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Música e Política, o casamento perfeito – Bolodoido Musical

during a march with Iraq Veterans Against the War on Wednesday, August 27, 2008. They set up a meeting with a liason to Sen. Barack Obama's campaign. (TIM HUSSIN/ROCKY MOUNTAIN NEWS)

Música e Política, o casamento perfeito – Bolodoido Musical selecionou 10 exemplos que revelam a força dessa relação nos últimos anos

O casamento mais que perfeito é quando se fundem música e política, particularmente considero que bandas que se posicionam de forma incisiva naquilo que acreditam trazem muita verdade.

O foda é que por muitas vezes tem muita gente babaca que ouve o som, até entende as letras, porém não fazem algo de útil com aquela mensagem que a banda passa, prefere curtir o som pelos riffs. Meu caro, você é um cuzão.

É inconcebível, por exemplo, o cara ouvir bandas de hardcore/punk e se posicionar de forma reacionária, minimamente você não está entendendo porra nenhuma, ou tem sérios problemas de cognição.

Mas não apenas no hardcore/punk temos bandas bem politizadas, e com pensamentos firmes, temos exemplos em vários estilos musicais. No entanto, para essa lista, vamos focar no rock, até para demonstrar para muitas pessoas que hoje alegam a “ausência de atitude” no rock, que com certeza você está ouvindo as coisas erradas, ou se simplesmente tem sérios problemas de cognição.

1. Pearl Jam

O Pearl Jam sempre teve um engajamento político forte, podemos citar aqui duas situações para ilustrar.

Primeiro, o Pearl Jam comprou uma grande briga com a empresa Ticketmaster, para uma redução nos valores dos ingressos dos seus shows, bem com que parte da grana dos ingressos fosse para as causas sociais. Como bom filhosdaputa que são, a Ticketmaster até aceitou a segunda parte do acordo, mas resolveu subir os valores dos ingressos. Treta instaurada.

Outra coisa, muito foda, que os caras fizeram foi abrir mão dos royalties gerados pelas vendas do merch oficial da tour brasileira de 2015, doando sua parte nas vendas para instituições que ajudaram no combate  aos impactos causados pela Samarco na tragédia de Mariana/MG.

Por fim, cês tão ligados que os caras não eram muito fãs de clipes. Eles viam essa parada como algo meio entubado pela indústria fonográfica aos artistas e ao próprio público, então decidiam não fazer.

Ainda bem que chegaram a fazer o clássico clipe de “Jeremy”, que segue abaixo e tem uma mensagem pesada:

https://www.youtube.com/watch?v=MS91knuzoOA

2. Rage Against The Machine

Os mais radicais costumam falar que o Rage Against The Machine é produto de gravadora para jovens rebeldes, isso porque os caras mantinha contrato com a Sony Music. Talvez estejam certos, porém prefiro ter outra visão dessa relação.

Vejo que a Sony se aproveitou para caralho das vendas de discos do Rage Against The Machine, por outro lado o Rage Against The Machine soube aproveitar muito bem toda visibilidade dada pela Sony para mandar ver.

Os clipes do Rage Against The Machine são verdadeiras aulas de história, quer seja em “Freedom” que fala sobre a prisão arbitrária de Leonard Peltier, ativista dos direitos dos índios americanos, ou em “Bombtrack” onde apresentam ao mundo um pouco do Sendero Luminoso (Peru), não esquecendo de “Guerrilla Radio”, que retratam um pouco das tristes maquiladoras mexicanas.

Além dos exemplos citados, o Rage Against The Machine foi um dos maiores divulgadores do EZLN (Exército Zapatista pela Libertação Naciona/México), pelo menos no mundo fora dos noticiários, atingindo assim muitos jovens.

Uma das ações mais legais do Rage Against The Machine foi show em meio aos protestos contra o sistema de eleições norteamericano, baseado em suma em dois partidos: Democratas e Republicanos.

Esse show/protesto é muito importante, primeiro porque foi praticamente na porta da convenção do partido Democrata e depois porque reúne todos aqueles e todas aquelas que são contra o sistema de democracia norteamericanos. Então tem diversos punks, membros de gangs, ativistas de tudo que é causa, uma festa linda, pois todo mundo estava com muito ódio.

3. L7

Esse grupo tem mulheres maravilhosas, dentre elas a Srta. Donita Parks, que mulher!!!

