Cinema Fora de Cena DVD 1 – Viagens muito loucas na linguagem do cinema, em sons e imagens experimentais, hip-hop e espírito contra cultural!
O que é o Cinema Fora de Cena?
“Cinema Fora de Cena” é um projeto que promove contatos mais acessíveis com o cinema, sob linguagens originais e enraízadas nas vertentes da contra cultura. Dá união de produtores, videomakers, cineastas, beatmakers, fotógrafos, atores entre outras frentes artísticas é produzido conteúdo durante todo ano, dentre eles o destaque para as “beattapes” que são filmes cuja trilha sonora é feita por beatmakers.
O projeto dá continuidade a um trabalho já existente de produção de beattapes, realizado por produtoras independentes, de origem na cultura Hip Hop, como Jodo(SP), Jodo(AM), Straditerra, Sukta e Roggdogbelgafilms. O CFC busca dar assistência na distribuição, promoção, exibição, produção e organização de filmes e festivais em uma linha editorial acordada, que segue uma ideia de realização libertária do modelo de produção audiovisual vigente, que mantém seu modus operandi elitizado em relação ao público.
A intenção do projeto é dar uma alternativa à filmes que tenham um processo transversal em todos os níveis de produção, gerando uma maior identificação e identidade desse circuito, enaltecendo a mistura de linguagens desenvolvida por realizadores de diversas regiões do Brasil, adeptos da estética lo-fi. As produções transitam do extremo baixo custo à nível de circulação internacional, interessando a diferentes nichos de público.
O “Cinema Fora de Cena” leva em seus princípios o lema “vamos piratear a nós mesmos”. O projeto disponibilizará um acervo online das produções com o link para download, induzindo uma campanha para o público baixar e ter uma versão digital das obras. O projeto também visa fomentar obras de forma mais ampla e direcionada a um novo público, maior e interessado especificamente no audiovisual.
Com o ínicio oficial do projeto, serão lançados novos conteúdos e também o relançamento dos antigos em novas plataformas, como vimeo e em indexadores de torrents e fóruns virtuais de cinema. As obras também terão o suporte crítico e jornalistico do portal de arte: Ogapazan, onde além de matérias sobre os filmes estarão disponíveis os respectivos links. Um mix de meios de circulação para dar profundidade ao universo criado por essa nova escola de cinema, que entra na discussão: “O que é cinema?”
O Oganpazan como um dos meios para o Cinema Fora de Cena!
Nascemos e aos poucos estamos nos tornando o que devemos ser: um medium, meio, mídia por onde passam grandes pequenas iniciativas. Certamente, ser escolhido pelo Cinema Fora de Cena para ser uma das plataformas de lançamentos desse coletivo é uma honraria, mas também uma prova da real efetuação que nosso trabalho vem conseguindo realizar. Por conseguinte, tal honraria é também um imenso desafio, pois se indetificamos rapidamente as veias contra-culturais e libertárias em tal projeto, também foi uma batalha ardúa conseguir reunir e escrever, mesmo que brevemente sobre trabalhos tão novos.
Pois se nossa dedicação em pensar as diversas formas que o hip hop, mais especificamente a música rap, tem oferecido ao público nos últimos anos é algo sob o qual temos alguma segurança, o mesmo não podemos dizer do que tange ao audio visual. São obviamente linguagens muito diferentes e se é verdade que possuímos uma gama ampla de formas e conteúdos no que tange a música rap, o mesmo não pode ser dito quando se trata do audiovisual associado a ela. Possuímos sim muitas boas iniciativas, trabalhadores do audiovisual que se destacam e fazem trabalhos muito bons, mas em termos de experimentação e criação de linguagens novas ainda caminhamos lento, não no Cinema Fora de Cena.
Como vocês terão a oportunidade de perceber nesses 10 primeiros trabalhos que aqui trazemos como parte integrante do DVD 1 do Cinema Fora de Cena, a experimentação ativa e a busca por linguagens e perspectivas novas é a única tônica comum a todos.
