Conheça a história do New Metal: Ascensão e Declinío! Essa é a hora de vocês começarem a ciscar e abaixarem seus troncos até ao chão.
Artigo originalmente publicado há 5 anos
New Metal que depois veio a ser chamado de tantos nomes, sendo o mais popular Nu Metal, foi um estilo musical que estourou no final da década de 90’, servindo para indústria fonográfica como um tapa buraco para o abismo deixado pelo Grunge, que tanto rendeu grana para as gravadoras.
Tal qual aconteceu com o Grunge, passou-se a classificar bandas completamente distintas como new metal. Parecia mais que qualquer banda mais pesada que surgisse nessa época era catalogada como new metal, afinal era a onda do momento. O mercado fonográfico é isso, afinal.
Fato é, por um certo período as bandas do estilo New Metal movimentaram, e muito, a parte financeira da indústria da música, tendo sido responsável por álbuns recordistas de vendas.
Em sendo parte importante da cultura jovem de um certo período, cabe discorrer um pouco sobre esse movimento musical tão amado e odiado.
– O Surgimento
Contudo, o single de “Epic” foi lançado em 1989, sendo que três anos antes o grupo de rap RUN-DMC lançava uma versão sampleada da faixa “Walk this Way” da banda Aerosmith, no seu álbum “Raising Hell” (1986). Ou seja, o RUN-DMC mesclou, nesse momento, riffs de guitarra com rap, o que na minha opinião é o embrião do New Metal.
Tão é verdade, que Kid Rock foi um que surfou na onda New metal, com seu álbum “Devil Without A Cause”, nunca escondeu a influência direta do grupo RUN-DMC, inclusive na vestimenta.
Pegando, inicialmente, essa fórmula: Hip Hop + Metal, diversas bandas foram surgindo em meados da década de 90’, tais como o Korn que apesar de no seu álbum de estreia já dar indícios dessa junção, foi no segundo álbum “Life Is Peachy” que deixou isso claro, gravando um cover do rapper Ice Cube, “Wicked”, ao lado do vocal da banda Deftones, Chino Moreno.
Tal união, metal e hip hop, consolidou-se no bem sucedido álbum “Follow the Leader”, onde o Korn convidou Ice Cube para participar da faixa “Children of the Korn”.
Era o que a molecada precisava de inspiração.
– Ross Robinson, o midas do New Metal
O que se denominou New Metal com toda certeza existiria com ou sem a ajuda de Ross Robinson, porém tenho plena certeza que metade das bandas do estilo não alçariam voos tão altos sem o toque de ouro desse produtor musical.
Para vocês entenderem do que estou falando, vou listar apenas alguns lançamentos que Ross Robinson assinou a produção, são eles: “Korn” (1994) e “Life is Peachy” (1996), da banda Korn; a faixa “Fist” que consta no álbum “Adrenaline” (1995) da banda Deftones; “Three Dollar Bill, Yall$” (1997), da banda Limp Bizkit; “Soulfly” (1998), disco de estreia da banda liderada por Max Cavalera, que havia saído do Sepultura; “The Burning Red” (1999), do Machine Head; “Slipknot” (1999) e “Iowa” (2001), da banda Slipknot.
Necessário destacar que Robinson também produziu o disco de maior sucesso do grupo Sepultura, o “Roots” (1996), que é um disco recheado de referências de música tribal, música regional brasileira e elementos percussivos. Inclusive, esse álbum do Sepultura foi a base de criação do Slipknot, a semelhança é nítida.
Para relembrar um pouco do “Roots”, cabe ver o clipe de “Ratamahatta”, música composta pelo Sepultura em parceria com nosso conterrâneo Carlinhos Brown, onde Ross atuou como co-percussionista.
– A onda New Metal e seus sucessos de vendas.
Em 1998 o Korn já estava no seu terceiro álbum, o Limp Bizkit divulgava seu álbum de estreia “Three Dollar Bill, Yall$” e preparava-se pra lançar no ano seguinte àquele iria solidifica-los na cena, o “Significant Other” e o Deftones tinha lançado um ano antes do “Around the Fur”, que tinha clássicos como as músicas “My Own Summer (Shove It)” e “Be Quiet and Drive (Far Away)”.
