A coluna Bolodoido traz um pouco da história da MTV Salvador na entrevista feita por Dudu com Donjorge, que por muitos anos trabalhou na sucursal soteropolitana do canal musical sediado em São Paulo.
Em 1981 nascia nos Estados Unidos algo que mudaria a forma de consumir música e se fazer TV. Em 01/08/1981 iniciava-se a Music Television.
O conceito da MTV era bem simples, uma TV que respirava música 24 horas, inicialmente com clipes e depois expandindo para shows, especiais, programas de auditório e jornalismo, tudo linkado com a música. Na MTV não existiam apresentadores e sim VJ’s, que seria uma espécie de DJ’s, mas que ao invés de tocar simplesmente a música, mandava a cara das músicas, os clipes.
A MTV sempre teve um ar jovial e logo dominou os lares norte-americanos. Atingiu os espinhentos e espinhentas de plantão, enlouquecendo os pais desses adolescentes. Como um rastilho de pólvora o conceito da MTV invadia os sete cantos do mundo, chegando inclusive ao Brasil.
A MTV Brasil, pertencente ao grupo Abril, teve sua primeira transmissão em 20/10/1990. Seguindo a mesma linha da MTV gringa, era uma TV jovem e que deu abertura para grandes nomes da televisão brasileira Dentre os quais Astrid, Soninha, Luis Thunderbird, Gastão Moreira, Maria Paula, Cazé Peçanha, Zeca Camargo e João Gordo, só pra citar alguns. A história da MTV Brasil, inclusive, já virou livro. Intitulado “MTV, bota essa porra para funcionar”, foi escrito por Zico Goes, ex diretor de programação da emissora.
A história oculta, vamos por assim dizer, e pouco conhecida é da MTV Salvador. Isso mesmo, Salvador tinha uma sucursal da MTV, que funcionava como um prospector de clientes para anúncios e outras funções ligadas ao pessoal de São Paulo.
Para nos contar um pouco dessa experiência, pouco conhecida, na capital baiana, conversamos com Donjorge, ex-funcionário da MTV Salvador.
Dudu (Oganpazan): Em que ano iniciou o projeto da MTV Salvador? E que ano você ingressou?
Donjorge: As negociações começaram em 1993 e entrou no ar em dezembro de 1995, no canal 23. Em 1999 passou a ser transmitido pelo canal 13.
Ingressei entre 2000/2001, junto com a Liliane Reis, repórter, que conheceu o Osvaldo (Osvaldo Silveira), que era o CEO da MTV Salvador, em um evento e eles combinaram de quando tivesse alguma matéria a ser feita que ela faria. Como eu já trabalhava junto com ela, acabamos entrando juntos. Fizemos muitas matérias para serem veiculadas no Jornal da MTV ou alguns trabalhos de vinhetas. Eu fiz muitas vinhetas para MTV também.
O que pegava é que era um lance mais de “freela”, o que levou a Liliane a começar a fazer alguns trabalhos para Rede Bahia, assim como eu. Mas chegou um momento em que ela estava sendo muito demandada pela Rede Bahia e não conseguia mais conciliar. Eu optei nesse momento por ficar na MTV Salvador, tinha muito mais a minha cara.
Dudu (Oganpazan): Qual era a lógica da MTV Salvador? Qual sua real função?
Donjorge: A lógica era ser uma retransmissora da MTV Brasil. Primeiro em UHF, por conta de grana para estrutura, necessita disso para ter um sinal maior. Existia um departamento comercial onde você poderia vender espaços na programação da MTV Brasil, então tinha esse intuito de trazer anunciantes locais para emissora.
O Osvaldo, como amante de música e por gostar muito da cena rock, além de entender bastante e ser amigo do pessoal da MTV Brasil, tinha um olhar jornalístico, de mostrar a cena de Salvador. Então minha função, também era essa, jornalística. Além de fazer contato com artistas, mas como o espaço era pequeno eu acumulava muitas funções.
