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O peso do Jazz-Funk do Marbin e a excelência de Agressive Hippies

A música instrumental. O som que não possui palavras pode nos revelar o indecifrável. E nessa faceta que prefere as notas sem ecos verbais, creio que o resultado final seja uma das formas artísticas mais sinceras.
Uma mensagem pura de algo que fica no íntimo dos compositores envolvidos no processo. São linhas em conjunto que promovem uma reflexão diferente. Por vezes apreciamos certas jams dessa natureza, mas o fazemos de uma maneira diferente, é um clima que muda take após take.
Temos certeza do que sentimos, mas a música instrumental possui essa karma, justamente por sempre deixar alguma icógnita. Cada ouvido interpreta o resultado de uma maneira, não existe certo ou errado, existe apenas o sentimento e o indecifrável, algo que sempre não nos convém, um estilhaço é íntimo só do compositor.

É uma dúvida cruel que joga ainda mais condimentos na salada. Uma receita que apenas apimenta ainda mais o nosso Brain Salad Surgery diário. Por isso, meu rapaz, se o senhor almeja mudar os condimentos de sua sala instrumental, não o faça antes de escutar o sexto registro do Marbin, talvez o melhor quarteto de Jazz da atualidade, ainda mais se você aprecia o Lado Funk da força. ”Agressive Hippies” é o Jazz-Funk instrumental mais chapante que ouvi em 2015.

Line Up:
Dani Rablin (guitarra)
Danny Markovitch (saxofone)
John W. Lauler (baixo)
Greg Essig (bateria)

Track List:
”Just Music”
”Y’All Are Good”
”Intro”
”African Shabtay”
”Juke Joint”
”O’l Neckin”’
”Morning Star”
”Agressive Hippies”
”Jambo”

Fruto de uma das mais interessantes e menos prováveis uniões, o Marbin foi o inventivo resultado da junção de 2 grandes músicos israelenses. Na guitarra, o assombrosamente técnico Dani Rablin, e no sax, o veloz e encorpado Danny Markovitch. Foi assim que um dos mais aclamados grupos começou, como um duo, la atrás, em 2007, já em Chicago.

Hoje muita coisa mudou. São 6 trabalhos fantásticos na praça e, foi como um quarteto, que a banda fixada em Illinois conseguiu fazer o merecido ”barulho” na cena. Na época em que Dani Rablin e Markovitch se conheceram, o primeiro estava finalizando seus estudos na Berklee e o segundo voltara do serviço militar obrigatório, depois de uma temporada como sargento da infantaria.

Creio que é importante citar esse episódio, pois o primeiro disco da banda (o autointitulado de 2009), foi gravado nesse formato, em duo. Só depois que os caras formaram um quarteto, e entre a gravação de todos esses trabalhos, muitos membros entraram e saíram, até a afirmação da line up que gravou esse trampo.

Com um alto fluxo de grandes músicos envolvidos, como Paul Wertico e Steve Rodby (Pat Metheny), e James Haddad (Paul Simon), o Marbin utilizou essas mudanças para seu próprio benefício. O Jazz é um estilo conhecido pela alteração quase infinita de line up’s, algo que acrescenta muito aos envolvidos, pois força o cidadão a ficar ligado às mudanças, algo que é a base para o que esses caras fizeram, nesse que para este que vos fala, é a obra prima da banda.

Lançado no dia 17 de abril de 2015, ”Agressive Hippies” é o melhor disco do Marbin. Antes de entrar no estúdio e formar esse conteúdo, as influências da banda nos trabalhos anteriores possuiam um pé no Blues, no Progressivo e no Jazz também, mas sem o lado Funkeado que ouvimos aqui.

A postura da banda também mudou bastante, O Funk parece corromper os músicos, aqui o swing entra como moeda de troca e justifica todo o entrosamento que apenas uma banda que faz mais de 300 shows por ano consegue articular.
O cérebro da banda é a dupla Rablin/Markovitch. São eles que criam, arranjam e produzem os discos do Marbin, mas até a química dos caras mudou para a melhor depois dessa imersão em slap’s. O papel de Markovitch nesse disco é de amplo destaque. Muito mais atuante no som, Danny eterniza sua melhor performance em estúdio e muda sua abordagem completamente.
Com um batera tão preciso quanto Greg Essig  e um baixista com tanto feeling nos compassos, a cozinha estava firme o suficiente para que ele seguisse as linhas de guitarra Rablin como se o seu sax fosse uma linha gêmea. Com isso, quem ganha somos nós, pois em mais de 50 minutos de play, o quarteto emana novidade, um estilo pra lá de próprio (dentro do arsenal de cada um dos envolvidos) e conclui a jam com 9 quebraderas absurdas, comprovando que sim, até o Fusion pode pesar uma tonelada.
Escute tudo que esses caras possuem, é de fato fantástico, mas aqui temos o retrato do que acontece quando 4 músicos estão no auge. A abertura do disco com ”Just Music” mostra mais vitalidade que muita banda de Rock.
Os padrões impossíveis e velozes de ”African Shabtay” demonstram a técnica ridícula que permeia o trabalho, enquanto temas como ”Juke Joint” (se ligue no sax), evidenciam que não importante seu nível (técnicamente falando), sem sentimento você não vira nem a esquina, mas esses caras viram e ainda fazem a curva solando em ”Morning Star”.

Um poço de sentimento, técnica e swing, aperte play nesse disco e prepare-se para ficar impressionado… Essa dupla de israel é inexplicável, o tom da guitarra desse cidadão deveria ser estudado, junto com o sax apaixonante do ex membro da infantaria!

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