Pavilhão 9 largou o primeiro passo da sua volta rumo ao próximo disco de inéditas, e os caras chegaram acertando em cheio e no momento certo
Sempre que um grande grupo retoma as atividades existem dois sentimentos contraditórios em ação. O primeiro é a saudade, a nostalgia de um tempo que já passou e que a turba de fãs clama por mais, ou seja, em geral querem ouvir novas versões de velhos sucessos. O outro sentimento é mais raro, e se configura pela espera de que seus ídolos da antiga, voltem a carga atualizando seus maneirismos, seu estilo aos tempos atuais. Entre a alegria exagerada e o ceticismo critico ficamos pelo meio, privilegiando a qualidade.
O Pavilhão 9 lançou hoje o single “Tudo por Dinheiro”, e não poderiam chegar de melhor forma e no momento mais exato. Hoje a palavra dinheiro em suas inúmeras variações esta presente em pelo menos 90% das rimas de quaisquer que sejam os mc’s. São raras as exceções criticas a utilização desse nosso “pai eterno”. O rap em alguma medida se rendeu ao Deus Capital como a uma divindade pela qual “todos” clamam.
E nesse single os caras propõem uma perspectiva crítica pois, apesar da presença mundanizada dessa divindade na letra, a perspectiva são os valores. Em troca de que nossos representantes se vendem? O que eles sacrificam no altar desse deus impiedoso? A custa de que nós mantemos os privilégios deles? Enfim, a navalha de Rhossi e Doze permanece afiadíssima e chegam com a economia de recursos poéticos que o ano lírico muitas vezes despreza.
A sonoridade é a mesma de clássicos como Cadeia Nacional (1997) e Se Deus Vier Que Venha Armado (1999), sem no entanto perderem em nada hoje. Rap Rock Funkeado muito bem composto com o riff certeiro de Rafael “Bombreck” Freira nas guitarras, o groove nos slaps do baixo de Heitor Gomes, o beat orgânico e pesado de Leco Canali, enquanto o Dj MF risca desenfreadamente as pick ups.
No audiovisual do Lyric vídeo, o diretor de carteirinha da banda, Alex Miranda assume inteligentemente a direção junto com Piatã Esteves que também ilustra a obra. Direção econômica inclusive, na escolha apenas de imagens internas de estúdio e nem por isso menos impactante, com a fotografia em preto e branco, recebendo efeitos em ouro.
Ao final e ao cabo, podemos dizer que é uma volta muito bem vinda, forte e relevante musicalmente, além de necessária em sua poética. O Pavilhão 9 parece que começa a entrar na corrida pra melhor álbum do ano se o já anunciado – Antes Durante Depois (2017) vier nessa linha!
Diretor: Alex Miranda e Piatã Esteves
Ilustrador: Piatã Esteves
Atendimento: Manoela Amorim
Diretor de fotografia: Ricardo Miranda
Montador: Matheus Scatolini
Animador: Willian Santos
Coordenador de pós produção: Marcel Rodrigues
Finalizador: Isadora Cruz e Reinaldo Souza
Realização: Trator Filmes