Fazia função de câmera, produção, às vezes editava ou mandava para São Paulo para editar. Nisso a gente tinha muito contato com a sede em São Paulo, apesar da MTV Salvador ser pequena, com 03 ou 04 funcionários, tínhamos uma boa relação com o pessoal da MTV Brasil, um contato direto.
Dudu (Oganpazan) Vocês chegavam a fazer matérias? materiais de audiovisual? Se sim, de que tipo?
Donjorge: Sim, fizemos bastante matérias. De início muitas com a Liliane, que não era apresentadora, então não aparecia, mas ficava com o microfone da MTV em destaque para o Jornal da MTV. Fizemos, como disse anteriormente, diversas vinhetas e até mesmo um programa local apresentado pela Pitty.
Fizemos outro programa local, já em 2010, além de receber algumas pautas do pessoal de São Paulo. Tipo, a gente pegava a pauta que o pessoal fazia para o pessoal do sudeste e íamos atrás dos artistas locais para responder a mesma pauta, até com o pessoal do axé fizemos. Vários tipos de matérias.
E vale dizer que não apenas matérias de TV, fazíamos alguns conteúdos escritos para o blog da MTV. Não lembro se chegou a sair algo na Revista da MTV.
Inclusive fazíamos o trabalho de curadoria para os programas da MTV Brasil que eram gravados aqui em Salvador, tipo o Verão MTV e o Lual, dando esse suporte na logística e na produção.
Até mesmo os grandes eventos, como o MTV Ao Vivo de Ivete, na Fonte Nova, estávamos envolvidos, por sermos o ponto local. Eu mesmo estava no helicóptero que sobrevoava o estádio, na função de repassar para o piloto as demandas do pessoal da mesa, exemplo: “Solta os fogos”, “manda um rasante”. Muitas coisas.
De audiovisual teve muita coisa mesmo, indo do Lual até ao vivo, passando por programas locais, entrevista com artistas locais, etc. Coisas inclusive que não me recordo nesse momento.
Dudu (Oganpazan): Porque acha que tantas pessoas sequer sabiam da existência desse escritório local?
Donjorge: Cara, eu era tão envolvido com os lances da MTV, por ser um telespectador, quando veio para Salvador eu já assisti no primeiro dia. Mas, realmente era algo, como já disse, pequeno e que por vezes tinha algum problema no sinal. Porém, é necessário destacar que MTV como a nossa, a MTV Salvador, não tinha no Brasil inteiro. No Nordeste acho que eram 02 ou 03 e fora a MTV de São Paulo tinha a do Rio, que era uma estrutura bem pequena.
Agora nesse lance de produzir conteúdo jornalístico para ser veiculado, fora a MTV São Paulo era a gente e o Sul, não era mais ninguém. Então assim, em termos de Brasil, a MTV Salvador produzia muito, pois poucos estados faziam isso. Por isso também a gente tinha uma boa interação com a MTV de São Paulo.
Para você ter uma ideia, a MTV tinha que sair de São Paulo, muitas vezes, para colher o material nos demais estados, porque ninguém realmente fazia. O lance é que a galera local achava que daria para fazer mais, porém a gente fazia o possível e muitas vezes até mais que o possível para sair algo. Às vezes não tinha grana para bancar toda um equipe para fazer uma matéria, eu ia sozinho e por muitas vezes de ônibus para ver a matéria sair.
O que rolava muito era essa questão do sinal, que não abrangia muitas regiões e acaba que boa parte das pessoas não tiveram esse contato. Mas, dentro dos estados que tinham MTV no Brasil éramos uma das que mais entregava materiais.
Então eu sei que muitas pessoas não sabiam da existência aqui em Salvador, mas o trabalho era bem feito, mesmo sem atingir muitas pessoas. A gente tinha uma entrega bacana, dentro da estrutura que a gente tinha.
