Oganpazan
Entrevistas

Oganpazan entrevista Marcela Bellas

Oganpazan entrevista Marcela Bellas
Oganpazan entrevista Marcela Bellas – Foto: Nila Carneiro

Conversamos com a cantora e compositora baiana Marcela Bellas a respeito do seu disco de música infantil que leva o divertido nome de Playgrude. Marcela falou sobre parcerias, maternidade, o futuro desse projeto, sobre como está sendo trabalhar com o universo infantil e outros assuntos. Solte a criança que existe dentro de você e se deixe grudar pelo Playgrude.   

Oganpazan: O que despertou o seu interesse em fazer música infantil? 

Marcela Bellas:  Eu sempre gostei de música infantil. Mesmo antes de ter filho, eu já ouvia muita música infantil. Tinha toda coleção de canções de ninar, brincar, Saltimbancos, Balão Mágico, quando eu era criança também Xuxa, enfim… Eu sempre gostei de música, desde criança. Então eu tinha já essas músicas dentro de mim e o meu trabalho (adulto digamos assim) sempre atingiu o público infantil. Então é um público que eu sempre tive e eu já tinha o desejo de fazer alguma coisa voltada para ele. Mas a vida segue e nem sempre você tem tempo de fazer o que quer.

Quando eu fiquei grávida da minha filha isso se tornou meio inevitável, porque você fica meio monotemática, só quer falar da mesma coisa de filho, de filho, de filho, né? Então meu parceiro Helson Hart (parceiro desde que eu tinha dezesseis anos, meu maior parceiro, eu tenho outros, mas é com quem eu faço quase tudo) também tinha acabado de ter uma neta e tava pirado com ela. E ai começamos a pensar em coisas que a gente queria dizer para as nossas crianças.

Playgrude nasceu assim. Durante a minha gravidez eu tive mais tempo também para compor. Ai fizemos nove canções, cada uma com um teminha: tem Recicle, tem Futuro, tem Lados que fala de visões diferentes, tem Menino e Menina, enfim…

Ogpz: Todas as músicas são de sua autoria?

M. Bellas: Todas. Todas minhas e de Helson Hart.

Ogpz: O Playgrude  trás uma sonoridade característica dos seus álbuns anteriores. Você foge do lugar comum de álbuns voltados para esse público. Você se preocupou em fazer algo que fosse além do mero entretenimento infantil?

M. Bellas: Playgrude na verdade é algo que eu considero musicalmente o ápice até hoje do que eu já fiz. Ele é um disco que quando você fala: “Ah é infantil” ás vezes parece que tem uma… [pausa] eu acho que ao mesmo tempo que ele não teve pretensão de ser nada, ele acabou sendo tudo. Quando eu ouço o Playgrude, quando eu ouvi as músicas, quando a gente terminou de fazer as canções, eu vi que tínhamos um material maravilhoso e, como compositores (tanto eu quanto Helson) nós nos orgulhamos muito, a gente acha que atingiu um nível de composição, de musicalidade, de poesia, que é muito satisfatório. Então o Playgrude é uma coisa que a gente tem muito orgulho de ter feito.

E aí entrou uma outra coisa, porque eu sempre produzi os meus discos, junto com o Tadeu [Mascarenhas], junto com o Rovilson [Pascoal] que é de São Paulo e Daniel Cohen que também é paulista. Isso é uma coisa que eu gosto de fazer, eu gosto de estar no estúdio, de produzir os discos, é um outro lado meu que eu adoro, e eu sempre tive vontade de fazer com outros artistas, que não fosse eu mesma.

Desse desejo eu fiquei pensando: “poxa, eu fiz nove composições infantis e todas têm linguagens que são próprias”, daí nasceu a vontade de convidar artistas da cena baiana que eu admiro o trabalho e que eu acho que tem essa energia, que tem essa criança dentro de si, que preserva essa criança interior. Então eu escolhi com esse critério. Pessoas que pra mim tinham uma energia de criança e tinham a ver com o personagem da música. Aí tem Dão, tem Nana, tem Lívia Mattos, tem Bailinho de Quinta, tem Tais Nader

Ogpz: E como foi a experiência de gravar músicas infantis com esses convidados? 

M. Bellas: A experiência foi maravilhosa, porque isso de poder trabalhar com pessoas que você admira, dentro de um universo maravilhoso que é o infantil e ter o resultado que se espera, porque eu acho que todo mundo ali acrescentou muito e no final deu uma coisa até melhor do que o que a gente esperava, sabe. Então foi muito legal mesmo.

Ogpz: Eles participam dos shows?

