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O Baião Hermético no Auditório do Parque Ibirapuera – 07/11/2015

A música nos faz continuar. É vero meu amigo, enquanto o groove do Baião pulsar você vai querer sair de casa pra saber por onde ele anda. É irresistível, o som nos faz cruzar São Paulo e chegar ao Parque do Ibirapuera de ônibus, enfrentando não só aquela garoa que não se sabe se pinga ou se chove, mas também aquela já tradicional friaca de São Paulo.
Foi complicado (mentira, estou exagerando um pouco para poder aumentar o requinte), mas quando o senhor Hermeto Pascoal está escalado para tocar no Auditório do Ibirapuera, ah rapaz, ai vale a pena cruzar a cidade de mula, a pé ou de joelhos.

Depois que a 9º Semana Ticket Cultura foi anunciada, o público só aguardava pelo anuncio de abertura para correr e garantir as entradas no dia do show. Dito e feito, para abrir uma semana de bastante apoio ao ramo artístico independente, o nome escolhido não poderia ser outro que não o do mestre Hermético.
Se fosse pra selecionar um cidadão que pudesse resumir todo o complexo e riquíssimo DNA sonoro-brasileiro, esse alguém seria Hermeto Pascoal. Capaz de ir do samba ao Jazz Fusion em apenas 2 minutos e com uma classe cerebral, o multi instrumentista comprova que os sons do Brasil são o suficiente, mas ele toca (e mistura com) tudo só pra mostrar que não gosta de panelinhas.
E no dia 07 de setembro de 2015 o velhaco comprovou (mais uma vez) que não existem limites para a música. Aliás, ouso ir mais além, se existe algum limite, o nome deste transgressor senhor atende por Hermeto Pascoal. Dono de uma das mentes mais notáveis da história desse planeta, o mestre alagoano está com 79 anos é verdade, mas ele ainda está com a barba cheia de truques, ele e sua Nave Mãe.

Line Up:
Hermeto Pascoal (toca tudo e qualquer coisa)
Itiberê Zwarg (baixo)
Márcio Bahia (bateria)
Fábio Pascoal (percussão)
Vinicius Dorin (saches/flauta/saxofone)
André Marques (piano)
Aline Morena (voz/viola)

Pense numa banda excelente, pensou? Não, essa que você imaginou não é boa o suficiente. A Nave Mãe, apelido carinhoso com o qual o mestre autodidata se refere à sua banda de apoio, reúne a nata dos músicos brasileiros em prol da beleza de uma Jam session. 
O Hermeto toca tudo e qualquer coisa e o faz com a excelência de um Deus Grego, mas o que dizer do baixo do grande Itiberê Zwarg, um dos nortes para o groove das notas graves em nosso país? E o marfim malhado do virtuoso André Marques? A banda é fantástica, a técnica de todos é assustadora e para as duas sessões que foram realizadas no Auditório, o combo preparou um set absurdo.
Não fui nas duas sessões, vi apenas a primeira delas, realizada às 19:00 horas, mas nem dá pra reclamar. Aliás, esse ”apenas” no começo do parágrafo está até riscado por que um show do Hermeto jamais poderia ser classificado como ”apenas um Baião”. 
E para mostrar a relevância que esse baluarte da música brasileira ainda carrega no chapéu, a procura por ingressos foi tanta que o cidadão precisou mostrar fôlego de garoto para tocar as 21:00 e repetir o estrago das 19:00.
Não vi o segundo show, mas o nível deve ter sido o mesmo. Foram cerca de 90 minutos da mais fina musicalidade. Momentos que entre incontáveis passagens absurdas, mostravam um instrumental de outro planeta, regido por um velho E.T. 
Entre motivos tradicionais, embates percussivos e vários grandes solos por parte da Nave Mãe, foi bastante gratificante ver que o Auditório estava lotado. Pascoal e banda eram ovacionados pela platéia depois de cada take e, para encerrar, nada mais justo do que aplaudir todos esses esforços de pé.
A minha única ”reclamação”, que na teoria não é bem um protesto, é em relação aos vocais da senhora Aline Morena. Numa banda com um padrão instrumental tão notável quanto essa, creio que colocar uma vocalista para trabalhar numa linha de ”instrumento extra” seja bastante redundante. 
A senhora Aline é afinadíssima, mas em alguns momentos sua voz gerou um incômodo em meus ouvidos. Creio que ela pecou pelo excesso de insights, mas mesmo assim, acompanhar tanta fritação com a voz, como se esta fosse um instrumento isolado, é um talento e tanto, só não sei se é algo tão eficaz dentro de um modelo Hermético.
Mas mesmo assim foi uma bela noite. No fim do show um amigo virou e falou: ”cara, eu fui abduzido”. Essa frase resumiu a noite no Auditório com maestria! Na hora eu só pude dar risada e complementar: É lógico! Foi a conexão com a Nave Mãe, o Jazz só podia ter feito isso mesmo, nos levado até a raiz da barba albina do Jazz Hermético na jam Pascoal. É nóis Hermeto,

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