Golpes na Vista, uma tour de force
Todas as informações técnicas e teóricas próprias das produções, estão contidas nas engmáticas sinopses/sinapses dos vídeos. Aqui você vai encontrar apenas orelhadas, os golpes na vista, registro dos em haikais das implosões comportamentais e cognitivas que as obras nos causaram. São os relatos de um destroço….
1.
2.
3.
Um triptico, cinema experimental requer vidas experimentais, hip-hop vivência de rua, uma viagem pelo conjunto habitacional onde a poesia habita um gps desgovernado, onde a cartografia é uma mixagem de imagens e sons, ideias e voos, trocas de câmera, dia-lógos com perspectivas dijuntivas, olho pensador, ouvido absoluto. Jodologia manaura misturando maconha com viagens filosóficas em torno de um real alucinatório e truculento. Dureza e precariedade produzindo riqueza simbólica, beattapes do infinito com OLX, INTLGDS decodificando latas de lixo em sonoridades que cadenciam a duração. Não caberia rima alguma sob o que está registrado e produzido de segunda mão nas imagens, pois a camera aqui é que faz o freestyle, as imagens rimam, seduzem, conduzem o pensamento que as batidas sucita. JODO (AM) é Pravda!
O Grande Cansaço
Um breve registro do século XXI e uma longa amostragem do cansaço geral, aquilo que é mais próprio de todos nós, a tônica comum a toda a realidade circundate dos grandes centros: ESGOTAMENTO. Aqui espremido em menos de 2 minutos, uma semi rima afásica de tudo de que sucateia a vida… só restando os signos da depressão de tudo e de todos, um sinal vermelho imposto na tora contra a invenção e ainda assim os errantes caminham sob a terra. É a cruz de D4CRVZ e nossa crucificação, nossa via crucis de todos os dias, a beleza mórbida do caos da urbe por Cansado.
Rostidade
Nossas expressões mais caras compradas a preço de banana numa delicatessen, delicadas dedicados em uma identidade fixada com grampos e fitas adesivas da subjetivação standard e dos significantes mercadológicos. Di Papel é nosso anti-héroi mascarado para por um fim a todas as máscaras ou ao menos nos fazer perceber o quanto aquele nosso EU parcial é passivel de autocrítica e autoreflexão. Na trilha de Arit ele mete dança e passo, em festas raras onde o amor é loucura experimental, de um rosto a outro, num mergulho profundo para atravessar a nado os olhos da paixão. Di Papel é invencível pois morre a todo instante, um verdadeiro deus, um louco, uma caricatura de todos nós, e por isso mesmo aquela originalidade marota anti comercial em busca de dinheiro, pois sem o vil metal ele não come, não veve, não fuma, não toma licor. Mamãe e a Gatinha Vilã são o outro feminino do Di Papel, sem divisões, todo repartido, estilhaçado e sem dramas. Um clássico do futuro, queimando em fogo baixo.
Lixos botânicos
O que mais pode o cinema, além de seguir na missão de transmutar a realidade através de imagens, ideias e sons? Han e Cansado, TUBO de imagem, de esgoto, os jardins de lixo, ou melhor do lixo, apologia de uma sujeira tão bonita que nos leva a auto crítica, o que resta é o BELO. Será que alguém duvida que o capitalismo nos tornou Tartarugas Ninjas habitando os esgotos urbanos e lutando contra os vilões do último século, com aquela nostalgia do futuro? Ficam aí os questionamentos…
Lambe Lambe de Formigueiro
O bafo das gentes citadinas, praianas é o objeto capturado de modo esfumaçado pelas fotografias de Joaquim Macruz e Gustavo de Souza, trazido a tela em movimento com uma edição/montagem que é também parte do pensamento cinematografico. Cinemavicio, uma estranha atração pelo cotidiano dos outros, uma investigação da fumaça que sai dos corpos em movimento, aqui congelados e novamente colocado em movimento, de modo artificial. Apologia para uma estética da sujeira, pelo cinema como expressão de um autor coletivo, trabalho de forminguinha contra os bloqueios destruidores (blockbusters) em tradução livre. A música dessa película é do Pedro Juca e é uma atração a mais, para você se deliciar com esse filme. Veja bem…
