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MP VRP é um novo valor do Hip-Hop Nacional made in Ceará

MP VRP é um novo valor do Hip-Hop Nacional made in Ceará. O jovem MC soltou seu primeiro EP Renascimeto (2020)

Novos valores precisam ser cultivados em quaisquer que sejam os campos da existência, no cenário do rap nordestino são muitos os que pipocam e passam fora do radar da maioria. O Hip-Hop nacional necessita de reais novos valores, precisa aprender a fomentar um crescimento que abarque todo o território nacional e esse esforço implica o conjunto inteiro da cultura. Costumamos ver MC’s do eixo serem alçados ao posto de novos gênios com menos de um punhado de singles. E por conta da desigualdade que a visibilidade nordestina possui, por aqui é necessário uma caminhada de anos para que o reconhecimento aconteça. 

O outro procedimento necessário para ter essa visibilidade é migrar para o eixo e tentar a sorte por lá. Temos batido na tecla de que o cenário do hip hop nordestino precisa se conhecer melhor e se fortalecer localmente para que tenhamos uma cena auto-sustentável. Meu mano Rômulo Boca me deu a letra de um jovem MC que tem chamado a atenção na cena do rap no Ceará e interessados que somos, fomos atrás. MP VRP nos pegou de primeira com o seu EP Renascimento (2020) e de lá pra cá, a audição passou a ser diária. 

No estado que nos legou Comunidade da Rima, Costa a Costa, Don L, Nego Galo, Jonas de Lima (Coro MC) e o próprio Rômulo Boca, e que hoje conta com uma nova geração pesada, que tem aparecido por aqui com nomes como Doiston e Frvnklin Machado, é necessário “explorar” e estar atento. Pelos nomes mencionados acima, deveria ser já de saída óbvio que o que surge por lá carrega toda essa força, e obviamente MP VRP o faz com um vigor criativo e com uma criticidade que se insere na rica tradição local. 

O seu primeiro EP conta com cinco faixas e não nos entenda mal quando dizemos que nos pegou de primeira. Esse chiclete não se dá por conta de procedimentos clichês que hoje fazem parte de boa parte de uma cena raquítica que se coloca/colocam no hype pelos procedimentos mais escrotos. Antes, por estarmos diante de um MC real, com qualidade e substância suficientes para fazer exatamente o oposto do que está na moda, buscando desenvolver-se com uma linguagem própria em termos de flow e de lírica. 

O EP concebido durante a quarentena possui todos os beats produzidos por Apo.llo, o que nos apresenta uma coesão de timbres ao longo de todo o EP, apesar de variar nos ritmos apresentados. Aliás, é importante deixar claro que as cinco faixas correm tão suavemente e com essa coesão timbrística acima mencionada tão bem colada às temáticas firmes e críticas do MC, que terminamos a audição sempre com um gostinho de quero mais. A partição de Brabo Mrc (rapper de Maracanaú) na faixa “Faca nas Costas”, também vale ser mencionada pelo entrosamento dos dois artistas, e sobretudo pela qualidade desse feat, em uma das músicas mais fortes do EP. 

O mano Marcos Paulo (MP) carrega em seu nome artístico o VRP (Veneno Ritmo e Poesia), o que nos denota duas questões, sua estréia na cultura hip hop rimando junto ao parceiro Guelmi no coletivo de mesma sigla, mas também a própria concepção que o rapper tem de sua arte. Uma poesia ritmada no veneno, para matar os sufocos e opressões. Tal qual a recente heroína: a Naja Comunista, MP VRP produz linhas que são direcionadas para inocular veneno nas falsidades da vida, mas também nos obstáculos que se impõem a todos que buscam viver de sua arte. 

Ao longo do EP, nos pegou sobretudo essa concepção da cultura hip-hop que atravessa toda a obra, arte e crítica, rima e flow agressivos, poesia engajada, algo tão fora de moda para o que está no topo, mas ainda assim, aquilo que mais interessa ao nosso povo em nossas periferias. Escutem MP VRP, descubram esse novo valor da cultura Hip Hop nacional, vamos cultivar um nordeste forte, e sempre combativo contra a opressão que nossos tempos escancaram sem nenhuma vergonha!

-MP VRP é um novo valor do Hip-Hop Nacional made in Ceará

Por Danilo Cruz 

 

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