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Melhores Discos, Mixtapes e EPs do Rap 2019, que estão fora do seu radar

Melhores Discos, Mixtapes e EPs do Rap 2019, que estão fora do seu radar, não no do Oganpazan, pois aqui não rankeamos, expandimos

É fim de ano e noiz tá como? Cobrando release e ouvindo o rap nacional. É fim de ano, mas o calendário cristão é tão fake quanto essa mensuração do tempo que aceitamos naturalmente sem perceber que estamos apenas diante de uma convenção. Por aqui seguimos na adoração de Aion, mas convivemos na luta com Cronos, buscamos a duração e não a repartição do tempo pelos ponteiros. A mensuração, o tesão por ouvir os melhores do ano, e fazer aquela listinha faceira é um desejo que já sacudimos do corpo. A missão que nos colocamos é a de seguir num fluxo contínuo de tempo descobrindo artistas e grupos, assim como seus respectivos trabalhos e pensa-los.

E assim como os ponteiros voam como jatos (Oddish), o derrame de discos no rap nacional não para, da mesma forma como não paramos de descobrir trabalhos lançados há algum tempo, mas que não chegaram em nós. Quantidade que em nossa humilde opinião e baseados em nosso gosto, consciência histórica e viés crítico, estão em um excelente nível. Basta uma passada de olho em todas as listas de melhores para percebermos as incongruências e falsas cotações, quando não determinadas pelo gosto pessoal e a assunção de se tratar de uma lista daquilo que se ouviu. 

Absolutamente todos os que aqui se fazem presentes, estiveram programados como resenhas autônomas, é o que gostamos de fazer e não paramos o ano inteiro. Mas, assim como Papai Noel não virá entregar presentes para nós, também não conseguiremos tempo suficiente para resenhar um por um, por estarmos sozinhos nessa missão. Sendo assim, separamos 10 discos, entre eps, mixtapes e álbuns que para manter a tradição vão aqui literalmente de norte a sul do país. e assim soltamos a última matéria do site até o ponteiro bater 00:00hs. A ideia é simples, colocar uma pulga em vossas orelhas, será que aquela lista realmente abarcou o rap nacional? O ano talvez seja novo, mas o quanto vocÊ faz de novo, o quanto você realmente deixa de novo passar? O Oganpazan seguirá na luta, forte abraço a todos que estão produzindo, liga nois.

Leiam e ouçam, abram aquela e amanhã manda guia, mp3 e release bonitinho… Enquanto isso flagrem esses trabalhos e pronto, já temos uma puta trilha sonora de raos pra virada! 

Ministério yÁ’t – Jesus (2019)

O nosso coração ateu é bastante tolerante, e ouvir o projeto que se inicia com Jesus (2019) nos faz querer sim adentrar o Ministério yÁ’t com um bom copo de São Jorge e meter dança. Como relação a concepções religiosas estamos sempre abertos a boa música, e aqui o Jesus é colocado dentro de um campo musical todo trabalhado pelo candomblé: o Pagodão baiano. A mistura musical proposta aqui é a da relação entre o Trap e o Rap com o Pagodão, via AquaHertz Beats que a cada produção que metem a mão convertem água em vinho, as percussões ficam por conta de Heverton Didoné e Emerson Reis.

Esse Ministério yÁ’t é composto pelos autores : Apu, Marcola, Ramón Velásquez e ao contrário de outros convertidos recentes, não gritam aquilo que creem ser a verdade, aqui o papo é um flow agradavél com mensagens que rompem de algum modo dogmas. São curtas 5 faixas e ainda assim, é um disquinho marcante. Metade pela produção excelente, metade pela acertada escolha de não tratar de religião mas sim de um esperitualidade mezzo difusa que no fim das contas, trata de uma busca pelo sagrado. Quarto projeto musical apresentado por Marcola no ano, e o nível de sua arte só aumenta, seja na Turma do Bairro com Ramon Velasquez, ou aqui com Apu! Escutem    

Samora Nzinga – DAAT (2019)

