Let it Burn é uma coletânea que traz bandas de rockabilly, psychobilly, garage e surf que compõem a trilha sonora da luta contra a ascensão fascista em nosso país.
Let It Burn reúne nomes do rockabilly, psychobilly, garage e surf pra construir uma trilha sonora contra a onda fascista que ao longo da última década ganhou força e vem se consolidando em todo Brasil. Essa onda não pode se tornar uma tsunami. Desse modo, todo movimento de conotações antifascista devem ser apoiados, fortalecidos e divulgados. Até porque entre as fileiras do rock, muitos nomes tem se mostrado reacionários e apoiadores de seguimentos políticos ultranacionalistas, que podem ser caracterizados como parte integrante das bases do fascismo.
Recentemente Johnny Rotten foi fotografado usando uma camisa com a infame frase “MAKE AMERICA GREAT AGAIN”, slogan que marcou a campanha de Donald Trump nas eleições estadunidenses de 2016. A história do rock está cheia de expoentes do reacionarismo. Elvis Presley era fan de Richard Nixon, Johnny Ramone era republicano de carteirinha, entusiasta de Ronald Reagan e George W. Bush. Em sua autobigrafia, Commando: autobiografia de Johnny Ramone, ele faz uma lista de seus Republicanos Favoritos. Ronald Reagan está em primeiro seguido por Richard Nixon e Charlton Helston respectivamente. Neil Young foi cabo eleitoral de Ronald Reagan, no álbum United Abominations de 2007, o Megadeth acusa a ONU de “terrorismo” e defende as intervenções americanas no Oriente Médio. Seus integrantes apoiavam George W. Bush.
Morrissey não esconde sua xenofobia, apoia o partido britânico de extrema-direita e anti-islâmico – For Britain. Noel Gallagher já declarou publicamente sua simpatia pelo Brexit. Eric Clapton já destilou seu racismo e xenofobia em show nos anos 70. Aqui no Brasil temos nossos reaças, dentre os quais apoiaram de forma entusiástica a eleição de Jair Bolsonaro. Roger Moreira, Lobão, Digão, Rodolfo Abrantes são os exemplos mais conhecidos, porém, há outros. Inclusive não podemos nos enganar, estes outros também existem no underground, camuflados, em menor número, mas existem.
Basta lembrar dos roles que você dava em eventos auto rotulados e rock e lembrar dos tiozões do rock usando camisas do AC DC inspirada no rótulo do Jack Daniels, usando bandanas e dizendo frases feitas do tipo “Rock bom é Led Zeppelin, Pink Floyd, Black Sabbath!”, “Guitarrista de verdade é o Angus Young, o Jimmy Page, aqueles caras sabiam tocar de verdade”. “Beatles é a maior banda de todos os tempos, o resto é pura imitação”. Pois é, a maioria esmagadoras desse espécime votou em Jair Bolsonaro e ou se sente representado pelo bolsonarismo.
Bom, acho que essa listinha de roqueiros reaças aí, listinha porque muitos outros nomes poderiam fazer parte dela, soma-se a todos os acontecimentos que evidenciam a presença de movimentos e valores de tendência fascistas no Brasil ao longo dos últimos anos. Desse modo, o lançamento de obras que mostrem um posicionamento político contrário a essas forças reacionárias que se espalham país afora é fundamental, Precisamos mostrar que o rock não é um seguimento reativo.
A curadoria para formar o setlist que compõe Let It Burn foi feita por Dastaev Gomes, da banda Dasta & The Smokin’ Snakes e Vlad Urban (Sick Sick Sinners, Shock Rock). O critério utilizado para selecionar as faixas foi o tema abordado pelas músicas. Assim, músicas cujas letras abordam temas contrários ao escopo ideológico do fascimo, ou seja, cujas posturas são diretamente contrárias ao racismo, à homofobia, à misoginia e ao machismo, foram convidadas a fazer parte deste projeto.
Let It Rock saiu pelo selo Reverb Brasil, o qual possui inúmeros lançamentos dos gêneros contemplados nessa coletânea, inclusive, outra coletânea antifa, a Surf Music Contra o Fascismo. Estão na coletânea duas bandas que possuem resenhas de seus últimos álbuns publicadas aqui no Oganpazan. A Ivan Motosserra Surf & Trash e a Time Bom Girls.
Agora mete logo o dedão no play e bota pra rolar o som dessas 30 bandas que tocam pra botar os fascio pra correr!
