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Pedro Volta, a constante renovação da música brasileira

Pedro Volta mal completou sua segunda década de vida e já possui vivências no campo musical de quem já trilhou a maior parte de sua jornada.

Pedro Volta empunhando seu violão no estúdio.

Constitui o senso comum do brasileiro, no que diz respeito à música popular, a compreensão de que “música de qualidade” é a de antigamente, dos tempos em que nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim e afins ditavam os rumos da música popular brasileira.

Esse panteão da MPB foi cooptado pela classe média que passou a acreditar que aquela música representa o gosto musical de sua classe. Mesmo que em suas casas tenham apenas coletâneas da revista Caras ou da Folha de São Paulo sobre estes artistas.

Existe na verdade um desinteresse pela música enquanto arte por parte desse nicho social, que a usa de forma efêmera como mero objeto de status social e cultural.  Isso nos coloca diante de um problema, a MPB se tornou uma música da classe média, afastada das classes populares.

Pras gerações mais novas, trata-se de uma música de velhos. Nesse sentido, os novos artistas deste gênero ficam restritos à classe média, pois os jovens desse estrato social acabam aderindo à MPB, mantendo seu afastamento das classes populares, o que muitas vezes dá a impressão de que nada de novo surge entre os limites da MPB.

Contudo, percebemos que os artistas representativos desse segmento musical permanecem ativos e as renovações continuam ocorrendo. Pedro Volta, jovem compositor e multi-instrumentista paulista, mal completou seus 20 anos de vida e já se apresenta com uma das potências musicais de sua geração.

Capa de Terra de Morfeu

Em 2019 lançou o excelente EP Terra de Morfeu em parceria com outro jovem representante da música brasileira, Carlos Torres. A sonoridade do  álbum mostra clara influência do Clube da Esquina. Tanto melodias quanto as harmonias que fazem parte da música mostram a ligação com o som da geração mineira responsável por pavimentar novos caminhos para a música brasileira.

Isso nos leva a duas considerações, a primeira delas, a de que Pedro possui um alto refinamento musical enquanto instrumentista e compositor. Revela um domínio completo dos elementos musicais constitutivos dessa escola musical. Contudo, aponta para uma possível dependência desse paradigma musical.

Acredito ser Pedro um músico em formação, dada sua pouca idade. Sua competência, segurança, sensibilidade, sua técnica estão bem consolidadas em Terra de Morfeu. Ele mostra domínio de uma linguagem das mais completas e complexas da nossa dita MPB. As harmonizações e os arranjos feitos pelos compositores e músicos identificados pelo selo Clube Da Esquina, são uma fonte riquíssima de estudo, aprendizagem em termos de composição, arranjo e harmonia.

Pedro mostra domínio desse ambiente musical, tanto que lhe rendeu a confiança de representantes do Clube da Esquina como Toninho Horta, Beto Guedes e Marilton Borges, para ficar apenas entre os representantes do Clube, os quais Pedro acompanhou em apresentações em 2020.

Para entendermos a moral do garoto, devemos saber que ele faz parte da equipe do SIAM, Workshop do Toninho Horta, no qual terá a responsabilidade de atuar na área de pesquisa sobre música mineira em geral. Concentrando-se na pesquisa detalhada das harmonias de Beto Guedes, focando-se na sonoridade do seu bandolim. 

Terra de Morfeu gera maior expectativa quanto ao lançamento do seu primeiro álbum solo, o qual o compositor vem trabalhando, mas ainda sem título e data para lançamento. Apenas sabemos que a intenção é lançá-lo ainda em 2021.

Coloco-me desde já entre as pessoas que esperam ansiosas o lançamento desse álbum. Impossível não querer ouvi-lo para constatar se já apontará um caminho independente de Pedro enquanto compositor, onde a música do Clube da Esquina aparecerá como um dos elementos de sua sonoridade e não como característica principal.

De qualquer forma há muito a ser vivenciado, experimentado e percorrido por Pedro nos caminhos da música. Porém, impossível não esperar muito de um artista que mal completara, se é que já completou, a segunda década de vida e já apresenta tamanho repertório enquanto compositor e instrumentista.

Resta-nos esperar pelo lançamento do próximo trabalho de Pedro e conviver com a curiosidade sobre o que encontraremos. Certo estamos de que será algo primoroso e delicioso de se ouvir. 

 

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