M. Bellas: Bom, a princípio o Playgrude era um disco produzido por mim e por Helson Hart, que trouxe toda essa galera pra dentro do disco. Depois nós fizemos o lançamento oficial do disco no Pelourinho e no TCA. Primeiro foi no TCA e depois mais dois lançamentos no Pelourinho com todo mundo que fez o disco. E agora o Playgrude vai continuar, pois é um projeto maravilhoso que a gente adora e que a gente acha que não pode ficar só no disco. É um projeto que teve um resultado muito impressionante, não esperávamos esse resultado, então devido a isso, e à coisa das crianças, do quanto elas gostaram de tudo, da carência desse mercado (por que existe uma carência de coisas voltadas para o público infantil), a gente decidiu que ele tinha que continuar, mas é impossível continuar como é no disco. São muitos artistas, cada um com suas carreiras e o show não se sustentaria nunca, porque a gente sabe a dificuldade que é o mercado da música hoje.

E com esse show de lançamento o que a gente percebeu, além dessa demanda, é que existiu ali um foco nas canções mesmo, eu e Helson Hart como compositores, e Tais Nader que é uma das artistas do disco que demonstrou ter uma afinidade infantil impressionante. Ela tem um negócio mesmo sabe, de parar a criança, de ter uma didática infantil que eu não tenho e que eu não vi em nenhum outro artista com quem a gente trabalhou. Por esse motivo ela acabou naturalmente sendo o Playgrude também. Então o Playgrude sou eu, Helson Hat e Tais Nader; formamos um trio que faz essa festa, que leva esse prazer para diante.

Ogpz: Em 2010 você lançou o álbum Undergrude, título muito parecido com Playgrude. Existem outras semelhanças além do nome?

M. Bellas: Tem. É o Helson Hart a semelhança. Eu tenho os meus discos como cantora e tenho os discos com outros compositores, tem o Cohen que é um compositor parceiro meu – com quem eu fiz o Cohen & Marcela – e tem o Helson (que é o meu maior parceiro, como eu te falei). Nós temos tanta música juntos que eu não saberia te dizer quantas, eu nunca parei pra contar. Mas a gente tem uma demanda musical grande e que às vezes não dá pra gravar num só disco. Por isso o Undergrude surgiu como um disco de compositores, a nossa intenção era essa, ter as músicas registradas para que outros cantores pudessem cantar.

Então nós fizemos o Undergrude, já que ele tinha essa linha de músicas pop – porque a minha música está sempre associada com o pop como estilo, ao rock, ao reggae, a tudo que envolve esse universo do pop. No caso do Undergrude a gente tinha um convidado especial que era o Jorge Papapá, que é um cara que tem na poesia dele uma coisa também meio ácida, meio irônica, por isso chamamos de Undergrude. A intenção era fazer uma trilogia de projetos (eu e Helson) dessas músicas que a gente fosse fazendo. O Playgrude é o segundo.

Ogpz: Então podemos esperar por um terceiro disco?

M. Bellas: O terceiro sabe Deus o que vai ser, não é a hora dele ainda. Mas é que o nome Playgrude é perfeito, tem a ver com playground, com aperte o play e grude, eu acho que o disco tem exatamente isso, uma vez que você aperta o play… gruda [risos]. Os meninos têm me mostrado isso, que o nome é perfeito porque as crianças cantam… a gente tá fazendo agora um momento karaokê nos shows, que chamamos as crianças, elas escolhem a música, soltamos a base e eles cantam. Então é uma grande festa, é uma lugar onde eles podem cantar, dançar, brincar, gritar, pular, entendeu?

A intenção é que seja uma festa pra toda família. Ali também está o nosso universo, não só o da criança, porque a gente ouvia aquelas músicas quando éramos crianças. Assim os pais acabam gostando também e o objetivo é que seja isso mesmo, que seja uma festa pra você ir com seu filho, com o seu afilhado, com seu sobrinho, com quem quer que seja e brincar junto. A intenção é se divertir e falar de coisas boas.

Ogpz: O Playgrude esteve na Varanda do Sesi Rio Vermelho durante os sábados de abril. Dia 25, próximo sábado, será o último dessa primeira temporada…

M. Bellas: Eu acredito que não. Eu tô achando que não é o último. Acho que vai ficar. Mas não posso te falar as datas, porque eles estão para confirmar todas as datas, então eu também tenho que confirmar. Mas vai continuar!

Playgrude by marcela bellas

Matérias Relacionadas

Vanessa Borges Dandara (single 2017) – Entrevista!

Danilo
7 anos ago

Josué dos Santos Quinteto: Nas trilhas de J.T. Meirelles (Resenha e Entrevista)

Guilherme Espir
5 anos ago

Uma entrevista com o rapper baiano Victor Haggar

Danilo
9 anos ago
Sair da versão mobile