Definitivamente era vez do New Metal!
No ano de 1999 não era incomum você ouvir diversas bandas New Metal tocando nas rádios e lançando constantemente seus clipes, sempre bem produzidos. Os clipes dominavam as paradas da MTV Gringa e da MTV Brasil, rivalizando com artistas Pop’s conceituados e as famigeradas boy bands.
Podemos destacar como grandes sucessos dessa época os seguintes clipes:
Limp Bizkit – “Nookie”, do álbum “Significant Other” (1999)
Korn – “Freak On a Leash”, do álbum “Follow the Leader” (1998)
P.O.D – “Southtown”, do álbum “The Fundamental Elements of Southtown” (1999)
Linkin Park – “One Step Closer”, do álbum “Hybrid Theory” (2000)
Deftones – “Be Quiet And Drive (Far Away)”, do álbum “Around the Fur” (1997)
Papa Roach – “Last Resort”, do álbum “Infest” (2000)
Para além dos sucessos videocliptícos cabe destacar ainda as marcas alcançadas pelo Limp Bizkit que quando do lançamento do “Significant Other” vendeu mais de 600 mil cópias do álbum na primeira semana de lançamento, dando continuidade ao sucesso no ano seguinte com o lançamento do “Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water”, que vendeu mais de 1 milhão de cópias em uma semana, apenas nos Estados Unidos, atingindo a marca de 400 mil cópias vendidas em um único dia.
Na mesma linha de sucesso, o Linkin Park atingiu a marca do álbum de estreia mais vendido por qualquer artista no século XXI, com o “Hybrid Theory”, sendo o disco mais vendido de todos os gêneros no ano posterior ao seu lançamento.
Claro que todo esse sucesso além de inspirar uma legião de jovens ávidos por montar sua banda e ser o próximo sucesso iria causar uma série de distorções no estilo.
– Mutações do estilo
Como dito em linhas anteriores, tudo que tivesse um riff mais pesado, no único intuito de vendas, era categorizado como New Metal. As bandas transitarem pelos mesmos festivais também ajudava a criar essa “confusão” em torno do que era de fato new metal, ou o que tinha virado o new metal.
Banda como o Machine Head, Disturbed, Coal Chamber e Kittie acabaram por cair nesse bolo do que se passou a denominar new metal, percebam a diferença com relação as bandas que começaram essa fusão hip hop / metal:
Machine Head
Disturbed
Coal Chamber
Kittie
Além de tudo quanto pesado fosse era classificado como new metal, a indústria sem muita matéria prima para lançar, começou a classificar bandas que nem eram tão pesadas assim como new metal, nu metal ou metal alternativo.
Foram os casos de bandas como Staind, Crazy Town e até mesmo o Incubus, as quais seguem abaixo para que vocês possam sentir o drama:
Staind
Crazy Town
Incubus
Definitivamente a coisa estava ficando bem louca, pois ao passo que o new metal não apenas se aproximava de sons mais calmos, por outro lado bandas extremamente pesadas como Slipknot, bastante influenciada pelo álbum “Roots” do Sepultura, e o Mudvayne surfavam na onda new metal.
Slipknot
Mudvayne
Até mesmo a banda do ex-Sepultura Max Cavalera, Soulfly, figurava nos badalados festivais de new metal, sendo influência de muitas bandas que surgiram na época. Talvez o fato de ter Fred Durst (Limp Bizkit) como parceria na faixa “Bleed“ e o fato de Max ter participado na faixa “Headup“ do Deftones tenha sido o suficiente para o Soulfly ter sido considerado New Metal, sem contar na variedade de misturas musicais que os caras faziam.
Outras bandas pesadas, consideradas new metal, bem heterogêneas entre si, que fizeram bastante sucesso nesse período foram: Godsmack, Ill Niño, Otep e o System of a Down:
Godsmack
Ill Niño
Otep
System of a Down
– Declínio
Em cerca de três anos o boom do new metal dava indícios de ser algo do passado. A indústria musical é imperdoável, ela suga tudo que tem que sugar e joga o bagaço fora. Quem apenas surfou na onda desaparece, muitos tentam se reinventar e outros poucos conseguem se manter nesse mercado escroto.
