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Pavilhão 9 Está De Volta, Conheça Um Pouco De Sua História!

Pavilhão 9, um dos grupos mais importantes da história do rap nacional lança um single amanhã, leia uma breve introdução a obra dos caras!!!

Por Paulo Brazil
Recentemente fomos tomados por uma grata surpresa, pois em sua página oficial no Facebook, o Pavilhão 9, um dos maiores grupos da história do rap nacional anunciou a sua volta. Com nova formação​, capitaneados pelos veteranos linhas de frente Rhossi e Doze, anunciou a sua volta aos estúdios. Numa parceria com a gravadora Deck Discos, que já lançou trabalhos de artistas como Pitty e Black Alien e consequentemente aos palcos também.
Inclusive com o anúncio de som inédito com nome e data de lançamento, o single é “Tudo Por Dinheiro”, título sugestivo, e o lançamento é amanhã dia 21, nas plataformas digitais. Em respeito a essa verdadeira instituição da nossa música, preparamos um breve histórico para que as novas gerações que hoje curtem o rap, se informem um pouco, do que se trata esse lançamento.

Para os que já conhecem e entendem a importância desses caras pro rap nacional, mas também pro rock, pros costumes e para a cultura brasileira em geral, é também uma boa oportunidade para relembrar. Afinal, já sabem relembrar é viver. Principalmente quando se trata de além de um ícone do rap nacional, um ícone que inovou em sua formação, o Pavilhão foi uma dos primeiros grupos a se apresentar com banda e certamente é o grupo de maior sucesso nessa linha.

Ao longo de sua trajetória, as polêmicas caminharam lado a lado com a trupe de Rho$$i, Doze e seus parceiros. Polêmicas que vão desde a questão da escolha do nome da banda, até a estética com a adoção de máscaras, capuz e figurino preto, umas das marcas registradas da banda.
O Pavilhão 9 sempre se posicionou: A banda teve início em 1990, dois anos depois já soltava na rua o ousado e desafiador disco Primeiro Ato. Desse álbum saiu o clássico “Otários Fardados”, uma crítica crua e direta ao modus operandi da Polícia Militar do estado de São Paulo, mais precisamente, a ROTA. Essa música é a responsável por ter redefinido a questão estética da banda, pois foi depois dela que por retaliações sofridas pela banda, os seus integrantes passaram a se apresentar com seus rostos cobertos. Ainda pra termos a noção do que representou essa música pra um disco de uma banda estreante, o P9, como também é conhecido, figurou durante muito tempo, ao lado do jornalista Caco Barcellos (autor do polêmico e revelador Rota 66: A História da Polícia que Mata/1992) como persona non grata da polícia militar de São Paulo.
Apesar do efeito bombástico de Primeiro Ato (199o), nenhuma das gravadoras tidas como grandes, queria se indispor com a grande mídia que controlava (e ainda controla o mercado fonográfico) e lançar um segundo disco do Pavilhão 9. Aí surgiu a Paradoxx Music do empresário Nilton Ribeiro que com tino resolveu apostar na banda. O casamento com a Paradoxx Music durou 4 anos e rendeu à banda e à gravadora três dos principais álbuns do grupo que se tornaram clássicos do rap nacional. Ponto pra gravadora que até então não trabalhava com grupos de rap, muitos menos no seu formato com banda.
Dessa safra temos: Procurados Vivos Ou Mortos (1992), de onde saíram os clássicos Apaga o Baseado, que inclusive ganhou um clipe muito visto pelos manos do Brasil inteiro e que disputou melhor clipe do ano no VMB. Vietnã e Chacina (essa num feat. pioneiro com João Gordo do Ratos de Porão). Contando com Piveti e Branco nessa primeira formação, a banda ainda tinha um som mais afeito ao formato tradicional com Dj e mc’s.

Cadeia Nacional (1997), foi o disco que catapultou o já muito famoso nacionalmente com o público do rap, P9, aos ouvidos da galera do rock. O disco inaugura a fase rap com banda, mesclando o peso do rock às já pesadíssimas criticas sociais que já eram sua marca característica.
O disco possui verdadeiros hits do rap/rock nacional, numa década onde as fronteiras entre estilos estavam meio borradas, a juventude antenada da época, recebia muito bem as participações do Sepultura na poderosa Mandando Bronca. Ou o feat do então Planet Hemp Marcelo D2 em Cada Um Cada Dois. O disco ainda fincou Opalão Preto como hit e trazia uma ótima releitura de Otários Fardados, lançada originalmente no primeiro álbum.
Mandando Bronca, o clipe, é além de um grande êxito artístico para o grupo, um marco da época. No vídeo com direção de Alex Miranda, além dos irmãos Igor e Max Cavalera podemos ver Pupilo e Gilmar Bola 8 da Nação Zumbi. Um excelente registro do momento musical que vivíamos nos anos 90.

Se Deus Vier, Que Venha Armado (1999), talvez seja o mais polêmico álbum do Pavilhão 9, nem tanto pela questão de suas letras ou sonoridade, que já eram a essa altura conhecidas e muito bem aceitas. O álbum tem uma produção mais clean que o seu anterior, o som um pouco mais limpo, mas o que escandalizou alguns setores foi o título e o conceito de sua capa. Até hoje o seu título é utilizado como sinônimo de diagnostico cruel sobre os dias atuais. Além do boicote (censura!?) sofrida pela banda após o lançamento do disco, com shows cancelados em diversas cidades, a banda recebeu duras críticas por lideranças da igreja católica e de políticos da direita. O que passados tantos anos só mostra a pertinência da visão estética presente na produção visual do disco. Em tempos onde questionamos a crueldade com que são tratadas as minorias, só fortalecem e muito o espírito visionário desses mestres.
As canções de maior destaque desse trampo são: Terra de Ninguém, Execução Sumária e Vai Explodir (feat. Black Alien), que ganhou mais um clipe caprichadissimo. Mais um que só vem mostrar que o Pavilhão 9 sempre primou pela produção não apenas da sua música, como pelo pacote inteiro.

Todas essas questões citadas, gerou um desgaste grande entre a banda e a cúpula da gravadora, o que acarretou no término de uma promissora parceria de quatro anos. Seria o fim do Pavilhão 9 ?

Não mesmo, antes de completar dois anos em stand by, os mascarados voltam a cena com uma Reação (2000). Com um novo gás e com suporte de um selo maior (Warner/WEA). O álbum vem respaldado por uma produção poderosa e participações de peso, como Falcão d’O Rappa em uma releitura de “Get Up, Stand Up” e o rapper Xis, ex-DMN em “Poderoso Chefão”.
Em 2005, já sem o mesmo gás dos anos anteriores, fazendo poucas apresentações e com a constante alternância de integrantes em sua formação, a banda lançou o disco Público Alvo (2006), ainda que considerado um bom disco, não possuía a força dos álbuns anteriores. Apresentações ao lado de bandas nacionais como O Rappa, Nação Zumbi, Planet Hemp, Sepultura, Paralamas do Sucesso e gringas como Deftones, Korn, Slipknot, Molotov só serviram pra atestar o que todos os fãs já sabiam, o Pavilhão 9, ainda que correndo por fora do mainstream, estava e permanece entre as maiores bandas de rap do país.
Agora é aguardar até amanhã pra começar a degustar essa nova fase/retomada desses monstros sagrados do rap e da música pesada brasileira. Enquanto amanhã não vem, veja esse showzinho dos caras lá em 2001 no Rock In Rio!

https://www.youtube.com/watch?v=EsOyjj6VXBs&t=150s

 

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