Os machistas vão tremer quando os versos de Mirapotira e Cíntia Savoli se fizerem ouvir!
Nossa educação machista admite até que apanhemos numa briga, porém apanhar de mulher jamais. Sem dúvida é uma humilhação demasiado grande para o ego machista receber esculacho de uma mina. E diante desse cenário, Mirapotira tem aplicado lições exemplares em alguns rapazes Brasil a fora com seu freestyle afiado como um bisturi. Essa cirurgiã do rap promove mutirões para extirpar qualquer tipo de machismo, sexismo ou outras formas de opressão nas batalhas de Mc’s.(veja aqui e aqui) Apesar do hip hop ser um movimento estético-politico que luta contra a opressão, ainda vivemos num cenário muito machista, mas que aos poucos vai sendo contestado pelas inúmeras guerreiras do rap, grafite, break e Dj’s. Elas vem se posicionando no jogo com qualidade ímpar e discurso afiado que deixa muito claro que é a qualidade do trabalho que deve importar.
O Rima Mina é um coletivo que vem lutando essa batalha de todas as formas que o hip hop é capaz, ou seja, produzindo conhecimento para empoderar as mulheres e torna-las capaz de chegar na cena e mostra com qualidade seus trampos. Contando com os elementos do hip hop em sua formação, conta também com aulas de defesa pessoal, pois se a ideia não vencer as minas quebram. Mirapotira que também é arte-educadora, forma junto com Sista Katia , Dj Nai Sena e Cintia Savoli, o núcleo inicial que vem se expandindo em forma de oficinas, as mais diversas, tais como: Defesa Pessoal, o Risca Mina(grafite) e aulas de Freestyle.
Conteúdo e destreza nas rimas, assim como a práxis revolucionária formam o binômio que compõem a essência da rapper manauara radicada em Salvador, que desde 2004 está nos corres, indo aos poucos e forçando á base de muita luta sua inserção no cenário do rap. Construindo com muito trabalho e qualidade um verdadeiro respeito do público. Viajando pelo país desde sua terra natal, Manaus, onde iniciou no rap e na atuação politica, participando de diversos encontros e formações politicas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e vencendo batalhas de freestyle em BH e na BA.
Na correria para lançar seu primeiro EP, já colocou na rua a primeira música que abre essa caminhada, deixando claro qual é a sua posição: Rap ou Nada. Firmemente posicionada, a música conta os problemas superados e o sonho do qual ela não abre mão, e que aos poucos vai tornando realidade.
A pouco mais de 15 dias, a artista deu ao público brasileiro uma segunda oportunidade de conhecer seu trabalho. Desta vez com o clipe de Sobrevivente da Rua, junto a sua parceira de correrias Cintia Savoli, que em nossa opinião já estréia como um importante lançamento no rap brasileiro em 2015. Contra o moralismo machista que curte chamar mulher de cachorra, Mirapotira contra-efetua revolucionariamente se posicionando como vira-lata, e exigindo respeito, a ideia é forte e visa fortalecer e problematizar o tratamento dado ás mulheres dentro da cena.
Fugindo dos esteriotipos que durante muitos anos, fez com que algumas mulheres precisassem se masculinizar para participar da cultura hip hop. A Ideia é conjugar a liberdade do corpo com a da mente, pois estas não podem estar separadas. Disto a artista está plenamente consciente, não basta ter nascido mulher. Mirapotira sabe que seu lugar de fala é brigado, tomado e construindo por um tornar-se mulher irresistível, que conjuga estética e politica. E é reafirmado a cada dia, diante das contradições da nossa sociedade machista – que se reflete na cultura hip hop – suas posições e sua liberdade. Agora é aguardarmos as próximas novidades que a rapper nos prepara.
Assista ao videoclipe: