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OQuadro feat Emicida (part. Dj Gug) é “Muita Onda” e é só o começo!

OQuadro feat Emicida com a participação luxuosa de Dj Gug é o primeiro trabalho da banda baiana começando os preparativos para o novo disco!

 

OQuadro lançou nessa última noite de terça feira 19/09, a música “Muita Onda” em parceria com o rapper paulista Emicida e contando com a participação do Dj Gug. Fruto do projeto Conexões Sonoras que reuniu a banda e o rapper no último mês de maio aqui na cidade de Salvador. Além do show que o bonde fez, em apresentações individuais, produziram esse som inédito colaborando coletivamente. 

Esse encontro criativo foi registrado e transformado em clipe pelo excelente Felippe Thomaz fechando assim a conta que abre os trabalhos do grupo baiano na trajetória do seu novo disco. Sim, se você ainda não sabia, OQuadro preparou um discaço a ser lançado nos próximos meses e “Muita Onda” estará contida como faixa-bônus.

Sendo assim, já podemos considera-la como o primeiro single do disco ainda sem nome divulgado e o que vemos no belo registro do Thomaz, são os diversos elementos que estarão no disco. Além da banda estão registrados ali Rafa Dias que produziu a música junto a Ricô Bass e banda, e Raoni Knalha(Àttooxxá) nomes que tem revolucionado o pagodão baiano e que são peças fundamentais do novo disco.  

A canção é um excelente exemplo do que se pode esperar do segundo álbum desta que é atualmente a melhor e mais inovadora banda do rap nacional. O poder do orgânico lapidado desde o lançamento do seu debut OQuadro(2012) encontra agora as tecladeiras (Ricô e Tadeu Mascarenhas) e programações trazidas por Raffa Dias. Aqui, entre o riff pesado do Rodrigo DaLua e a bateria marcando o “beat” com Vic Santana, o baixão do Ricô Bass, temos também a participação elegante do mestre Dj Gug, riscando sem piedade. Toda essa galera criando uma cama sonora entre o peso groovado do orgânico e o eletrônico bem dosado, pendendo mais pro peso, por onde desfilam três grandes da rima brasileira.

Na lírica, a conversa é de adultos, ao invés da xaropagem ególatra, game, gozolândia  e outros tatibitatis que o rap como industria assimilou, encontramos o bom e velho: papo reto. Pois o rap como expressão de uma forma de pensamento critico, não permite que a infância seja assimilada apenas como criancice. 

O mano Freeza abre suas linhas com uma linha que já entrega o “jogo”: “Concepções, visões, privilégios, Código de barras em cérebros. Versos que aniquilam insetos. Concluído indo ao inverso: O inimigo íntimo em meu verso””, e segue reafirmando uma lírica que violenta o pensamento, sem pacifismo ou trégua ao que contradiz a cultura hip hop. 

O refrão que ficou a cargo de Jef, e sintetiza os elementos tratados e utiliza uma expressão que pode ser aplicada para os mais diferentes casos, “Muita Onda”, serve tanto para as coisas ruins como para as boas. O que dialoga e faz a ponte com Emicida e seu diagnóstico: “Eu grifo nesse código binário, já viu Grifo em zoológico não, é lógico, otário. Sei nem se é possível no imaginário de algoritmo nazista que bota preto em óbito diário”. Descortinando o que nos parece ser o fio condutor do discurso presente na canção criada coletivamente.

Uma potente critica ao momento onde o mar revolto das informações supera o conhecimento em todas as esferas da vida humana. Sendo a internet o lugar onde se pode produzir conhecimento, seja para enfrentarmos os problemas políticos e sociais que nos afligem, ou mais detidamente para o melhor conhecimento e consequentemente melhor atuação dentro da cultura hip hop. Aliás, no melhor dos mundos possíveis, um procedimento deveria estar plenamente ligado ao outro.

Mas não é isso que temos visto, num público cada vez mais jovem e formado pelas sugestões dos streamings e atuando através da invisibilidade poderosa dos nicks. E que no rap, separa-o de sua base cultural que precisa do conhecimento como fibra ótica que liga as expressões artísticas à produção de conhecimento. Ao ponto dos boys que hoje são parte da fauna do rap, destorcem a cultura do Dj, elemento fundador da cultura. 

Enfim, temos já uma primeira amostra de um disco que promete chegar com algumas inserções e novidades maturadas por esse coletivo talentosíssimo nos últimos cinco anos. Não é pouco tempo, não são músicos e mc’s de pouca envergadura e não são produtores acomodados. Logo, se eu fosse você me segurava e me preparava por que o que vem aí é “Muita Onda”, para além do bem e do mal.

Instrumental por:

Ricô Bass (Baixo e Synth), Vic Santana (Bateria), Jahgga (Percussão), Rodrigo Dalua (Guitarra), Tadeu Mascarenhas (Synth e Teclados), Rafa Dias (Programações), Vinicius Mangaio (Sampler) e DJ Gug (Scratch).

 

 

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