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Resenha, Shows

Laboratório Rap 1º Edição foi de Verdade!

No Laboratório o trabalho é feito de tentativas e erros, neste presenciamos a primeira tentativa exitosa de mais uma festa rap em nossa cidade.

O último dia 1º de abril colocou duas questões muito importantes para o rap: em escala nacional tivemos o lançamento do single do Mc Marechal e numa escala local tivemos a primeira edição da festa Laboratório Rap. Acreditamos que nos dois casos o contentamento e a felicidade foram uma constante e o gosto de quero mais ficou no alvorecer do dia seguinte.

A boate Amsterdam, talvez o maior e mais aconchegante espaço de shows da cidade, com uma vista deslumbrante para a linda Baia de Todos os Santos, foi o palco por onde grandes nomes do rap nacional e local se irmanaram. Quebrando assim divisões regionais e mostrando que a qualidade independe da localização no mapa.

Com a casa lotada dava para sentir a eletricidade que percorria o espaço e que certamente foi captada por todos que subiram no palco e pelo público presente. Uma grade extensa que exigiu resistência de todos os presentes, mas que em momento algum sugeriu tédio e na medida em que a noite se tornava dia, o cansaço era superado pela força das performances ali presenciadas.

A noite começou para quem historicamente é de direito, aqueles responsáveis por começar e manter o trabalho de sacudir o cansaço dos que foram pro rolê de sexta depois de um dia de trabalhos ou estudos: os Dj’s. E nesse quesito estivemos muito bem servidos, pois a pista recebeu o talento e as bênçãos de algumas excelentes figuras do nosso cenário. Borzork, Dakaza, Tau Brasil, Belle, Maumau e Gravidade Team, foram os responsáveis por mandarem sets violentos o suficiente para esquentar a pista e deixar o palco pronto pra receber os mc’s e grupos da noite.

A família Back To Back subiu no estreito palco mostrando que a união se faz de um jeito tal que é possível caber confortavelmente 5 ou 6 cabeças sacudindo, badalando tudo, onde só dois ou três estariam na mesma performance confortavelmente. Makonnen, Dj Akani, Raulzito, Khriz Santos, DNX, sacudiram os presentes com aquele trap já característico e famoso em nossa city e em outras plagas, afinal todos cantavam os hinos da família daquele jeitão.

Outro coletivo subiu ao palco logo na sequência e foi a vez da rapa da Suburbana, a banca do Na Calada pegou a turma já quente e manteve o ritmo e a qualidade. N’Ativa, Áurea Maria, Renato Mc, Ramon Kaizen, Ramires AX, novamente colados no palquinho e fazendo a galera pular e cantar seus sucessos.

Durante a apresentação de Mobiu algo interessante aconteceu. O ritmo frenético tomou outros contornos e a empolgação deu lugar à uma intensa atenção. Certo hipnotismo ficou evidente, com os olhares fixados no palco, em músicas como Essa Porra É Minha Vida e Pague para Subir. Xarope Mc veio na sequência abrindo sua apresentação com um trio de freestyleiros de primeira, capitaneados por Laricio Gonzaga.

O que começou como mais uma promessa de felicidade, infelizmente não se concretizou e por problemas técnicos. Os músicos da Laroye que acompanhariam o Mc não conseguiram adequar seus instrumentos, o que encerrou uma apresentação bastante esperada. Esperamos que da próxima vez a magia de Xarope Mc e Banda Laroye possa ser vista no Laboratório.

Os manos de Feira de Santana – em franca ascensão em suas carreiras – foram os próximos. Sincronia Primordial pôde constatar em ato o sentido que seu nome carrega, tanto pelo espirito que se delineava entre a plateia e as apresentações, quanto por seu próprio show. Rap pesado, verdades cuspidas com muita violência em flows e batidas empolgantes. Mas uma excelente apresentação nessa noite importante. Mas esse aqui já pedia arrego, e nada como um rolê pelas dependências da Amsterdam para reativar.

Depois de bater um papo com os amigos, tomar uma água, comprei uma breja e voltei ao interior da boate para já receber pelos peitos a explosão sonora que é o Matiiilha: “não me ensinaram a ganhar dinheiro, me disseram vaiiii”. Amarelo e Preto e Preto e Amarelo, Porra. Eu e Carlinha colados do lado da caixa de som, viajando nessa sonzeira que os manos fazem com uma competência terrível.

Foi a minha primeira oportunidade de ver o trabalho de Nego Max ao vivo e certamente foi uma apresentação daquelas que nos deixam marcas indeléveis. Os estudiosos precisam urgentemente buscar pesquisar o que se passa com a região de São José dos Campos. A intensidade que percorre os rappers de lá é algo bastante singular.

E essa singularidade começou a ser transmitida e sintetizada no Laboratório, com Nego Max e continuou na apresentação de Síntese. Numa solução de continuidade onde as duas apresentações pareceram uma só e única energia. Terceira vez que Síntese aterrissa em terras soteropolitanas em pouco mais de um ano, nos trazendo suas mensagens transbordantes de positividade.

Fechando a grade, o final da festa ficou por conta do Primeiramente, numa espécie de mensagem subliminar do quanto a festa precisa urgente de uma segunda edição mesmo antes de ter acabado a primeira. Os paulistas trouxeram para o público, músicas do seu último disco e para minha surpresa todas as músicas do set list dos manos foram cantadas em uníssono. Repetindo a mesma intensidade que sentimos no começo da festa, numa sintonia muito grande entre os artistas e o público num grand finale grandioso.

Escorado numa das pilastras morto em pé, esse observador exibia um certo sorriso meio débil, misto da satisfação e do banho de sons e sensações que inundaram minha alma. A noite já exibia os contornos da claridade próxima do amanhecer, e nós caminhávamos exaustos pela av. Carlos Gomes, com aquela certeza de termos aproveitado da melhor forma possível nossa noite de sexta.

Sim, no dia da mentira, depois de alguns erros e muitos acertos no Laboratório Rap, eu só vi verdades. Que venha a próxima sessão de experiências.

As imagens são dos excelentes fotógrafos: Quiel Santos & Digão Photograph, visiste a página desses manos e descubram todo o talento do olhar deles…

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