Lívia Mattos traz em Vinha da Ida e no seu trabalho o fruto de uma pesquisa ampla sobre as sonoridades da sanfona, por uma artista completa!
Por Pérola Mathias
A vida é celebrada em inúmeros sentidos e direções no clipe do novo single de Lívia Mattos, Vinha da ida – título e faixa de abertura do disco que será lançado no final deste mês. Dirigido por Cisco Vasques, a câmera parada na sala de uma casa de luz quente vai flagrando a movimentação de uma trupe que ali circula e festeja.
A sanfoneira é a anfitriã, sempre de fole na mão, roupas coloridas, com muitas camadas e texturas, como sua música. Mais do que o ambiente circense, fundamental na identidade de Lívia, com sua ludicidade e alegria, também o surreal ganha espaço. A dança performa a alegria e as contradições que Lívia canta sobre a existência: “Caos de sua ordem não quero/ quero meus nós/ Deixo a ferida aberta sem curativo/ Tranca por dentro a boca bate sem voz”.
O delírio e a poesia, a dor e a beleza de estar vivo, nada está sem suas contradições. Tampouco o som da compositora, que nos desafia neste forró deslocado. Os personagens da festa são vibrantes; a sereia e a grávida são icônicas desta ebulição: é vida nova pulsante, é vida possível, é vida que se inventa.
Lívia Mattos é baiana, sanfoneira, compositora, cantora, circense, socióloga e pesquisadora. Acompanha a banda de Chico César há muitos anos pelo Brasil e pelo mundo. De sua pesquisa como socióloga sobre a música no circo, em breve lançará um registro audiovisual das entrevistas e do material riquíssimo que colheu. E quem já viu Lívia se apresentando ao vivo sabe que não é exagero que ela toca sanfona, se dependura no trapézio, fica no salto, vira de cabeça pra baixo, canta e nunca perde a nota. O som de seu novo disco traz todo o delírio e a poesia deste universo tão único da cantora. E a festa de seu clipe cria essa fluidez em imagens, mesclando beleza, sobriedade e afeto nesta grande celebração.
Como destacado pela revista Rolling Stones, o time que acompanha Lívia é jogo duro: Will Wagner (bateria), Jamberê Cerqueira (tuba e bombardino), Gabriel Rosário (guitarra baiana e cavacolim), Fábio Cunha (pandeiro, torpedo e tamborim), Filipe Massumi (violoncelo e coro), Sérgio Reze (gongos, tambores, splash e coro), Gabi Guedes (atabaques) e Marcelo Pinho (pandeiros, timbales e tamborim).
Aguardamos ansiosamente o disco completo.