Conceitualmente se posicionando dentro do que chama de AfroTrap, o disco do mineiro de Belo Horizonte Samora Nzinga chega preenchido das experiências que os 400 dias de trabalho e a sua travessia para o continente africano lhe proporcionou. Como bem constata Celso Ramos, somos filhos da mesma mãe, África, e nesse distanciamento e desenvolvimentos da saudade da terra natal, que o mc mineiro trabalha seu disco. Tendo passado pelo sudeste do continente africano, Samora Nzinga apresenta uma mistura sonora que é bastante original e inovadora no conjunto, mesclando as batidas africanas às de diáspora, chamando pra jogo uma ancestralidade que atravessa todas as nossas expressões sonoras.

O disco ao longo das suas 12 faixas nos convida a renpensarmos os modos engessados em que colocamos o rap muitas vezes. Ao reunir as raízes pivotantes que os pretos e pretas em continente americano reimplantaram e unir muito disso com sonoridades contemporâneas da África, nos faz um convite iresistível. Na realidade o artista, constrói uma armadilha africana (AfroTrap) onde o ouvinte é enredado a absorver as mensagens de rendenção do nosso povo, de resgate de nossas raízes, de valorização de coisas simples da vida.

E essa valorização toda é também fruto das 19 participações que ajudaram o artista a construir mais esse pedaçõ de sua obra, contando entre outros com as partipações de Djonga, DJ Spider, Paige e Ana Roberto. Esse coletivos todo forma o Ubuntu transcendental que faz com que o disco comunique tão bem: sou por que somos. E aqui isso toma a proporção coletiva, estamos falando de rap porque África existiu e essa nossa origem. AfroTrap para você tentar se desviar!   

Margem Now (CE)

Estamos diante de um nascimento que veio a luz no mesmo dia do nascimento de Dionísio, deus grego da fecundidade e da alegria. A banda cearense Margem Now soltou seu primeiro trabalho no último dia 25/12, o EP Capital (2019) contendo três faixas, com uma excelente produção visual, a banda é formada por Jonas de Lima (voz e composições), Levi Linhares (bateria e arranjos), Lucas Alves (guitarra), Daniel Vieira (baixo) e Eros Augustus (teclado). As três faixas apresenta uma banda de rap que já se apresenta com uma estética que foge ao que estamos acostumados no rap nacional.

Calcando seu trabalho no cruzamento do rap com ritmos diaspóricos como o soul, maracatu, funk , jazz e eu diria um certo acento rock alternativo. A banda soltou o EPzinho no dia do nascimento do pivete Jesus que mais de 2000 anos atrás já nasceu perseguido e passou a vida a margem da sociedade de sua época. Capital é sobretudo uma reflexão musical – em novos moldes – no rap nacional, partindo de Fortaleza, uma capital como muitas outras, onde os pobres são constantemente massacrados, onde as instituições são feitas para a crueldade ou burocrátizar a nossa miséria.

Um retrato duro de tudo que vivemos em nossas grandes cidade, desenhadas pela qualidade do Jonas de Lima em suas rimas e muito bem acompanhado por uma banda competente e que se mostra inventiva. Sob as raias de um capitalismo cada vez mais dominante de todos os aspectos da nossa vida, as linhas apresentadas no trabalho, sejam elas poéticas ou sonoras nos chamam atenção para esse processo onde nossa existência se transforma numa commodities. Onde certas vidas pode pagar pela existência e outras são descartaveis, pois não geram lucro e empendem a máquina de funcionar. Uma cidade que transforma tudo em capital, mesmo aquilo que não parece ser lucrativo, gera investimo e é capitalizado. Sejam enterros, engarrafamentos… Conheçam e acompanhem.

Daniel ADR (PA)

Jovem talento diretamente de Belém do Pará, Daniel ADR se destacou logo cedo nas batalhas de rima, e logo de cara se transformou num matador dos mais velhos, nas rimas. Essa explosão na cena local o levou a Meca das batalhas, com a sua participação no Duelo Nacional de MC’s em BH. Aos poucos Daniel ADR vem tateando suas composições e passeando por estilos, texturas e temas no seu rap. Com dois eps que antecedem esse último trampo: Com Amor e Dor, a Minha Flor da Tailândia (2018) foi seu passeio pelo amor nas suas rimas, flertando com uma estética lo-fi. 

