TGK MC’s (Tema Gerado do Kaos), Sonhos de um MC (2007) finalmente na internet. Mais um clássico do rap baiano resgatado, nossa história!
Formado no final dos anos 90 e já naquela época, caminhado na contracorrente dos circuitos das tradicionais Posses e núcleos de Hip Hop da cidade, o TGK MC’s se firmou como um dos grandes nomes do Rap soteropolitano no início dos anos 2000. Diretamente do Campo do Águia, o grupo firmou o terreno de suas bases e montou o seu QG.
Ao longo de sua caminhada, o TGK MC’s passou por algumas formações mas em 2007, ano em que, já mais maduro e com a experiência necessária para lançar o seu álbum de estreia, o grupo contava com: DJ Ed, Luck, TR, Mina Sindy, Mano Marck e Jack, quando soltou o surpreendente disco “Sonhos de um MC”.
Não atoa, o título do álbum do TGK MC’s fazia referência ao momento da carreira dos integrantes da banca. Pois, para muitos grupos da época, gravar seus álbuns, ainda era um sonho distante, sobretudo, de forma independente. Se ainda hoje fazer rap na Bahia é difícil, num período onde aqui “era tudo mato”, o bang era ainda pior. E nem estamos falando de viver de sua arte e sim, produzi-la.
Com produção dividida entre Adriano e o quase onipresente, DJ Edilson, Sonhos de um MC’s (2007), conta com 12 faixas muito bem produzidas e participações pesadas e de alto nível. O grupo pode contar com um time de monstros do calibre de Vitor (Atitude Diferenciada), Gomez (Elemento X) e do sul-africano Cuban Dog (KGB Squad), elevando a qualidade e a importância histórica do álbum.
O disco do TGK MC’s trânsita do gângster ao underground, com letras de cunho social e também com reflexões de fé. Fato que levava o grupo a ser confundido com um grupo gospel, o que não incomodava seus integrantes.
Passeando pelo álbum, os manos do TGK MC’s não aliviam o peso na caneta, onde denunciam de maneira aberta as mazelas que historicamente caiam (e ainda caem) sobre os menos abastados.
Temas como drogas, racismo, violência policial e uma infinidade de adversidades comuns aos que não são contemplados pelo folclórico discurso da meritocracia ou democracia racial, eram abertamente abordados no disco. Desde muito cedo, os manos sabem que da ponte pra cá, a coisa quase sempre tá barril e é poucas idea…
Ainda que não militasse diretamente em nenhuma Posse de Hip Hop, o TGK MC’s não somente contribuiu ativamente para a cena local através de suas apresentações, como também na realização de importantes eventos de Rap, onde abriram espaço para grupos locais e também através das fortes conexões com artistas de fora do estado.
Através das intervenções de Mano Jack, foi possível que adeptos do Hip Hop local pudessem dividir experiências (no caso dos artistas locais) e prestigiar importantes shows (no caso do público). Nomes como Racionais MC’s, Faces Do Subúrbio, Planet Hemp, Realidade Urbana e Facção Central são alguns dos nomes que brotaram por aqui, em apresentações históricas pro Hip Hop soteropolitano.
Alguns anos atrás, os MC’s Jack e Mano Marck especularam uma possível volta nas atividades do grupo, o que infelizmente acabou não acontecendo.
Ainda que careça de registros – até aqui – para que possamos ter o entendimento real da importância de grupos como o TGK MC’s para o Rap da cidade, historicamente falando, é inegável a sua contribuição. Fica aqui um pequeno registro dessa trajetória.
Obs: Por questões de direitos autorais algumas partes do disco estão no youtube cortadas, esse inclusive foi um dos motivos do próprio grupo não ter upado o disco nas plataformas até hoje! De qualquer sorte, o registro está aqui em sua maior e mais importante parte.
-TGK MC’s (Tema Gerado do Kaos), Sonhos de um MC (2007) finalmente na internet!
Por Paulo Brasil
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