Oganpazan
Entrevistas

Oganpazan entrevista Consciência Roots e Tarde de Abril

roots (2)Consciência Roots

Oganpazan: Então, o Quarta Good Vibe estreou e qual é a expectativa de vocês, qual foi a impressão que vocês tiveram?

Kaé: Cara, a nossa impressão foi excelente! Por ser assim um dia de quarta e ter um galera massa para qual a gente quer divulgar nosso som, estar na rua, estar divulgando nosso trabalho. É esse o aspecto principal do projeto, deixar as bandas em movimento, fazer a música rolar. Esse é o caminho, a nossa impressão foi muito boa.

Ogpz: A banda Consciência Roots tem quanto tempo de estrada?

Lio: A Consciência Roots aconteceu em Catu em 2007 que foi quando eu conheci Kaé, a banda estava se formando. Ele me convenceu a entrar na banda muito pelo talento dele, pela capacidade dele de fazer uma boa letra, uma letra carregada de poesia. E ele me convidou pra fazer uma gravação e fui gravar sem pretensão, sem nenhuma vontade de continuar, não queria mais me envolver com música, mas ele me fez voltar pra música com as canções lindas que ele faz. Quando eu vi o poder das letras que ele escreve, eu pensei, porra, vale a pena voltar pra música. E acabou que de lá pra cá só ficou eu e ele, e agora estamos com outros músicos que estrearam muito bem, que chegaram chegando e continuamos na batalha, depois de oito anos de estrada.

Ogpz: Com relação ao reggae roots, que é a proposta de vocês, não parece que vocês sejam muito conhecidos, apesar do excelente trabalho que vocês apresentaram hoje. Quais são os caminhos que vocês buscam a partir deste projeto para buscar maior divulgação pro som de vocês?

Lio: Olha, além da Quarta Good Vibe, nós estamos com outro projeto que será na Av. Contorno, que é o por do sol mais lindo de Salvador e será regado a reggae e rock’roll de forma única. Essa casa oferece uma estrutura excelente e com essa programação que vamos oferecer será um evento único em Salvador. Nós vamos divulgar logo logo, assim que a casa terminar de resolver os últimos acertos, pois ela esta mudando de direção. Mas podemos adiantar de antemão que será o melhor pôr do sol de Salvador com o rock da Tarde De Abril e o reggae da Consciência Roots.

Ogpz: Com relação a lançamentos autorais da banda, vimos hoje diversas músicas autorais muito boas, quando podemos esperar uma nova produção, disco, vídeo clipe, o que o público pode esperar? 

Lio: Na verdade, nós temos dois discos gravados. Neste segundo disco, apesar de ser um EP, nós tivemos um cuidado muito grande e quisemos tratá-lo para ter uma qualidade de disco oficial. Então trouxemos o Richard Meyer (que é o mixador do disco do Mato Seco). uma figura que o Groundation veio para gravar com ele. E trazer esse cara foi muito duro, nós passamos um ano esperando a disponibilidade do tempo que ele tivesse, porque foi praticamente um trabalho de parceria, apesar de termos pago. Não foi o valor que ele merecia pela qualidade que ele imprimiu no trabalho. Mas conseguimos fazer uma coisa de coração com muita qualidade para a galera que curte a reggae music de qualidade. É só entrar na página da Consciência Roots que lá, tem soundcloud, palco mp3 e vários outros para a galera que curte, para que vocês ouçam, baixem e conheçam o nosso trabalho.

Ogpz: Kaé meu caro, qual é sua maior inspiração para o canto do reggae music? O que você ouve hoje em dia e quais as coisas que você mais gosta para trazer pra sua música?

Kaé: Eu tenho muita influência do hip-hop, porque eu tinha uma banda de rap em Catu que era a RDC. Tenho várias influências, né? Do reggae em si muita influência do mestre Bob Marley. Mas comecei a cantar Edson Gomes, porque tem o lance do tom alto que eu tenho muita facilidade. E isso vem me ajudando muito, porque quando a gente faz o som da banda hoje nós respeitamos muito as influências de cada um para que o som flua legal, sem limitações, porque gosto do rock também. Enfim, liberdade para cantarmos o que a gente gosta.