Atualmente Daniel ADR faz parte da Red Haze Crew e soltou esse Luminescente (2019), um EP com três faixas onde o Mc destila sua onda na estética do Trap, contando com a participação do mano Cachalote. O fato explicito que esse diquinho nos apresenta é que o Daniel ADR é uma jovem promessa capaz de transitar por estilos e temas, sem ser óbvio. Ao longo de seus trabalhos segue imprimindo e desenhando seu estilo em estéticas distintas. Conheça esse trampo que conta com beats muito bacanas de RxPHx, Moraes MV e uma parceria entre Erick Di e Navi Beatz, em uma produça. Mirem o norte, pois tem uma cena super rica. 

Pete Mcee (PR)

Para os grandes entendedores do rap nacional um aviso: Pete Mcee segue sendo o artista que vocês não ouviram, e deveriam ter vergonha. Curitiba segue sendo o local nacional que para nós é uma incógnita, a aproximação dessa cena é necessária e cansativa, e aqui está a prova. A tradução cinematográfica para isso, está presente no filme do disco, que ficou por conta de Felipe  Fonseca (roteiro e direção), onde Pete Mcee corre no meio da chuva atrás do ônibus. O disco “Selva de Perdas : As Lágrimas do Astronauta” (2019) é daqueles discos que dá vergonha alheia das listas de melhores do ano, pois revela a ignorância que percorre todas elas. Um disco que apresenta uma força muito grande de transmissão de ideias que nos servem para nos cuidarmos e ao mesmo tempo para cuidarmos uns dos outros.

A escrita de Pete Mcee, o seu transformar em linhas poéticas suas dores, nos transmite com uma firmeza e musicalidade  muito fortes, um senso que foge do rami rami do choramingo. Há em sua entonação e em suas cadeências uma força de certeza e de luta suavemente firme. Não apenas pensamentos diferentes, sonoridades diferenciais, é uma arte que exalta uma diferença fundamental contra muita coisa que está aí. Um pai que entende que deve guiar seu filho mas não determina-lo, o Pete Mcee deixa sair sua música do seu âmago sem interferências visando alcançar um resultado, o filtro sendo apenas a artesania. E assim ele vai transformando sua vida em linhas, cores, imagens em movimento, utilizando o caderno de rimas, os rascunhos como pista de voô. Haveria muito a dizer sobre esse trabalho, mas Cronos bate a porta, chato que só ele.

Precisamos finalizar chamando atenção para o fato de que João Taborda fez um trabalho primoroso como beatmaker e produtor do disco, e que as participações de Carol Passos, Yuri Lemos, Adrielly, Pecaos, Skraba e Rodrigo Zin nos vocais e João de Mello, Eduardo Rozeira, Thiago Ramalho, fazem participações que engrandecem o trabalho, compondo esse mosaico de modo harmonioso. Escutem e assistam!

Dactes & Sico (BA)

Um produtor e um Mc, dois amigos que vem correndo juntos fazem alguns anos e é notória a evolução dessa “dupla”. Grande parte das produções e gravações feitas na cidade de Salvador passam pelas mãos de Dactes que num processo que já remonta há alguns atrás, vem se tornando um grande produtor e rimador com uma estética própria. Sico abre alas de sua carreira solo ancorado em pelo menos um pilar de seus trabalhos anteriores, o próprio Dactes. Os caras eram parceiros no saudoso grupo N’Ativa, e com o fim do grupo, Sico segue agora solo, e investe em seu primeiro EP nessa parceria supramencionada.

