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Nego Freeza, o Preto Velho ensina como fazer em afrobeats no Hip-Hop Nacional!

Nego Freeza

Foto por Silla Cadengue

Nego Freeza é um Mc com mais de 20 anos de carreira junto a banda OQuadro, lança agora sua carreira solo!

“Nego Freeza Preto Chave, Black Star, Banho de Mar!”

Chegou nas ruas no dia 21/04 o primeiro single do MC ipaúense Nego Freeza, um dos nomes mais destacados do cenário do rap baiano, com uma atuação de mais de duas décadas com a banda OQuadro. Atualmente vivendo em Recife, o artista construiu uma carreira de mais de 20 anos dedicadas ao rap e a cultura hip-hop, com amplos estudos dentro da música rap, mas também do hardcore e da música africana que alimenta suas idéias e produçao como homem e artista negro em diáspora. 

A faixa solo “Mutimba” com a produção do K’Boko, nos chega neste ano após três discos que são totalmente inovadores junto a sua banda OQuadro, e nos demonstra que o etarismo presente no hip-hop nacional é no mínimo contraproducente. Recentemente, Orochi, um rapper da nova geração levantou uma treta marketeira sobre afrobeats nomeado erroneamente como afrobeat, sobre um possível roubo de ideias por parte de uma empresa concorrente. 

Aqui podemos notar o quanto há uma estupidez latente e que é estimulada por views, por alguma espécie de visão mercadológica onde não é a qualidade ou mesmo a predominância de um estilo sobre o outro que determina a disputa, mas apenas a idiotia levada às últimas consequências. Orochi, Teto e uma par de MC ‘s que tem feito o que eles chamam de afrobeats são na verdade mercadores de quinta categoria quando se trata de pensar esses estilos que eles querem ser precursores!

Dito isso, nos cabe mostrar a diferença entre o que Nego Freeza está começando a desenvolver – de modo solo – e o que um amplo leque do que chamam rap nacional não consegue arranhar! Como bem nos ensinou o mestre Fela Kuti, A música é arma e neste sentido a originalidade da produção, ou em termos estéticos, a capacidade de afetar outros corpos e contaminá-los com ideias rítmicas e líricas deveria ser o principal elemento buscado. Mais do que meramente a inserção em um gênero musical, se trata antes de desenvolver um estilo, de estar em uma busca constante de entendimento do que se pode trazer de novo em meio a uma tradição!

Foto por Silla Cadengue

“Amapiano vamo mapeando, o flow loko no beat do meu bro K’Boko”

Neste sentido, o que chamávamos atenção com relação ao etarismo mostra muito bem o otarismo de uma parte grande da cena que desconhece noções como tradição, cultura, inventividade, criação, singularidade e etc… Estando assim a construir um castelo de areia por mais que esteja apoiado por milhões de views. Em seu trabalho com a banda OQuadro, Nego Freeza já está com os dois pés dentro de perspectivas musicais e líricas que dialogam com o afrobeat e com afrobeats. 

Em seu primeiro movimento em carreira solo, com Mutimba, junto ao produtor K’Boko, o MC, selecta e pesquisador Nego Freeza nos oferta uma aula em audiovisual de como é possível atualizar rimas e ideias da diáspora em um rítmicas atuais do continente. Os afrobeats modernos de tendências variadas comunicam uma criação e ideias que eclodem de uma África ricamente ilustrada por uma diversidade que é o seio de onde tudo de importante bebeu para a construção da música pop do século XX. Neste XXI é curioso ver os influxos deste movimento, e desta forma a tentativa muitas vezes beirando um involuntário quando não, consciente neocolonialismo no que lá tem sido produzido. 

Com “Mutimba”, Nego Freeza e K’Boko nos dão a possibilidade de entender como é possível pensar com e dentro dos afrobeats, K’Boko o produtor da faixa atualmente residindo na Alemanha e Nego Freeza em Recife. Se na produça K’Boko coloca pra jogo influências do Amapiano e do Afro House, Nego Freeza apresenta uma formação sólida como MC experimentado adaptando seu flow e explorando outras regiões líricas onde dança e guerra estão lado a lado. 

O clipe dirigido por Jóas Santos semioticamente nos coloca na visão de um Recife de morros e monumentos contemporâneos magníficos, nos levando a observar o movimento que vai dá margem ao centro. Que também dialoga com a própria geopolítica musical aí colocada de África, Brasil, especificamente Moçambique e Recife. 

“MUTIMBA é um tipo de dança que acontecia junto a palavras de ordem, onde os Moçambicanos revolucionários na luta pela independência, em suas vilas, dançavam para ganhar força nas batalhas. Era um tipo de entretenimento, e depois da conquista da independência, a dança Mutimba vira tradicional. Não existem muitos registros fonográficos dessa manifestação”

Através da citação acima reproduzida, podemos ver o quanto a faixa Mutimba nos apresenta de cultura Hip-Hop e certamente nos mostra a potência desta atualização que dialoga fortemente com o breaking representada pela dançarina Taís Almeida e o Rap.Desta forma, percebemos o quanto a velhice ou no caso de Nego Freeza e K’Boko a experiência pode e deve ser valorizada pois é aí que os mestre se encontram, sobretudo em uma cultura negra onde a ancestralidade em suas formas espirituais deveriam ser valorizadas. Aê molecada, senta e aprende!

-Nego Freeza, o Preto Velho ensina como fazer em afrobeats no Hip-Hop Nacional! 

Por Danilo Cruz 

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