Ogpz: O que vi hoje aqui me deixou muito contente. Nós temos na Bahia, tanto na velha quanto na nova geração, diversas bandas e artistas que são clássicos incontestáveis da nossa música. O que vocês acham que falta para o Consciência Roots, para que ela possa alcançar o rádio, as mídias, e possa ser mais conhecida das pessoas que curtem esse estilo?

Lio: Não falta nada, o que falta são as pessoas procurarem coisas de qualidade, abrirem os ouvidos e os olhos para os sons de qualidade que são feitos na nossa terra. A massificação às vezes domina a maior parte das pessoas que se entregam para as piores coisas que são produzidas. Mas essas merdas conseguem ser veiculadas em todos os lugares da nossa cidade. Neste contexto, nós acreditamos estar nadando contra a maré e produzindo alguma coisa que possui qualidade, boa mensagem e qualidade dos músicos. Buscamos trazer uma música completa: espiritual, social, musical e politicamente completa que é a reggae music, que é a música do futuro. O reggae resiste porque está do lado da verdade. E por mais que estejamos nos desviando das coisas ruins, o que sobrevive sempre é o que tem qualidade e nós estamos do lado da verdade. Não apoiados pela mídia ou pelas influências politicas e religiosas que não estão do lado da verdade. Grandes porcarias sempre fazem sucesso.

Aquele (seja do público, seja da critica musical) que buscar ouvir nossa música, vai entender, vai saber da colé e nós vamos chegar onde queremos. Muitos ainda vão ouvir falar da nossa banda.

 

Oganpazan entrevista Consciência Roots e Tarde de Abril

Tarde de Abril

Oganpazan: Hoje começou a Quarta Good Vibe, as bandas são irmãs, tem muitos músicos que trabalham nas duas, Reggae e Rock, como você vê essa mistura dos aspectos técnicos? 

Márcio Torres: A principio eles são músicos profissionais, são músicos muito bons. Lio Vasconcelos (bateria) e Fábio (guitarra) são muito bons, sabem tocar e tocam com muita facilidade os dois estilos, e o que faz o casamento perfeito entre os dois estilos (Consciência Roots & Tarde de Abril) é o lance de nós fazermos música. Não estamos aprisionados em padrões e nem em conceitos, fazemos música com qualidade, autoral, original, a gente acredita no som que estamos fazendo, na vibração positiva das nossas letras que falam de amor, de luz, de coisas boas que o mundo precisa para evoluir espiritualmente. Por isso não vemos problemas nesse momento para dividirmos músicos, porque sabemos que eles vestem a camisa dos dois trabalhos. E a diversidade de influência das duas bandas ajuda a mantermos os mesmos músicos, pois as influências se cruzam.

Ogpz: A Tarde de Abril apresenta qual vertente do rock? E se pensarmos no clichê de que Salvador é a terra do axé e do pagode, que tipo de novidade a banda apresenta para chamar o público para vir conhecer esse evento?

Márcio: Na verdade, desta forma que você esta colocando as coisas eu não sei te responder. Porque eu penso que o músico deve construir a música para si em primeiro lugar, então neste contexto eu faço música pra mim, as músicas devem me agradar e aos músicos da banda Tarde de Abril em primeiro lugar. E desse jeito acredito que só vamos atingir um público e fazer o público feliz com nossas músicas se primeiro estivermos felizes com nossas músicas.

Eu não tenho habilidade de compor músicas por encomenda ou dentro de um padrão estético. Eu faço música com naturalidade, o que sai de mim enquanto expressão artística é o que eu sou como ser humano, como músico, artista. Então tem uma originalidade aí, agora se isso se encaixa no cenário soteropolitano ou brasileiro, aí é que está o grande desafio. Fazemos música e se o público gostar nós vamos dar certo como banda, se não gostar, não vamos dar certo comercialmente como banda. Como tudo na vida, devemos estar preparados para os sucessos e os insucessos, pois nada na vida é só felicidade, às vezes tomamos umas porradas também para entendermos que não é nosso caminho. Então acredito no que fazemos e que existe um público capaz de entender a Tarde de Abril.

Ogpz: A banda Tarde de Abril pelo que vimos nesta primeira edição da Quarta Good Vibe, faz uma mescla entre pop, hard e rock progressivo, existe uma identidade musical da banda?