Se você tem medo de dar o play em trampos que se colocam na estética do Trap, vá sem medo aqui. Os caras produzem na confluência de suas qualidades, um disquinho que em suas 5 faixas fogem dos clichês e aplicam as técnicas conhecidas do Trap com muita qualidade. 24 (EP) é um trabalho que precisa ser conhecido e aqui temos dois nomes da cena de Salvador que vocês precisam conhecer… 

https://www.youtube.com/watch?v=qshV6lco7sc&list=PLeFW_AG9XxBv1iNHlVhnpAeXnIBeJuQaX&index=1

Ba Kimbuta (SP)

Aqui temos um veterano, alguém que vem sendo talhado e se talhando num movimento perverso que pretos que ousam fazer algo diferentes são enredados, mas também numa caminhada bonita de construção de um monumento para novas gerações aprenderem. Ba Kimbuta está se movimentando desde 1996 e muitos não sacam um trampo que busca sempre inovar, eu confesso que já tinha escutado via o grande Ed Brass, que me mandou o excelente e experimental Radio Diaspora, mas antes disso nem uma palavra. Ali já tinha rolado uma bugada, o free jazz e o rap que aqui no Brasil uma novidade, nos assaltava.

Seu primeiro trampo solo é o maiúsculo Universo Preto Paralelo (2012), e ali o trabalho de Ba Kimbuta já visava levar o rap a um diálogo com outras vertentes como o afrobeat, reggae, soul e samba. Agora no fim de ano, nos chegou o EP Não Sucum-BA (2019), o disco foi lançado no dia 20 de novembro com a produção do Dj Crick e gravado no estúdio Kasa. O disco segue ao longo de suas 7 faixas numa proposta que mixa África e nordeste, o boombap novaiorquino e o mel do melhor da poesia diaspórica.

As participações de Buia Kalunga, o poeta Nelson Maca, do produtor Feroz, enriquece a proposta de uma combatividade emiscuida em uma sonoridade potente. As cordas provenientes do Blues do Saara utilizado em muitos samples, as batidas contemporâneas do Trap, as teclas e o fole da sanfona nordestina dão-nos uma forte ideia musical que é complementada por uma poesia de guerrilha, rap aquilombado, um bonde contra a opressão do nosso povo. Embarque! 

Flameboi Matt (MG) 

O mano Matheus Coringa é uma das nossas âncoras no under nacional, e foi através dele que separamos esse trampo pra conhecer, ali pelo twitter. E dando o play após acordar, fomos catapultados para um futuro e para uma outra dimensão. O Trap futurista de Flameboi Matt, nos abriu para uma produção que foge de tudo que estamos acostumados a ouvir vindo das Minas Gerais. Direto de Uberlândia, em sua máquina do tempo feita de rimas e beats, o jovem construiu um disco bem diferente de tudo que ouvimos esse ano. Batizado Matheus Mafra, esse jovem de 20 anos saiu das produções de lo-fi para entrar no rap em 2016 e de lá pra cá veio construíndo um estilo todo próprio. Já com singles, EP’s e participações em sua breve carreira.

Ao invés de clichês faceis, brincadeirinhas e estilo copiável, Flameboi Matt veste o seu exo-esqueleto e encarna um antiheroi numa distopia cyberpunk, refletindo e retrabalhando suas dores, nossa realidade assustadoramente distópica. Tudo isso no talento, com construções musicais e poéticas que realmente nos impulsiona para esse mundo todo particular. Project 3050 Cap. 1 (2019) seu primeiro disco conta com 15 faixas e é a primeira parte de uma trilogia. Seu futurismo, como tudo aquilo que de melhor produziu a ficção científica é muito crível, seja pelo contorno afetivo e mental conturbado, seja pelo universo que se constroí e que recebe uma capa à altura, seja pelas pinceladas de política que são riscadas aqui e ali.

O disco traz produções de XB$, SUNSON, ROD SHAWTY & GU$TAVERA e participações de AKA LEK, SAUKEN, DHION, SAINT SHOTARO, além de beats próprios, e nessas colaborações de toda ordem, você ainda assim estará diante de um universo caótico com um senso estético muito bem apurado na construção. Faça o download desse software imediamente no seu cerebro. 

