootlegs e gravações nunca antes lançadas.
Line Up:
Prince (teclados/guitarra)
André Cymone (baixo)
Bobby Z (bateria)
Track List:
”Instrumental #1”
”Instrumental #2”
”Instrumental #3”
“Instrumental #4”
”Instrumental #5”
”Instrumental #6”
”Instrumental #7”
”Instrumental #8”
Prince + André Cymone e Bobby Z = Funk
No gogó instrumental, e sempre sustentando a cozinha com base no groove, é assim que o Prince e 2 de seus mais célebres colaboradores (André Cymone e Bobby Z), swingaram com classe, destreza e groove.
Gravado um ano antes de “For You”, lançado em 1978, esse encontro iria anteceder o primeiro (e competente) esforço criativo de Prince, multi instrumentista que já mostrava, desde muito jovem, possuir um raro talento.
Prince – Loring Park Sessions
Gravado na sala de ensaios do primeiro agente do Prince, Owen Husney, no Q.G. de operações da Loring Park, localizado em Minneapolis, o som chega com aquela roupagem gordurosa, com ênfase no pulso do one de James Brown. A abordagem remete ao projeto Madhouse, uma das várias experimentações promovidas pelo norte americano no fim dos anos 80.
Depois de ouvir os quase 60 minutos de instrumental, é praticamente inviável não pensar nos caminhos que alguns grupos da época exploraram no meandro, Fusion-Funk. São 8 faixas no total, e em cada uma delas é notável observar a fluência das ideias e como as interações entre os músicos surgem de maneira benéfica para o som.
Esse compilado passa longe de exaltar mero exibicionismo ou valorizar um tipo de música mecânica, que mais parecem exercício do que ideias fluidas. Não pra acreditar que um cidadão de 19 anos estava na linha de frente disso tudo. Fora que a companhia não poderia ser mais ácida, Bobby Z e André Cymone já dão claros indícios para o telepático entrosamento que estava prestes a surgir.
O Prince é foda, o resto é moda. Uma pena que essa gema não está no streaming, mas o YouTube sempre salva. Um olho na guitarra, outro no teclado.