Dudu (Oganpazan): Como era trabalhar na MTV Salvador?
Donjorge: Cara, era muito legal! Primeiro pelo lance da conexão com SP, trouxemos muitos VJ’s, alguns eu tenho contato até hoje, inclusive estou em um grupo que o Rafael Losso criou para falar sobre a história da MTV, de vez em quando ainda falo com ele.
Participei de vários eventos em São Paulo, fui em alguns VMB’s (Video Music Brasil, era a premiação anual da MTV para os clipes), acho que fui em umas 05 edições e não era apenas curtição, era para trabalhar mesmo. Vi muitos dos meus ídolos nessas oportunidades.
Formei até mesmo amizades com algumas pessoas da Sede. Fui com o Thunder no Loolapaloza, da última vez que fui em São Paulo encontrei com o Leo, tem esse grupo que estou com o Rafa. Além de muitas pessoas dos bastidores e o próprio pessoal da cena local, que alguns eu já conhecia pelo fato de ter produzido alguns Garage Rock, Kildare Summer, mas outros acabei conhecendo mesmo por conta da MTV.
Dudu (Oganpazan): Você acha que essa experiência rendeu frutos positivamente para cena local?
Donjorge: Eu acho que sim. Um dos trabalhos que fazíamos era pegar a fita das bandas locais e fazer chegar na pessoa certa, a Anna Butler. Ela é amiga do Osvaldo e fazia com que fossem veiculadas as fitas na programação, coisa que muitas vezes a banda tinha a dificuldade de fazer por ela mesmo, por questão de não conhecer os atalhos para emplacar o clipe. Isso nós sabíamos.
Só isso, de estar fazendo a ponte para os artistas serem divulgados nacionalmente, é muito bacana.
Eu tive uma experiência ali em 2005/2006 com a Formidável. Eu fiz uma ponte para Formidável aparecer no Jornal, naquele formato que você dava a entrevista e cantava. Em um determinado momento o vocal deu o e-mail para contato, horas depois quando chegou em casa tinha diversos e-mails do Brasil todo. É ótimo você ter uma mídia que lhe mostre para o Brasil inteiro, ainda mais um artista que está começando. Então sim, rendeu bons frutos.
Claro, tínhamos limitações, mas qualquer gol era muito importante comemorarmos, pois muitas vezes era uma mídia nacional e isso tem um valor muito grande, mesmo sendo a MTV, porque estava dialogando com seu nicho, pessoas que gostavam de música. Então você aparecer na TV e se seu trabalho fosse bom você teria pessoas de todo Brasil conhecendo e virando fãs. Então creio que rendeu positivamente, principalmente para os artistas.
Dudu (Oganpazan): Lembro que vocês chegaram a patrocinar alguns eventos, tipo o Garage Rock Festival. Como se dava esses patrocínios?
Donjorge: Eu até falei anteriormente sobre o Garage. Então, eu comecei com essa onda de rock, com a cena local através da Uivo (produtora responsável pelo Garage Rock Festival).
Na verdade, eu fazia alguns eventos sozinho, fazia parte do Telefanzine também, então eu fiz uns dois ou três Garage Rock, trabalhando na Uivo. Em um primeiro momento não tinha essa ligação, mas depois eu fiz essa ponte do Garage com a MTV, e às vezes era um lance de trazer um apresentador para cobrir o Festival.
Eu trouxe algumas vezes o Thunder para falar sobre o Garage, e outro apresentador que não vou me recordar.
Mas fora isso fazíamos muitas coisas. Tipo fazer a vinheta do festival e colocava nossa marca, para divulgar. Em outras éramos os DJs do evento, ou sei lá, a gente trouxe uma vez o Los Hermanos, então a gente era sócio do evento mesmo. Muitas vezes rolava do cara que fazia um show querer a nossa marca no cartaz, para dar uma pose. Poucos eram um patrocínio de fato.