Lucas Felix (SP)

Aqui nós temos um mundo, somos assaltados por um universo novo, explodindo de ideias mas do que de meras referências, afinal essas todos as possuem. A questão é como transforma-las em uma obra que nos faça conjugar estranheza e curiosidade. E é isso que o Lucas Felix consegue fazer: nos imprimir aquela vontade de explorar seu pouco mais de uma hora, de arte apurada em rimas e beats: Música. Elefante (2019) é uma obra para quem não coloca seus gostos a frente do desejo de descobertas. É um disco que demanda tempo e atenção, desprendimento dos nossos hábitos de consumo em arte, e não apenas pelo seu tamanho.

Como disco de estréia o rapper paulista nos propõe uma experiência musical que não condiz com o tempo em que vivemos, de uma complexidade simples numa mistura de sonoridade e texturas muito rica. Provavelmente muito terão repulsa ao colocar para ouvir, ou nem darão o play pelo “tamanho” do disco, olha onde chegamos. Um aspecto pelo menos, presente no disco, nos tocou bastante e é um sentimento de paternidade e um sabor de infância que está ali no meios desse caos organizado. Um pouco como a formação do garotinho em El Topo (1970). Há também a inocência, um devir criança nesse disco, que se ancora muito na influência explicita do Antoine Saint Exupery e o seu clássico O Pequeno Príncipe, referência explícita na capa do Cayo Carig.

O disco do integrante do A.L.M.A., ainda traz diversas participações que o artista maneja muito bem dentro do seu projeto, as produções que tiveram as mãos do próprio Felix, além de Masthif, Cínico e Wendeus. Na facção lírica, um bonde colabora: Débs, Rômulo Boca, THC, Rodrigo Zin, Mia, Libertamente Sounds, Bilak Rockwin, Kaneda, Letts, Lua, Kiim Vênus, são os e as meliantes! Com absoluta certeza, esse é um dos discos lançados em 2019 que ouviremos muito ainda. Faça o mesmo!

Rua 3 (RS)

Curioso que temos trombado com trabalhos que nos chegam diretamente da cidade de Alvorada, região metropolitana de Porto Alegre. E o que temos recebido de lá é rap de alta qualidade. Rua 3 nos foi apresentado pelo grande Bob RAPLV e dando o play nessa segunda mixtape dos caras, a parte do nosso cerebro que serve ao bom rap sorriu. Não um riso de desdém, mas aquele outro de reconhecimento imediato de algo que nos deixa feliz. Três anos após sua mixtape de estreia que o levou a ser conhecido em seu estado e região sul: Contador de Historias Desse Lugar que Ninguém Viu (2016) é o antecessor do seu novo trabalho, e vale muito a pena você ouvir também. Conhecer esse trabalho, como de modo geral ouvir os trabalhos díspares e não focar em nomes grandiosos, é sempre uma experiência transformadora.

Perceber que se discos como Trilha Sonora Póstuma do Homem Invisível (2019) fossem realmente degustados com a devida atenção, provavelmente o público entenderia o quanto é bobo e injusto o topo. Entenderiam que vedetes, grandes estrelas não dizem nada, a única coisa relevante é a arte. E essa emana perfeitamente do Rua 3, que eu sua segunda mixtape, nos apresenta um banquete de rap, dos que saciam e ao mesmo tempo nos deixa com gostinho de quero mais. Em cima de beats dos produtores Bolin,Tuts, Sharon, Karaim e Jay-Gueto, a poesia do Rua 3 percorre o social com a lírica de quem não tem holofotes em cima de si, e ao mesmo tempo esvazia o seu ego dando passagem a poesia ritmada. Essa poesia, diríamos visibiliza os invisiveis, os que não são vistos e os lugares não lembrados.

Maloqueiro graduado na arte das rimas, a poesia aqui se preocupa em surfar no groove, não no hype, e sobretudo preenchida de força e mensagens, abrindo mão de clichês. Ouça e se discordar vem nos cobrar, mas vem tranquilo…

 

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