O manual do Living Colour para a piração em Time’s Up

No mundo da música existe uma coisa que me deixa puto, chama-se boato. Hoje em dia falar de Rock é bem complicado, temos muitas varáveis a se considerar. Existem sites por aí que mais parecem a revista ”Caras” do que um reduto à boa música. Parece até que a jam foi colocada em segundo plano ou que não existe nada de relevante para ser abordado. 

O problema é que chegou num nível que os caras especulam até sobre lançamentos de disco. Você, fã de determinada banda, acha uma matéria falando que talvez seu grupo preferido vai lançar material inédito, clica e se depara com cinco linhas de pura incerteza… Nem o filho da puta que escreveu sabe se a banda está gravando ou não! E hoje é dia de sacar um grupo que está passando por esta névoa de incerteza: o Living Colour

O Living Colour começou o ano de 2013 em destaque nos jornais musicais, pois estava negociando para tocar no Rock In Rio e estava em estúdio (em teoria) para gravar um novo disco para 2014. Nós já estamos no meio de 2015 e ninguém se manifesta… Muitos dizem que vai rolar, mas até quem afirmou que a bolacha sairia este ano já está voltando atrás… Não preciso nem dizer o quanto isso desanima, por isso, vamos combater a palhaçada com algo palpável, tão tangível como um soco no pé do queixo: ”Time’s Up”, senhoras e senhoras, segundo caótico registro, lançado em 1990.

Line Up:
Vernon Reid (guitarra)
Corey Glover (vocal)
Muzz Skillings (baixo)
Will Calhoun (bateria)
Don Byron (saxofone)
Doug E. Fresh (percussão)
Maceo Parker (saxofone)
Queen Latifah (vocal)
Mick Jagger (vocal)
Little Richard (vocal)

Track List:
”Time’s Up”
”History Lesson”
”Pride”
”Love Rears It’s Ugly Head”
”New Jack Theme”
”Someone Like You”
”Elvis Is Dead”
”Type”
”Information Overload”
”Under Cover Of Darkness”
”Ology”
”Fight The Fight”
”Tag Team Partners”
”Solace Of You”
”This Is The Life”

Depois que o ”Vivid” saiu (em 1988), o Living Colour ganhou muita credibilidade. Além de ter feito muito sucesso, o mesmo vendeu muito bem e com isso a banda fez shows à rodo. O mundo todo queria ver esses caras e até a crítica elogiava o trabalho dos americanos, a tal ponto que já aguardavam o lançamento do segundo disco, o que ocorreu em 1990 com ”Time’s Up”, um excelente disco, talvez até melhor que o primeiro, marcando também pela despedida de Muzz Skillings.

Para o resenhista esse trabalho bate o anterior, pois além da óbvia qualidade da banda e de suas respectivas faixas, as letras aqui são sensacionais, sempre levantando temas muito polêmicos de uma maneira inteligentíssima, refletindo a opinião da banda com o arregaço complementar no instrumental.

E o baixo voraz de Muzz prova isso logo nos primeiros segundos da faixa título, prova clara de toda a técnica dos envolvidos, que entre o descanso passageiro de ”History Lesson”, preparam seu manifesto poético em ”Pride”, uma das melhores letras que o quarteto já produziu, sempre com Coret Glover endossando o som.

Temos o Swing Funkeado de ”Love Rears It’s Ugly Head”…”New Jack Theme”… O Funk é quase que o esqueleto desses caras e o baixo de Skillings é sensacional! Aliás acho que os trabalhos posteriores perderam a liga justamente no grave, posto que Muzz reinava sem falhas. O dinamismo sonoro era monstruoso e as baquetas de Calhoun em ”Someone Like You”, comprovam este fato, mas espere até ”Elvis Is Dead”.
Sim meus amigos nem Elvis escapou desta Jam, os riffs de Vernon chegaram até o caixão do mestre topetudo, mas sem ofender, apenas atestando um fato, Elvis morreu e pronto, Corey deixa isso bem claro nos vocais. Sei que a verdade dói meus amigos, mas o que vocês queriam? Que ela tivesse gosto de Tutti Frutti? Sem essa, aqui o mestre é homenageado e muito bem enterrado, rola até um sax com Maceo Parker e Don Byron ao fundo!
Superem este trauma, pense sobre a letra ”dedo na ferida” de ”Type”, admire a técnica de Vernon em ”Information Overload” ou sinta o peso de ”Under Cover Of Darkness”. Esses caras juntam o útil ao agradável, o peso do Heavy com o que existe de melhor dentro da música negra.

Esses caras foram talvez o grupo com a cozinha mais marcante e interessante que surgiu em anos! Faz muito tempo que nada causa tanto alvoroço igual o Living Colour e é claro que é preciso elogia este fato, pois é bem difícil encontrar músicos deste calibre fazendo um som tão funcional com influências tão diversas.

Faixas como ”Ology” evidenciam isso e enquanto Vernon emite ondas eletromagnéticas, o instrumental segue infernal, com ”Fight The Fight”, animalesco ao som ”Tag Team Partners” e completamente inescrupuloso em ”Solace Of You”. O vigor é tanto que depois de ”This Is The Life” você vai até na cozinha buscar uma água, preparando a mente e o corpo para o inevitável: o replay. Discão.  

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