O evento com a Coca Cola realmente chegamos juntos, gravamos uns eventos que rolavam na Praia do Forte e ai sim passava na programação local. Tinha uma equipe grande, artistas locais, mas isso devido a ser um esquema que envolvia a Coca Cola.
Então, em suma, cada evento era um formato de patrocínio diferente. Desde o nada, que era apenas liberarmos o uso da marca até fazer uma vinheta, ser sócio do evento, trazendo um apresentador para falar do evento, apresentando o evento, eram vários formatos, acho que não conseguiríamos aqui definir como um único tipo.
Dudu (Oganpazan): Como você enxerga o cenário atual, em termos de videoclipes? Acha que o Youtube supre o que a MTV fazia na década de 90/00?
Donjorge: Então, eu não estou mais na área, em termos profissionais, mas ainda vejo muitos clipes. Esse dias eu vi o Luciano Matos (El Cabong) selecionando 25 clipes de novíssimos artistas baianos e tem muita coisa legal. Eu vi artistas que conheço e tem muita coisa boa.
Hoje em dia eu não vejo mais a MTV, mas eu vejo muito a VH1, inclusive estou gravando com você vendo VH1, porque é só clipe. Então eu deixo rolando e vou fazendo minhas coisas. Eu gosto muito de clipe, eu entrei na MTV não apenas pelo glamour, mas porque eu gosto do formato.
Acho que o Youtube supre a função da MTV, até melhor no sentido de dar na mão. Quem começou a ver clipes pela MTV tinha que gravar os clipes dos seus artistas preferidos, com o Youtube basta eu buscar.
Por exemplo, eu gosto muito de Spotify e às vezes o artista não está no Spotify, mas está lá no Youtube. O Youtube tem muito esse lance de ser uma biblioteca, de se conectar e ver.
E supre, ainda mais, pela lacuna deixada pela MTV, pois ela funciona porém com outro formato de programas atualmente, uma opção é a VH1 para assistir clipes.
Fora o fato que era tudo uma questão de momento, naquela época as pessoas tinham como referência a MTV como clipe, hoje eu acho que não, pois além do Youtube, tem a VH1, então acho que ninguém está sentindo muito essa carência de clipes.
Dudu (Oganpazan): Como era o acervo de vocês, em termos de material audiovisual? Sabe onde foi parar?
Donjorge: Acervo não tinha. O que rolava era umas fitas largada lá, eu até tenho material (risos). Na verdade, o acervo está comigo, aqui em casa. Só que tipo, tem aquelas fitas betas, daquelas antigonas, fita VHS, mini dv, cara…tem muita coisa aqui comigo, que não faço ideia. Algumas eu até já assisti, muita besteira, muito programa que foi gravado lá em São Paulo e a gente não usou a fita.
Para saber mesmo, só parando um dia com uma máquina para ler beta, VHS, mini dv, porque esse acervo está todo aqui comigo, Osvaldo acabou me passando tudo e não sei o que faço.
Tem um canal para a gente parar e assistir? Acho que ia ser legal. Está bem bagunçado e não sei o que tem nas fitas, mas está aqui.
Dudu (Oganpazan): Porra, eu sou aficionado por clipes e por tabela pela MTV, então seria um prazer sentar para analisar todo esse acervo, quem sabe alguma alma bondosa diz que tem aparelho para ler esses tipos de fitas e não fazemos isso, afinal isso é pura história da TV brasileira.
Seguindo para o final da entrevista, como você viu o fim da MTV Brasil?
Donjorge: A MTV já vinha com problemas a tempos. Quando a MTV acabou eu já não estava mais na emissora. Mas a MTV fez escola, era uma TV vanguardista, formou muitos apresentadores.
Eu lembro que fazendo faculdade, tinha abertura para sugerir nomes de programas, gravar coisas que emplacaram na MTV Brasil, eu conseguia entender o formato, sabia como fazer.
