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O Paraguaçu é o nosso Mississippi

O Festival Cachoeira Agosto do Blues chegou à sua quinta edição em 2020 rendendo uma bela homenagem ao maior expoente do blues baiano, o bluesman Álvaro Assmar. 

O blues tem uma ligação umbilical com as águas, afinal, foi ao longo de um imenso rio, o Mississippi, que se formaram as bases desse gênero musical, matriz da música negra estadunidense. Não a toa, um ícone do blues, iniciado no country blues do Delta do Mississippi, que o levou para a cidade e criou sua versão urbana, adotou o nome em homenagem  ao rio. Muddy Waters, tributo às águas barrentas do Mississippi, também o nome do estado onde nasceu este bluesman.

Por essa ligação entre o blues e as águas correntes, foi que às margens do Rio Paraguaçu, na cidade de Cachoeira, surgiu o festival Cachoeira Agosto do Blues em 2016. Assim como os estados banhados pelo rio Mississippi, Cachoeira possui forte presença da cultura negra em todas as suas vertentes. Essas semelhanças fizeram com que o festival de Cachoeira expressasse de forma candente o espírito do blues.

A pandemia não impediu que a edição de 2020 se realizasse. Aderindo ao formato das lives, a produção do festival realizou as apresentações através do perfil do festival no instagram, o @cachoeiraagostodoblues. Ao longo de 17 domingos, entre maio e agosto, 35 lives foram transmitidas. O melhor do blues baiano e brasileiro, além do argentino e estadunidense, subiram ao palco e através do streaming agitaram os amantes do blues de seus abrigos anti covid. 

Contudo, o Cachoeira Agosto do Blues não terminou no mês 08. A produção do festival reuniu grandes nomes do nosso blues para render tributo ao maior nome do blues baiano, Álvaro Assmar. Para apertar os laços entre o os rios Mississippi e Paraguaçu, a música escolhida foi Pra Sempre em Minha Vida, cujo verso inicial fala sobre um “história” que diz que o Mississippi um dia desaguou na Bahia

A metáfora do rio Mississipi desaguando na Bahia representa a presença do blues  em terras baianas, aglutinando os ritmos e sonoridades locais à linguagem do blues, que passa a se expressar através do sotaque baiano. Essa metáfora se encaixa perfeitamente em tudo que representa o Cachoeira Agosto do Blues, devido às semelhanças apontadas no início do texto entre Cachoeira e as regiões banhadas pelo Mississippi. Principalmente pela presença do rio Paraguaçu, que garante ainda mais força à imagem presente no verso inicial da música de Assmar.

Participaram desse projeto em homenagem ao grande bluesman baiano seu filho Eric Assmar (vocal e ressonator), seu irmão Adelmo Assmar (baixo), Chris Macchi (piano), Luiz Rocha (gaita), Brenoski Libertae (gaita), Candice Flais (vocal e gaita), Ícaro Brito (lap steel), Janah Ferreira (vocal) e Jr. Wyll (vocal e gaita).

A versão de Pra Sempre em Minha Vida tem protagonismo das gaitas, que junto com a guitarra e a voz, formam o power trio fundamental do blues. Solos de gaita intercalam-se entre si e se seguem aos vocais, enquanto as guitarras com seus slides, acompanhadas pelas linhas de baixo e pelos dedilhados ao piano se articulam formando a trama necessária para que os revezamentos entre os músicos se fizesse a cada quadro.

Esse vídeo marca os três anos passados desde a morte carnal de Álvaro Assmar em dezembro de 2017. Isso porque seu espírito vive no legado musical que nos deixou. Cada bluesman e bluesgirl presente no vídeo, que passaram pelo palco virtual do Cachoeira Agosto do BLues em 2020 e todes que amam o blues e fazem o blues na Bahia trazem consigo a música de Álvaro Assmar, afinal de contas, foi ele quem fez o Mississippi desaguar na Bahia.

Curta o perfil do Cachoeira Agosto do Blues no Instagram e fique sabendo do que rola no blues baiano, clique aqui e conheça a página.

Para assistir e ouvir o vídeo via Instagram clique aqui.

Abaixo você pode conferir o vídeo. 

 

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