Na mesma velocidade que surgiram, as bandas new metal desapareceram. Os primeiros sinais de declínio foi quando se esperava um álbum surpreendente do Korn, mas em 2002 eles lançaram o “Untouchables”, que nem de longe supera os três últimos lançados.
Quem também não foi bem sucedido em seu lançamento foi o Papa Roach, que no mesmo ano de 2002 lança o “Lovehatetragedy”, não tão bem sucedido quanto o álbum que lhes deram notoriedade na cena, o “Infest”. O Papa Roach ainda vendeu muitas cópias com lançamentos posteriores, tentaram reinventar seu som, mas jamais conseguiram o sucesso meteórico do final dos anos 90.
Já o Linkin Park parecia ser uma das poucas bandas que ainda tirava algo do New Metal, lançou em 2002 um álbum de remixes do bem sucessido “Hybrid Theory”, pra não deixar a peteca cair, e logo em seguida meteram o “Meteora” (2003), que vendeu muito bem e incluí hits como “Numb”. Espertos que são, no mesmo ano de 2003 gravaram e lançaram o DVD Live In Texas, que claro continha várias clássicos da banda. Depois disso, o próximo álbum de inéditas veio apenas em 2006, nada comparado aos sucessos anteriores.
Bem diferente do avassalador “Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water”, o Limp Bizkit lança em 2003 o álbum “Results May Vary”, que teve dentre as faixas uma versão da música “Behind Blue Eyes”, a qual rolou um clipe bem divulgado na época, que conta com a participação da atriz Halle Berry.
Pior que o “Results May Vary”, foi o fracassado, em termos de vendas, “The Unquestionable Truth (Part 1)”.
Percebam que quando falamos em declínio do estilo, é relacionado ao boom inicial. Não significa aqui que as bandas, que decidiram continuar, não continuam fazendo grandes shows e até mesmo vendendo muitas cópias dos seus álbuns.
Há de se frisar, ainda, que a vendagem de discos não é mais a mesma de cerca de 20 atrás. Por isso, destaca-se como bandas que se mantém firmes no mercado o Slipknot, que além de continuarem fazendo grandes shows, em 2014 lançou o “.5: The Gray Chapter”, que vendeu 132 mil cópias na primeira semana e o clipe da faixa “The Negative One” possui mais de 18 Milhões de visualizações no Youtube.
Outra banda que merece destaque é o System of a Down que com seu último lançamento de estúdio, “Hypnotize” (2005), alcançou o primeiro lugar da Billbord 200. A banda entrou em hiato no ano seguinte, porém retornou aos palcos em 2011, merecendo destaques as apresentações no festival Rock in Rio 2011 e 2015, onde tocaram para uma plateia de milhares de pessoas.
O Deftones cada vez mais se distanciou do estilo inicial da banda, bastante influenciado pelo rap, hardcore e metal. A banda aproveitou outras vertentes que já compunham o estilo da banda, sobretudo os vocais mais melódicos de Chino Moreno, como pode ser visto na faixa “Prayers/Triangles”, primeiro single do álbum “Gore”, lançado em 2016.
A banda continua bem conceituada, principalmente no circuito mais underground. Um fato que demonstra a boa relação da banda com o underground é que desde 2009 Sergio Vega toca com os caras.
Sergio Vega além de tocar no Deftones, é baixista da banda de post-hardcore Quicksand, sendo também uma figura importante na cena hardcore nova-iorquina do final da década de 80’.
O Deftones fez um excelente show no Rock in Rio 2015. Tendo sido essa a segunda vez da banda no Festival, sendo que a da primeira vez figuraram no palco principal do Festival. Nesta tocaram no Palco Sunset, fazendo uma apresentação superior a feita em 2001.
O Korn também se apresentou na edição 2015 do Festival Rock In Rio, tal qual o Deftones no Palco Sunset. Parece que algum produtor tentou reavivar os bons tempos do new metal nesse festival.
O lema no Oganpazan é: MÚSICA É ATEMPORAL. Então pouco importa as ondas, os booms, quem existe e quem não existe, o importante é que os materiais estão ai na rede para nos deliciarmos e relembrarmos.
– New Metal: uma história de ascensão e declinío!
Por Dudu