Ela deixou um legado de formação de apresentadores, de discutir questões, fez o que poderia fazer e acabou. É chato porque é uma história, mas o pior é o material que ficou lá abandonado.
Cara, eu fui na MTV antes dela acabar, acho que em 2012/2013, e ai levei um HD e mídias para fazerem cópias de um monte de coisa. Mandei e-mail, os caras selecionaram as fitas, peguei uns Garage antigão, muita coisa legal. Tentei pegar as coisas que eu participava, tentei me achar ali, então tinha muita coisa legal. Só que a MTV estava no processo de fechar e proibiram de mandar o material, você não imagina a deprê. Eu passei uma tarde inteira lá catando isso, tanto material rico, muita coisa da história daqui de Salvador, muitos artistas e está lá para ninguém ver.
Mas a sorte é que eu tenho algumas coisas aqui gravadas, de programas que fizemos aqui e algumas coisas até no computador, coisas que não estão nem no Youtube.
Voltando, no final a MTV já não era mais a mesma. E importante frisar que a MTV Brasil ainda existe, mas o que bomba é aquele programa lá na praia com o ex, sei lá que porra é. Acho que aquele momento, era aquele momento mesmo, que deixa um legado e saudades. Eu sinto muita falta e gostava bastante de ter feito parte de algumas coisas dessa história.
O foda é que essa é uma história que não tem muitos registros. Se você for fazer uma pesquisa, pouca coisa acha. Se fosse no momento atual, com certeza teríamos mais registros, por ser tudo digital.
Valeu cara! Boa sorte!
Dudu (Oganpazan): Obrigado Donjorge por esse passeio pela história perdida da MTV Salvador e, é justamente essa, uma das funções do Oganpazan.
Aqui, os colunistas e as colunistas têm o papel de apresentar coisas novas, e por em evidência aquilo que achamos que é bom. Porém, também temos um cuidado com a história, fazemos questão de visibilizar essa fase que pouco se encontra na Internet, no mundo digital, pois se não contarmos essa história, corre o risco de rolar apropriações por ai
Confiram outros trabalhos feitos pela MTV Salvador:
Related posts
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
* CONTEÚDO EXCLUSIVO. DIRETO NA SUA CAIXA DE ENTRADA.
No ar!
O groove é a fonte da juventude no som de Marcos Valle
O tempo segue seu curso, mas no seu fluxo, Marcos Valle continua atualizando sua fórmula de grooves. Conquistar a longevidade…
A rara sensibilidade da Disaster Cities
A Disaster Cities acaba de lançar um novo EP em meio a pandemia. Sai o Sludge para a entrada do…
kolx & Keith ou Uma Mixtape fora do tempo do rap nacional!
kolx & Keith ou Uma Mixtape fora do tempo do rap nacional! Tipos de Rochas e Minerais não vai ser…
nILL e a potência da criação de mundos em Goodsmell Vol.2
nILL e a potência da criação de mundos em Goodsmell Vol.2 (2020). MC e produtor da banca Soundfood Gang, segue…
BOLODOIDO ENTREVISTA: DONJORGE, MTV SALVADOR.
A coluna Bolodoido traz um pouco da história da MTV Salvador na entrevista feita por Dudu com Donjorge, que por…
A cantora Bella Kahun lança o primeiro single do disco Crua: “Sorte”
A cantora Bella Kahun lança o primeiro single do disco Crua: “Sorte”. Em um videoclipe deslumbrante, a jovem artista segue…
“Não pise na grama que a terra é santa”; Marcola Bituca fala sobre sua trajetória e próximos passos
“Não pise na grama que a terra é santa”; Marcola Bituca fala sobre sua trajetória e próximos passos após lançamento…
Marcos Valle e Jazz Is Dead: no laboratório de Adrian Younge e Ali Shaheed
Marcos Valle e Jazz Is Dead: no laboratório de Adrian Younge e Ali Shaheed. Uma entrevista para conhecer melhor essa…