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CD's, Motorhead

Motorhead – Bad Magic

Depois de iniciar o ano de 2015 com uma comanda lotada de desistências de show (acumulados desde 2014), o Motorhead segue ”completando” o ano aos trancos e barrancos, faltando numa apresentação de Monsters Of Rock Brasil aqui e dando um migué no Wacken acolá. 
A situação da banda é lamentável, comprar um ingresso pra ver os caras é tão seguro quanto apostar na mega sena e o reverendo Lemmy está só o pó da rabiola, basta saber agora se a sua nova dieta à base de Vodka e suco de laranja vai ajudar a reparar as décadas de Jack & Coke.

Só que o mais impressionante é que, mesmo nessa onda de acontecimentos, o trio conseguiu lançar mais um disco de estúdio! Sim, o vigésimo segundo trampo de inéditas da banda, ”Bad Magic”, o sexto sob a tutela do americano Cameron Webb, surpreende por conseguir chegar em tempo para as comemorações de 40 anos de história desta praga de Speed.

Line Up:
Lemmy Kilmister (baixo/vocal)
Phil Campbell (guitarra)
Mikkey Dee (bateria)
Brian May (guitarra)

Track List:
”Victory Or Die”
”Thunder & Lightning”
”Fire Storm Hotel”
”Shoot Out All Of Your Lights”
”The Devil”
”Electricity”
”Evil Eye”
”Teach Them How To Bleed”
”Till The End”
”Tell Me Who To Kill”
”Choking On Your Screams”
”When The Sky Comes Looking For You”
”Sympathy For The Devil” – The Rolling Stones

Desde de 2004 (com ”Inferno”), passando por ”Kiss Of Death” (2006), ”Motorizer” (2008), ”The World Is Yours” (2010), ”Aftershock” (2013) e agora ”Bad Magic” (lançado dia 26 de agosto de 2015), que o Motorhead voltou a ter alguma relevância. Um fator que, sem a produção de Cameron Webb, talvez nunca tivesse voltado a acontecer.

Desconsiderando a saúde caquética e praticamente digna de um trailer de The Walking Dead do Motorhead personificado, Ian Fraser Kilmister, o maior responsável pela boa fase tardia da banda é o produtor da terra do tio Sam (Webb). Cidadão que, após cinco ótimas ressurreições, mostra sua estrela e auxilia a banda a concluir mais um bom disco, talvez na época mais improvável de todos os tumultuados 40 anos que formam a saga Motorhead.

O disco é bastante competente, só que sejamos francos, saiu num momento bastante conturbado. E digo isso não só pelos shows incertos, mas sim por que este é o segundo CD que a banda lança e (pelo andar da carruagem), não poderá ser exposto às grandes massas. Sinto muita pena de Mikkey e Phil, pois o repertório é muito bom e devido a saúde de Lemmy eles só viajam e tocam (isso quando o show se cofirma), por míseros 30-45 minutos.

Acredito que esse trabalho possa confirmar a tendência para a banda nos próximos anos. Shows nos Estados Unidos, algumas datas em grandes festivais e poucos gig’s agendados em países consideravelmente distantes (lê-se Brasil).

Lemmy tem se provado ser um cidadão bastante teimoso, mas contra fatos não ha argumentos, parece bastante óbvio que agora ele vai passar mais horas no estúdio do que na estrada. Algo que se for neste nível, será ótimo, mas que devido a essência da banda, faz os fãs pegarem o play com um ar de excitação bem menos elevado, afinal de contas nós sabemos que a cada dia que passa, a chance do britânico passar por aqui novamente (e fazer o show de fato), é cada vez menor.

Só que em estúdio a coisa rende. O disco já começa com a mescla perfeita de Blues com Speed ao som de ”Victory Or Die” e acelera a cozinha com ”Thunder & Lightning”, um dos singles deste disco e um dos temas que possui um dos pontos altos da dupla Dee-Campbell. Se compararmos esse registro com seu antecessor, é bastante notável que a banda não alterou muita coisa, a base é ainda mais Rock ‘N’ Roll e as escalas de Blues seguem como a base de tudo.

”Fire Storm Hotel” é um belo exemplo disso e vale ressaltar toda a pulsação da bateria e vibração dos solos, afinal de contas o Motorhead não poderia amansar só pelo fato de ter menos substâncias na veia, por isso a importância dos bumbos explosivos em ”Shoot Out All Of Your Lights. ”Bad Magic” surpreende também pela classe em alguns momentos, rola até participação do Brian May para finalizar o solo de ”The Devil” e mostrar aos céticos que sua Red Special com palheta de sixpense não tem frescura nenhuma.

Os sons entram atirando das trincheiras, esfarelando e dichavando Rickebacker’s com uma eletricidade impressionante. Existe vitalidade, aliás esse caráter é bastante perceptível e o conjunto da obra é bem azeitado e elaborado, escute ”Evil Eye” e perceba isso.

Sõ não espere por algo minimalista. Esse disco, assim como todos os outros que a banda já gravou, é uma amostra simples, direta e competente de peso e barulho. Um Rock ‘N’ Roll honesto para o fim dos tempos, que ao som de ”Teach Them How To Blood”, ”Choking On Your Screams” e o surpreendente cover dos Stones para ”Sympathy For The Devil”, calcula ótimas métricas para o fim dos tempos em cerca de 45 minutos de play. Mikkey Dee & Phil Campbell, que dupla, ”Till The End” é um veneno!

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