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28 nov 2024




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Billy Sujo e as verdades que os racistas não querem digerir
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Billy Sujo e as verdades que os racistas não querem digerir 

Billy Sujo e as verdades que os racistas não querem digerir, presentes no seu EP ÀS Custas de Quem? (2020), lançado pelo rapper de Amargosa-BA

 

A cena histórica do Rap Underground brasileiro é marcada por letras recalcitrantes de denúncia racial, violência e covardia dos agentes públicos do estado e genocídio do povo negro nessas terras em que a Necropolítica é a tônica de discursos a práticas político partidárias. Nessa mesma tonalidade e com um Boom Bap de qualidade artística e atitude nacionalista negra, o Ep Nas Custa de Quem ? (2020) chega no cenário do Rap baiano, colocando Amargosa de volta à cena.

Billy Sujo, um jovem homem negro, produtor musical independente e Mc formado nas batalhas de rimas na pista de Skate da cidade, é mais um jovem negro que tem informações caras aos nossos ouvidos sedentos de boas referências musicais e munição antirracista. Em suas seis faixas, o fragmento I fornece ao jovem negro brasileiro um panorama real sobre a guerra em curso contra o povo negro, orquestrada pelos partidos políticos e agentes do estado, a mando da supremacia racial branca.

Um defeito de Cor, além de ser a faixa inicial do Ep, é também título de um clássico da literatura negra brasileira, escrito por Ana Maria Gonçalves. Na mesma pegada do livro, a escrita marginal de Billy Sujo também denuncia o caráter estrutural do racismo no Brasil e seus efeitos devastadores na vida e nas projeções para o futuro das pessoas pretas. Nesse sentido e como anuncia a faixa seguinte, A conta não fecha: quase 400 anos de escravização racial; mais de 70% das vítimas de homicídios nesse país; principal vítima do feminicídio; mais de 80% dos andarilhos de rua, mendigos e ocupantes das cracolândias, sendo que a diferença populacional entre pretos e brancos nesse pseudo país não chega a 15%? Realmente essa conta não fecha!

“Entre cliques e tiros”, entre Boom Bap e Alcione, nosso povo segue a sina dessa terra hostil, abrindo sua visão sobre tudo aquilo que você deveria ter aprendido nas escolas, se realmente a educação fosse igualitária e justa para a população negra. Sem perder o foco e com participação do Mc Neuro Negro, também do interior da Bahia, a crítica também é feita a nova escola do Rap nacional, que vive numa dimensão de luxúria, putarias, drogadição e poucas referências para a emancipação político-ideológica para o jovem preto do gueto.

Sangue preto, Armas brancas, é a polícia que atrapalha a esperança! essa faixa, escrita em parceria com Mc Maestro Esdras e baseada no clássico da literatura negra O Genocídio Negro Brasileiro, de Abdias do Nascimento. Essa track traz referências e denúncias viscerais para se questionar o sistema de segurança pública brasileira, sobretudo a polícia baiana, responsável pela disseminação da violência, terror racial e execução sumária de jovens homens negros nesse estado. Usando como referência o caso do homem preto Amarildo Dias de Souza, ajudante de pedreiro, morador da comunidade da Rocinha, que no dia 14 de julho de 2013 foi sequestrado por uma viatura da polícia militar carioca e nunca mais foi encontrado. O caso ganhou repercussão internacional e denunciou mais uma vez o histórico da brutalidade policial nas comunidades Negras. FRENTE AO GENOCÍDIO DO POVO PRETO, NENHUM PASSO ATRÁS!

Sem dúvidas e totalmente certo nas suas convicções políticas e ideológicas, Nas Custas de Quem deixa evidente a Pretofobia que é marcante nas relações sociais. Sem capacidade e interesse para a resolução dessas questões, segue o governo mais escroto, podre e nefasto dos últimos 32 anos dessa pseudo democracia. Sem reparação histórica, sem reforma política, sem demarcação das terras indígenas e quilombolas e sem a desmilitarização da Polícia Militar. Nas custas de quem esse governo se elegeu? Nas custa de quem esse país foi construído? Quem pagará pelos crimes de escravização racial e genocídio? A conta nunca fecha enquanto não equiparamos as perdas!

Vale frisar que esse som é uma produção independente, da gravadora Sujeira Rec, uma produtora fundada pelo próprio Mc Billy Sujo, de forma autônomo, panafricanista e afrofuturista, que serve de inspiração para a nova geração de Mc’s do recôncavo baiano que precisa se libertar do opressor mercado da produção musical, que tem desprivilegiado o Rap do interior baiano por causa de uma geopolítica que só promove os “Rappers da capital”.

Diretamente das Terras das Pombas Amargas

No final do Outono de uma quarentena necropolítica…

Mc Maestro Esdras, Abrindo sua visão!

-Billy Sujo e as verdades que os racistas não querem digerir

Por Esdras Souza

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