Muñoz e Quarto Astral, o duo catarinense e o trio pernambuco uniram forças para produzir uma deliciosa live, groovando bonito em colaboração
Recentemente a banda pernambucana Quarto Astral percorreu as estradas do Brasil numa gig que os levou até o extremo sul do nosso imenso país. Esse trio que é figurinha certa em diversas de nossas publicações, embarcou numa turnê que recebeu o sugestivo nome de Interdimensional, o que obviamente não foge da realidade em nenhum dos multiversos nos quais a música dos caras habita.
O trio formado por Thiago Brandão, Bruno Brandão e Marcelo Rangel, atravessou 8 estados em 18 shows astralizantes, pelo nordeste, sul e sudeste do país. Além disso os caras já gravaram o sucessor do excelente Fenda Uni-Verso (2016), que sairá pela gravadora Abraxas Records e foi todo feito no estúdio Biscoito Fino no RJ. Dito isso, chegamos a uma parte não menos importante dos trabalhos interdimensionais produzidos pelos caras nessa linha de fuga criadora em nosso território.
Em Florianópolis (SC) os caras “travaram” contato com o duo Muñoz e produziram uma live session toda trabalhada no groove. Essa barulhenta dupla mineira que se radicou em terras catarinenses é formada pelos irmãos Mauro (guitarra/vocal) e Samuel Fontoura (bateria). Os caras vem dos excelentes Nebula (2014) e Smokestack (2016) dois discos que faz um tempo conservamos aqui em nossa playlist rockeira.
Portadores de um som de forte veia “heavy blues stoner”, o Muñoz produziram sem dúvida alguma, em congruência com os Progressivos space e heavy rockers do Quarto Astral uma Live Session inesperada e intempestiva. Retrato sonoro das possibilidades grandiosas que um encontro de peso é capaz de evocar sugerindo direções e novas possibilidades para ambas as bandas, e de algum modo demonstrando o excelente momento do rock nacional em termos criativos.
Seria fácil prevermos que a união dos aspectos mais singulares de cada uma das bandas fosse gerar um hibrido, unindo a crueza metálica, a aspereza urbana e o o peso e retidão da Muñoz + as viagens, a amplidão cósmica e a claridade filosófica, espiritual e sonora da Quarto Astral num animal sonoro clonado desses aspectos. No entanto, e é isso que nos move ao buscar a música, a união das bandas produziu um pequeno e inesperado monumento ao groove.
Na reunião criativa e descontraída dos cinco artífices dessa sessão, “Ponta de Fumaça” é o resultado músico-vivencial dos bons encontros, é uma linda sessão do que poderíamos chamar aqui de Progressive Funk Rock (qual a graça dos rotulos senão brincar com eles?)! Toda essa vivência ficou registrada em imagens pelo diretor de cinema e fotografo Renan Casarin, que foi o responsável pelas imagens da “Turnê Interdimensional” em sua passagem pelo sul do país, e que fez as vezes de um Jean Rouch da psicodelia stoner heavy grooveira!
Esse real diretor cinema verité da cena stoner, captou dos apertos de mão da brodagem chegando e sendo bem recebida, passando por um estranho ritual ancestral de incensar as novas cordas da guitarra, até o “pulo do gato”. E apesar de alguma dificuldade inicial em ajustar o tempo mental do baixista Bruno Brandão, sempre pensando eras a frente numa velocidade que em seus ápices só pode ser medida em mach, tudo se harmonizou como pode ser visto no vídeo.
Sendo assim, senhoras e senhores, saquem essa pedrada audiovisual e fiquem atentos aos próximos sinais, muita coisa para sair dos caras do Quarto Astral em breve e com certeza também do duo Muñoz!
https://www.youtube.com/watch?v=SFQIM9SObt4
