Foto: Fernando Yokota |
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Samsara Blues Experiment, está aí uma banda interessante para se acompanhar e assistir ao vivo. Ouvi-los em disco é uma experiência bastante ampla, mas é notável o quanto cada uma das composições do grupo ganha vida própria sob o palco.
Na verdade até o formato power trio parece funcionar diferente pra eles. O vocalista e guitarrista Christian Peters faz um grande trabalho em sua Gibson. Explorando arranjos que mostram o quanto o citar indiano mudou sua perspectiva como guitarrista, seus solos e passagens instrumentais fluem como uma Raga indiana assistindo um show de Blues no Delta do Mississippi depois de uma dose de L.S.D.
Parece coisa de louco, mas faz um sentido impressionante depois que eles começam a tocar e esse que é o grande lance. Esse som ninguém faz, o Samsara encontrou a sua identidade e hoje roda o globo disseminando algo inédito e tão cheio de vida quanto o showzaço que o trio fez questão de trazer da Alemanha.
Foto: Fernando Yokota |
Muito se fala do Christian Peters, mas é válido ressaltar que sem o distinto baixo de Hans Eiselt ou a sinuosa e muitíssimo precisa bateria de Thomas Vedder, seria bastante difícil chegar ao apogeu dinâmico e orgânico que esses malucos de 2 metros de altura conseguiram.
É um poderio sonoro sem tamanho, creio inclusive que o Earthless seja uma das poucas bandas que consigam equiparar tamanha qualidade instrumental (ainda que dentro de um escopo completamente diferente), mas enfim.
As quebras no tempo, as variações na bateria, o peso e a cadência na distorção do baixo… Tudo isso, absolutamente todos esses indicadores colaboraram para que a guitarra de Peters mandasse a mente do público para bem longe, irradiando música como uma vitrola-cometa que busca apenas emanar um som cada vez mais puro e absoluto em sua essência por (infelizmente) finitos 90 minutos.
Esse é aquele tipo de show pra levar o caxias do seu amigo que acha que a música possui estrutura fixa. Ver como a bateria o baixo e a guitarra trocam seus postos no som, desempenhando papeis de protagonistas ou só climatizando as faixas com camadas siderais de psicodelia é uma prova de como é importante entender o que cada instrumento pode oferecer. Foi um verdadeiro workshop de dinâmica musical, haja metafísica e Abraxas. Showzaço!