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CD's, circus money, walter, Walter Becker

O caminhar havaiano de Walter Becker no som de Circus Money

O vício faz um fã ficar paranoico. É complicado escutar uma banda com tanto afinco e se tornar órfão de grandes trabalhos, dependendo do grupo a espera pode superar uma década, até duas. É desesperador… E mesmo que o Steely Dan tenha trilhado minha vida durante anos, quando acabou foi muito difícil.
Quando não tinha mais discos para ouvir, quando a espera se tornou insuportável. Foram nove bolachas ao som da dupla, mas tudo que é bom dura pouco. Porém confesso que neste primeiro momento a tristeza não durou muito tempo, pois encontrei outra mina de ouro: a carreira solo do Donald Fagen

Me deparei com quatro discos fabulosos, trabalhos que me deram uma sobrevida de alguns meses, mas depois do fim a dupla continuava sem disco novo e ai apelei para o Walter Becker. E dentro de sua curta discografia (o guitarrista-produtor só possui dois discos), a mais relaxante  trilha com a qual mimo meus ouvidos enquanto espero por mais música, surge do Jazz Jamaicano do segundo registro – ”Circus Money” lançado em 2008.

Line Up:
Cindy Mizelle (vocal)
Walter Becker (vocal/guitarra/baixo)
Windy Wagner (vocal)
Keith Carlock (bateria/percussão)
Carmen Carter (vocal)
Jon Herington (guitarra)
Tawatha Agee (vocal)
Dean Parks (guitarra)
Sharon Bryant (vocal)
Ted Baker (teclados)
Sweet Pea Atkinson (vocal)
Jim Beard (teclados)
Sir Harry Bowens (vocal)
Henry Hey (teclados)
Terry Dexter (vocal)
Larry Goldings (órgão)
Frank Richard (vocal)
Luciana Souza (pandeiro/vocal)
Tiffany Wilson (vocal)
Chris Potter (saxofone)
Larry Klein (baixo)
Roger Rosemberg (trompa)
Gordon Gottlieb (percussão)
Carolyn Leonhart-Escoffery (vocal)
Kate Morokowitz (vocal)

Track List:
”Door Number Two”
”Downtown Canon”
”Bob Is Not Your Uncle Anymore”
”Upside Looking Down”
”Paging Audrey”
”Circus Money”
”Selfish Gene”
”Do You Remember The Name”
”Somebody Saturday Night”
”Darkling Down”
”God’s Eye View”
”Three Picture Deal”
”Dark Horse Dub” – só versão internacional

Becker possui dois discos, só que o resenhista simpatiza apenas com este aqui. Em ”11 Tracks Of Whack” (lançado lançado em 1994), o Fusion acaba indo para um lado maçante demais. Mas o que seu debut tinha de desinteressante e quadrado musicalmente, ”Circus Money” tem de swing, inspiração e mantendo a escola do Steely Dan, soa imaculadamente perfeccionista e descolado.

Esqueça o som do debutante, aqui é outro tipo de abordagem, a única coisa que é mantida é a estrutura jazzística dos sons, por que de resto esse CD é uma homenagem aos sons jamaicanos que o senhor Becker tanto ouviu quando foi plantar abacates no Hawaii.

Gosto muito de apresentar esse disco para pessoas que detestam Reggae, por que aqui temos um da melhor qualidade. E a forma como eles sustentam a pegada em moldes à la Jazz que é o grande barato. Becker faz as guitarras, toca seu tão amado quatro cordas e canta na soft abertura de ”Door Number Two”.

Temos espaço para o bom humor com ”Bob Is Not Your Uncle Anymore” e para vozes ótimas entoando os mais diversos temas, como a ótima ”Paging Audrey”. Disco de riqueza sonora sem precedentes e com Walter focando na parte instrumental e de produção do disco, abre ainda mais o leque de possibilidades para momentos excelentes. Trata-se de um easy listening da melhor qualidade e para o espanto da nação, é bem tranquilo de achar para download, só no formato físico que a alegria emperra.

Esqueça o lance do ”Reggae” e foque na boa música, por que se você tem bosto não existe nenhum motivo para não ouvir isso, ou até mesmo para dizer que não gostou. A mixagem ficou ótima e o som surge cristalino, temos ótimos teclados, oportunos trechos de órgãos e uma percussão que casou muito bem com um detalhe que sempre foi um grande problema na vida do grande Walter: a bateria.

Rola até um Dub com ”Dark Horse Dub”… Praticamente 60 minutos de um ótimo Jazz-Rock… Bom, pelo menos foi essa classificação que o AllMusic utilizou pra se referir a esse disco, mas se fosse eu, ah meu bom, ai seria Jazz-Reggae. 

Ótimo bolachudo, realmente diferenciado e leve tal qual uma pluma. O groove chama atenção desde a capa, com esse cosplay de máscara do sexta-feira 13, mas que na verdade é fruto da cultura Yup’ik do Alasca.

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