Conversamos com a Derrota, banda paulista, que recentemente lançou seu primeiro álbum, Parece Insuportável.
Carlim Oganpazan: Gostaria de começar pra que você fale sobre o surgimento da banda. O que motivou vocês a montarem o Derrota e que tipo de banda vocês intencionavam ter?
Leonardo (Derrota): Valeu Carlim, antes de qualquer coisa, obrigado pelo espaço e pela divulgação do nosso trabalho, então, em 2011 eu saí do Magüerbes, banda que fundei aos 13 anos junto com o Haroldo (até hoje vocalista da banda) e na qual permaneci durante 17 anos, na época eu estava a fim de dar um tempo de banda e tal, minha filha era bem pequena ainda e eu não estava conseguindo acompanhar o ritmo de viagens da banda; mas depois de algum tempo passei a sentir falta da rotina de banda, ensaios, shows, compor, estúdio, criação, essas coisas… E foi muito natural começar a compor sozinho em casa, só com guitarra, e como eu não sei cantar e tocar as músicas naturalmente foram ganhando forma instrumental; fui mostrando esse material para a Nathalia que me incentivou a montar uma banda com esse material, passamos a compor juntos… desde o princípio a ideia era que a banda fosse instrumental, com 3 guitarras, pra explorarmos bastante as melodias e arranjos.
Com o tempo a formação da banda mudou algumas vezes, mas no momento em que encontramos o Jesse como guitarrista também tudo passou a fluir incrivelmente bem.
Carlim Oganpazan: Bom, qual a formação da banda hoje?
Nathalia (Derrota): Nossa formação segue com Marcel na bateria, que também é baterista da banda Muzzarelas, Eduardo c.baixo, que também toca no Retalho, Jesse na guitarra que também é do Retalho, Leonardo guitarra e Nathalia guitarra, em alguns shows revezamos o sintetizador também em alguns sons.
Carlim Oganpazan: O nome da banda me chamou bastante atenção, Derrota. Por quê a escolha desse nome?
Leonardo (Derrota): Cara, esse nome tem dois significados, o de ‘derrota’ mesmo, derrotado, porque era mais ou menos assim que eu estava me sentindo naquele momento em comecei a compor as primeiras músicas da banda e um outro significado mais filosófico que descobri nessa mesma época também; no dicionário náutico ‘derrota’ significa o caminho percorrido numa viagem por mar do ponto de partida ao ponto de chegada, relatório de viagem, espaço que percorre… e trazendo isso para nossas vidas é como se todo o caminho que percorremos em nossas vidas nos trouxesse à esse ponto, à essa ‘derrota’.
Carlim Oganpazan: Como vocês classificam o tipo de som feito pela Derrota?
Nathalia (Derrota): Eu nunca sei definir, é ora melancólico, ora explosivo… Talvez quem ouça saiba classificar melhor. Hahaha
Marcel (Derrota): Quando me passaram as músicas pela primeira vez. Fiz umas bateras quebradeiras meio fusion. E os caras disseram que era um lance mais tranquilo e tal. Tive de refazer tudo. Rs. Quando entendi esse conceito q a Nat disse. Foi bem mais fácil.
Carlim Oganpazan: Quais as principais influencias da banda e como elas refletem na sonoridade de vocês?
Nathalia (Derrota): Acho que como toda banda todos temos influências diferentes, tem uma coisa ou outra em comum, mas todos ouvem coisas diferentes, o Eduardo é mais garimpador de som sessentista, psicodélico, o Jesse curte umas paradas experimentais, o Marcel é só Bad Religion (brincadeira), o Léo gosta de metal e de Engenheiros do Hawaii, eu gosto de Lady Gaga e Faith No More.
Eduardo (Derrota): Setentista também, haha
Leonardo (Derrota): hehehehe verdade, as influências musicais são bem variadas, mas hoje em dia; diferente de quando éramos mais jovens, onde a influência musical era essencial, pra soar parecido com tal banda que gostávamos; hoje acho que o que mais nos influencia a compor são os acontecimentos do dia a dia, alguns momentos de reflexão, tristezas, alegrias… acho que nosso som reflete bem isso.
Carlim Oganpazan: Vocês estão prestes a lançar o primeiro álbum. Antes lançaram um Ep, alguns singles, o que muda em termos de sonoridade dessa primeira fase pra essa outra que começa com o lançamento do primeiro álbum da banda?
Leonardo (Derrota): Então, olha que coisa… o compacto, apesar de ter sido lançado primeiro, foi gravado depois desse álbum; nós gravamos o disco e demoramos bastante com a mixagem, ajustes, masterização, escolha da capa.. e nesse meio tempo lançamos o compacto, que tem duas músicas mais novas, do que essas que estão no disco.
O que eu acho que muda em termos de sonoridade de um para o outro é que o disco é mais sujo, tem mais distorção e mais completo em relação ao que nossa música tem, melodias, melancolia, ruídos, experimentos…
Eduardo (Derrota): As músicas do EP e do álbum estão em contextos parecidos, apesar dos sons do EP terem mais teclados e synths. As músicas do álbum também são mais longas e consequentemente com mais viagens
Carlim Oganpazan: Existe um conceito por trás do álbum? Se sim qual seria?
Leonardo (Derrota): Leonardo (Derrota): Acho que não existe um conceito pensado para o disco, mas sim o que aconteceu naturalmente, tanto na criação das músicas, chegar à sonoridade que queríamos, quanto na ideia de capa e tal; que reflete bem o atual momento que vivemos onde existe essa hipocrisia moralista conservadora, os ataques aos refugiados, às minorias, enfim a tudo que é progressista, subversivo e insurgente.
Carlim Oganpazan: Como foi o processo de composição das músicas que compõem o álbum?
Leonardo (Derrota): Alguém sempre traz uma ideia de riff ou melodia e apresenta para os outros da banda, que vão criando em cima dessa ideia principal… No caso desse disco, eu trouxe quase todas as ideias iniciais e mostrei primeiro para o Jesse ou para a Nathalia, que já criavam uma linha mais melódica, depois apresentávamos para o Eduardo e para o Marcel (baixo e bateria respectivamente), para finalizarmos a juntos.
Ouça abaixo Parece Insuportável, o álbum de estréia da Derrota.