Larry Coryell – Heavy Feel

O Jazz Fusion é um estilo que possui peculiaridades no mínimo interessantes. Existem pessoas que creditam a viagem ao Miles Davis, outros falam que se não fosse o John McLaughlin não ia ter tanta fritação, alguns relembram o impacto que Jeff Beck teve quando se aventurou no estilo, mas quase ninguém, uma meia dúzia de míseros gatos pingados, credita alguma coisa para o brilhante Larry Coryell, um cara que além de poucos conhecerem, contribuiu da mesma forma (ou até mais), que os faraônicos nomes citados.

E se você anda meio desligado no mundo, saiba também que o que diferencia essa verdadeira dádiva dos deuses com uma guitarra na mão, é que a produção do americano é frenética desde que ele entrou pela primeira vez num estúdio, logo, além de um grande guitarrista, quem gosta do Larry também o faz, pois o americano está sempre gravando.
Aprofundando o alcance do Fusion, dominando a guitarra de uma forma pouco antes vista e pegando a viola acústica de jeito. Para resumir: ”Heavy Feel”, terceiro disco do mestre pela ”Wide Hive Records”, gravado em quarteto e assim como os grandes mestres do Jazz, completamente registrado em 24 horas e lançado dia 05 de maio deste ano.

Line Up:
Larry Coryell (guitarra/violão)
Matt Montgomery (baixo)
Mike Hughes (bateria)
George Brooks (saxofone)

Track List:
”Ghost Note”
”River Crossing”
”The Way It Was”
”Polished”
”Heavy Feel”
”2011 East”
”Sharing Air”
”Jailbreak”
”Foot Path To Oasis”

Mostrando uma banda compacta no topo de seu jogo, ”Heavy Feel” é um trabalho quase corriqueiro dentro da discografia deste grande músico. Trata-se de uma senhora aula para os entusiastas do Jazz e um grande norte para quem aprecia uma jam mais azeitada e com muitas possibilidades.
A abertura do disco já chega explorando os timbres, seguida por uma batera clássica, apenas iluminando o caminho do groove instrumental. E depois que tudo se estabelece o mestre entra em campo e começa a trilhar mais uma sessão de 40 minutos.
Recheando o disco com temas que mostram que a guitarra é um eterno laboratório para esse velhaco. Mas que é sempre bom trocar de linhas, como na viola tunada de ”River Crossing”, acompanhada por uma belíssima lírica com o sax de George Brooks.
Com esse trabalho, Larry também comprova que um grande músico precisa de grandes comparsas para fazer um trabalho contundente. E aqui o cidadão tem grande nomes a sua disposição, caras novas é verdades, mas que mostram bastante feeling e técnica, como Matt Montgomery demonstra quando requisitado em ”The Way It Was”.
E o que esses caras devem ter aprendido nessa sessão é absolutamente inimaginável. Mas algumas faixas do disco parecem nos detalhar sonoramente. ”Polished”, por exemplo, nos relembra as experimentações com o Fusion quebradeira que o mentor desse projeto tanto elaborou nos anos 70 e a faixa título chega com uma força de banda de Heavy com aquela cozinha ”tight” que os americanos tanto apreciam.
Sempre dando pequenas pontadas no ouvinte, voltando para o Jazz tradicional nos arpejos de ”2011 East” e alimentando a bateria esperta de Mike Hughes, aquecendo o balanço em ”Sharing Air” e mostrando aquela naturalidade que eternizou seu trabalho: notas complexas tocadas da forma mais banal possível, com um feeling estonteante e aquela postura de: ”vou ali fazer um negócio e já volto”. 
Ah Larry, se todo mundo tivesse esse mesmo apetite que você tem na guitarra, o mundo definitivamente seria um lugar melhor. Incontáveis gravações, milhares de elogios e mais um grande trabalho.

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