Mc Da20 lançou recentemente dois singles que refletem muito bem suas ideias e seus ideais de luta, música fruto do pensamento pixando dores!
Por Mylena Bressy
Nascido e criado na Rua 20 de agosto, no bairro do Pau Miúdo, Leo traz muita originalidade em suas letras, com rimas bem elaboradas e muita disposição ao dar voz as suas palavras, as encaixando em beats que em geral seguem o bom e velho estilo boombap, formando melodias que tocam quem ouve, expressando o sentido do verdadeiro hip hop; original protesto e luta em forma de arte.
Poucos entenderão o orgulho que o Mc sente a ponto de colocar o nome de sua rua em sua identificação como rapper, mas só quem cresceu na Rua 20 sabe o que é compartilhar tal sentimento. E só quem entende o que é gratidão, o que é a importância que tem o lugar onde se vive aniversário após aniversário, e a relevância das pessoas que partilham o mesmo espaço, pode tentar entender o carinho que os moradores (ou devo dizer família?) sentem de sua rua (ou devo dizer casa?!). Afinal, a nossa mãe escolhe nosso nome, mas é a rua que nos dá identidade! Como relata o Mc na musica Rua 20, cantada em parceria com Dom Rimático.
Presenteado por sua avó materna, aos 9 anos de idade, com um Cd do Racionais Mcs, foi só questão de tempo para Leo começar a batalhar e escrever, porém o rapper só teve coragem de gravar após incentivo e influência dos amigos Dom Rimático e Dj Berlota. Suas influências musicais são ecléticas, e vão de Edson Gomes, Olodum, Djavan até Emicida, Facção Central, Estilo Solto, Rap Recriados, entre outros.
“Pixadores (Pixa As Dores)”
“Obzo vive! Que a essência nunca morra!”, assim Da20 começa este som utilizando metáforas criativas, falando sobre o protesto convertido em tinta nas paredes por pixadores com a mente cheia de ideias, pixando suas dores ao reivindicar um espaço que sempre lhes foi negado por linhas opressoras. Nada de grafiti, o bagulho é pixar na agressão! Sempre lembrando os verdadeiros, os que se foram e os que seguem perseguidos, mas nunca abatidos, afinal a arte não pode parar!
“Pixa-som, rap-são! todos nós somos irmãos! com o mic ou com a lata tem que ter revolução”
“Pensamentos (A Revolta)”
Reflexões sobre o mundo, toda sua violência, egoísmo, racismo, falta de assistência do Estado e como tudo isso nos impacta. É uma revolta escrita, rap de quem escreve com sentimento, de quem acha na caneta e no mic meios de gritar contra todas as mazelas que nos afetam; de quem doa sua alma para a música, de quem espera que esse seja apenas o primeiro passo da insurreição. “Que a essência nunca morra!”
“O rap é meu diário, meu cardápio diário, meu estudo diário, pois sou revolucionário/ Sou diferente dos que sofrem a dor atrás do pano, eu sofro rimando/Louco! Essa é atitude do baiano”