Caosmose
Um drama pitoresco em busca de outras formas de subjetivação baseada inicialmente na chave do profeta do LSD: “Turn on, tune in, drop out”.. , As ruas de Alfenas (MG) se tornam uma praia de asfalto por onde nosso querido LuCao$ surfa as ondas do seu caos particular em busca de respostas, para sair formas dos modelos pré-estabelecidos, e quem sabe de si mesmo. Algum medo, alguma indefinição, passos errados e tudo pode desmoronar, as certezas de ontem já não satisfazem. Restando os encontros, e serão esses encontros com personagens ao longo da CAO$MINHADA que fará passar algo entre dois, nos contatos atuais e virtuais, nos ensinamentos ao longo do caminho desse Sidarta mineiro, que o levará ao próximo passo, pois não há um final para o real movimento, senão sua continuação, reterritorializando para desteritorrializar de novo, e mais uma vez, e de novo, devir…
Reaja ou será morto, Reaja ou será Morta
Mano Brown para presidente e a JODO é a empresa de comunicação e marketing responsável pela criação de planos interdependentes que colocará em risco o próprio sistema eleitoral. Didatico em suas intenções para um mundo melhor, o nosso candidato aqui apresenta as soluções rápidas para uma melhora progressiva de todas as mazelas produzidas e administradas pelo nosso capitalismo democrático. Uma ideia na mão e imagens capazes de subverter todo o sistema de percepção de uma população refém de um sistema de controle das mídias asssociadas aos escritórios que realmente governam o mundo. Contra o fascismo insurgente atualmente no mundo, a JODO é fábrica de real alteridade e exercicio de liberdade criativa para um novo mundo. Jair Bolsonaro ganhou as eleições, mas a JODO ganha sempre: Mentes e Corações.
O Amor nos Tempos do Corona Vírus
A JODO também é amor, é comédia romântica entre um passado de lutas feministas da Gatinha Vilã e o coração partido do Cansado. Anti conto de fadas o cinema mudo do futuro vai ser cinema cantado, e nesse curta o nosso personagem canta a perda de um coração abandonado. A crueldade do amor, as feridas que a paixão nos deixa, tudo isso exposto em carne viva, visceral e calmo também, pois o nosso querido cansado não chora as pitangas, faz uma reflexão sobre as mudanças e permanencias de sua história de amor com a perversa Gatinha.
-Cinema Fora de Cena DVD 1 – Golpes na Vista!
Por Danilo Cruz
Related posts
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
* CONTEÚDO EXCLUSIVO. DIRETO NA SUA CAIXA DE ENTRADA.
No ar!
O groove é a fonte da juventude no som de Marcos Valle
O tempo segue seu curso, mas no seu fluxo, Marcos Valle continua atualizando sua fórmula de grooves. Conquistar a longevidade…
A rara sensibilidade da Disaster Cities
A Disaster Cities acaba de lançar um novo EP em meio a pandemia. Sai o Sludge para a entrada do…
kolx & Keith ou Uma Mixtape fora do tempo do rap nacional!
kolx & Keith ou Uma Mixtape fora do tempo do rap nacional! Tipos de Rochas e Minerais não vai ser…
nILL e a potência da criação de mundos em Goodsmell Vol.2
nILL e a potência da criação de mundos em Goodsmell Vol.2 (2020). MC e produtor da banca Soundfood Gang, segue…
BOLODOIDO ENTREVISTA: DONJORGE, MTV SALVADOR.
A coluna Bolodoido traz um pouco da história da MTV Salvador na entrevista feita por Dudu com Donjorge, que por…
A cantora Bella Kahun lança o primeiro single do disco Crua: “Sorte”
A cantora Bella Kahun lança o primeiro single do disco Crua: “Sorte”. Em um videoclipe deslumbrante, a jovem artista segue…
“Não pise na grama que a terra é santa”; Marcola Bituca fala sobre sua trajetória e próximos passos
“Não pise na grama que a terra é santa”; Marcola Bituca fala sobre sua trajetória e próximos passos após lançamento…
Marcos Valle e Jazz Is Dead: no laboratório de Adrian Younge e Ali Shaheed
Marcos Valle e Jazz Is Dead: no laboratório de Adrian Younge e Ali Shaheed. Uma entrevista para conhecer melhor essa…