Márcio: Nós ainda estamos em construção e as músicas nascem no dia em que componho. Os músicos não se cobram nas contribuições no sentido de nos colocarmos restrições de estilos. A autenticidade e originalidade de cada músico e o meu estilo de desenvolver as músicas são marcas deste momento, onde nós vamos nos descobrindo a cada ensaio, a cada semana, e já estou muito feliz de ter chegado até aqui. Ainda tem muita estrada pela frente, muita coisa, mas muita mesmo para aprender, para desenvolver. A certeza é que isso não está nascendo copiado de ninguém e leva tempo porque a gente vai se descobrindo. Não tem um formato pré-definido, a gente não sabe aonde vai chegar com isso. E por isso acredito no que fazemos, pelo processo, que é nossa proposta original.

Ogpz: Seu som é rock’n roll, mas de que tipo, quais são as características que lhe definem?

Márcio: Quantos tipos de rock’n roll existem na história? Eu acho que a gente consegue fazer alguns destes tipos de rock na nossa música, dentro da nossa banda. E essa é a característica maior da Tarde de Abril, a pluralidade. Brincamos com a MPB, progressivo, hard rock, heavy metal, com um vocalista que é um cara rouco e que está aprendendo a distorcer voz, tá criando seu estilo ainda, eu não tô pronto. Eu não sou um cara de ficar estereotipando as coisas, porque acho que eles limitam as coisas, limitam o processo criativo, a arte não pode se limitar a isso. Buscamos a liberdade, amanhã saberemos o que é a Tarde de Abril, o estilo que nós queremos, porque isso está em construção. Da mesma forma que eu mesmo estou ainda em construção. Quando esse som estiver pronto aí sim acho que vai ser foda, vai ser capaz de chocar o Brasil e o mundo. Eu acredito muito nisso.

Ogpz: O que é o sucesso Márcio? Como você entende o sucesso, o que a banda Tarde de Abril busca nesse sentido?

Márcio: Rapaz olhe, nós queremos construir um público primeiro, né? Queremos acima de tudo que as pessoas estejam felizes no nosso show e nós queremos estar felizes com elas. Transmitir amor, construção, altruísmo, que são coisas que pregamos em nossas letras. Queremos que as pessoas saiam melhores do que quando entraram nos nossos shows e nós também sairmos melhores. Não pensamos nesse começo em coisas financeiras tipo: quanto entrou, quanto deixou de entrar. Isso é importante, seria estupidez dizer que não é. Mas acho que o tempo vai mostrar o que vamos ser e o que vamos alcançar.

O sucesso tem dois lados nessa moeda, eu tenho muito cuidado com o que eles apresentam. Eu quero sim ter sucesso com minha banda, a música já é um sonho e isso já é um sucesso. Chegar a ganhar algum trocado e poder pagar suas contas com a música mais ainda. Para quem trabalha a trinta anos no ramo, poder viver de música é um ato de sucesso, ser respeitado pelo que você faz e poder ganhar dinheiro com isso é um sucesso. Neste primeiro momento eu penso que devamos construir um público que respeite nossa música e que saia satisfeito dos nossos shows, e aos poucos ir galgando os degraus até sermos capazes de viver de música. Com as pessoas saindo dos nossos shows com olhos brilhando e felizes, a consequência disso é conquistarmos uma certa independência financeira.

Ogpz: Valeu Marcio, obrigado pela entrevista e se você não tiver dito algo que queira dizer fique a vontade.

Márcio: Eu quero agradecer sua presença no show. Fiquei muito feliz em saber que fomos assistidos por uma mídia tão talentosa e criteriosa. Conheço você Danilo há muitos anos e sei da sua capacidade e formação intelectual. E desejar sucesso a esse site que é o Oganpazan, porque eu realmente acredito muito nesse no seu trabalho, eu acho que é o tipo de site que tem tudo a ver com os trabalhos da Tarde de Abril e da Consciência, nós fazemos trabalhos semelhantes e similares, em ramos diferentes e nos somamos e vamos colher os frutos. Quem não conhece acesse.

                                                                                                      ***

Dia 03 de junho tem a segunda edição do Quarta Good Vibe na casa de shows B-23 Lounge Music Bar no Itaigara. Nos vemos lá!

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