Donita junto com as L7 organizaram o Rock For Choice, em parceria com a organização feminista Feminist Majority Foundation. O evento visou arrecadar fundos para instituições Pro Choice, favoráveis ao direito da mulher escolher entre abortar ou não.

O festival reuniu diversas bandas, dentre elas o Nirvana.

4. Lunachicks

As nova-iorquinas do Lunachicks também fecharam no Rock For Choice, demonstrando assim engajamento com as pautas feministas, sobretudo no que diz respeito ao direito ao aborto, pauta principal do evento.

5. Fugazi 

Uma das bandas que tinha tudo para se vender gostoso para as grandes gravadoras mas se mantiveram firme naquilo que acreditavam.

Na época que o Fugazi tava badalado, várias gravadoras queriam se aproveitar disso e aqui vou dizer, uma coisa é você se manter no underground porque não tem jeito, outra é você ser independente por opção, é você recusar propostas e impor valores de ingressos acessíveis, isso sim merece todo respeito.

O Fugazi era assim, não tocava em eventos com valores de ingressos elevados, remava contra a maré do mainstream e também foi uma das bandas a tocar no Rock For Choice.

6. The Biggs

Vindo mais para nossa realidade, no interior de São Paulo, Flávia da banda The Biggs é uma das idealizadoras do Girls Rock Camp.

O Girls Rock Camp é uma acampamento de férias exclusivo para meninas, onde elas experimentam vivencias musicais de todos os tipos, servindo também como um local para troca de experiências entre as participantes, e uma excelente oportunidade para que sejam criados laços entre as meninas.

7. Gritando HxCx

Também de São Paulo, a clássica banda Gritando HxCx sempre foi linha de frente contra essa sociedade fudida.

Quer seja nas letras, quanto na postura do pessoal da banda, o viés político sempre foi evidente.

Recentemente a banda tocou no evento Hardcore Contra o Fascismo, realizado nas ruas da capital paulista, visando não apenas ser um evento musical, mas um verdadeiro ato político.

8. Racionais MC’s

O que falar do grupo que já deve ter dado vários “nãos” a Rede Globo?

Muitas pessoas não entendem o fato de alguns integrantes do Racionais terem aparecido na Globo, mas o grupo não. É simples, a instituição Racionais Mc’s tem um peso enorme, sendo muito maior que os próprios integrantes e, por óbvio, grande demais para aquela emissora.

Os caras sabem disso e mantiveram firme sua postura. Na real, sempre tiveram muita coerência nas suas aparições nos meios de comunicação.

A mesma coerência e cautela pode ser observada nas letras e nas atitudes dos integrantes, eles sabem o quanto qualquer coisa relacionada aos Racionais reverbera bem mais que qualquer outro grupo do Brasil.

Os Racionais MC’s arrastam uma legião de guerreiros e guerreiras de diversos locais e realidades distintas. Esse é o poder do Racionais, eles entram pelos fones e dizer: “Esse não é mais seu”.

9. Planet Hemp

Aqui temos a versão brazuca do Rage Against The Machine, não pela sonoridade, mas pelo fato de também terem assinado com a Sony Music.

Mais uma vez, tem que se ter cautela em observar esse contrato. Notadamente, existiram trocentas bandas no país que falaram abertamente sobre maconha, legalização da ganja e violência policial, nenhuma teve o impacto que o Planet Hemp. Óbvio, a Sony music tratou de explorar e amplificar as ideias do grupo.

O Planet Hemp invadiu os lares da família brasileira, não adiantando muito censurarem do clipe de “Legalize Já!”, pois eles já estavam ali roubando a mente dos jovens e passando suas ideias.

E parece que quanto mais o Estado caçava os caras, mais público atingiam. O ápice foi a prisão em Brasília, ali sim ficou claro que os cães poderiam ladrar, mas o Planet Hemp estava mais era se fudendo para eles.

https://www.youtube.com/watch?v=XaCeB4Ouh84

10. Dead fish

Finalizaremos com algo mais atual, que é o maravilhoso disco do Dead Fish, “Ponto cego”.

Esse disco é um recorte bem lúcido sobre o atual momento político do país, sendo certo que futuramente quem quiser entender um pouco dessa maluquice que estamos imersos, bastará ouvir as faixas do disco que terá uma ideia do quão louco foram esses tempos.

Para além disso, o Dead Fish também chegou junto no ato do Hardcore Contra o Fascismo, deixando evidente de que lado da trincheira estão.

 

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Por Dudu

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