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Baixo e bateria: o Funk endiabrado do Kyotaro e Rikuo

kyotaro e rikuo

Conheça a cozinha japonesa do duo Kyotaro e Rikuo. Baixo e bateria direto de Osaka, com Funk e pegada Punk-Rock.

Uns meses atrás me deparei com uma dupla de meliantes asiáticos mandando um groove. Era um daqueles virais onde um duo com baixo e bateria fazia miséria com o Funk, numa cozinha guiada por slaps e precisos acompanhamentos numa onda quase kamikaze, Punk Rock mesmo.

O único problema é que apesar do imenso engajamento na publicação, ninguém citava o nome do projeto e o groove seguiu incógnito. Meses depois, me deparei com outro vídeo – dessa vez uma ação com a Tama – marca japonesa de baterias comercializada pela Hoshino Gakki. O vídeo que pode ser visto logo abaixo e resume bem o que acontece quando a dupla escolhe uma viela pra mandar um som.

O nome do projeto dos budistas funkeados é Kyotaro & Rikuo. A dupla é de Osaka e, apesar de parecer, eles não vivem uma vida monástica de fato, só as roupas que acabam remetendo a tradição dos monges que se privam de contato externo.

O projeto nasceu em meados de 2016 e desde então a dupla segue fazendo barulho nas principais feiras do mundo, sempre tocando com grande capacidade de articulação, além daquele traquejo que apenas as ruas ensinam.

Depois de muita pesquisa, o Oganpazan descobriu que eles soltaram um EP em dezembro de 2018 e apesar de ser o único trabalho dos caras, as 4 faixas do registro homônimo merecem um play.

Line Up:
Kyotaro (baixo)
Rikuo (bateria)

 

Track List:
“Attention”
“Grilled Marshmallow”
“Pulse”
“Attention!4”

 

O que mais espanta nesse curto, porém intenso EP, é como o trampo de captação, mix e master – mesmo em estúdio – conseguiu captar exatamente o mesmo sentimento dos virais que se espalharam pela internet.

Com um som que é pura glicose na veia, a dupla intercala passagens extremamente intrincadas como se isso fosse a coisa mais natural do universo, contrapondo os arranjos com rítmicas inteligentes musicalmente falando e que valorizam o trabalho de dinâmica.

Outra coisa que vale pontuar é o peso e o entrosamento praticamente telepático do duo. O baixista de fato come o instrumento com farinha e, apesar de utilizar bastante a técnica do slap, o groove passa longe de ser previsível ou cansativo.

Sobre a bateria, acho que o ponto principal é o caldo que o meliante tira, com base num kit bastante compacto. Parece um ponto que fiz pouco sobre a música, mas esse detalhe ajuda também a valorizar o trabalho criativo feito numa proposta enxuta.

Logo que o som começa a pulsar, “Attention!” aparece e já sintetiza o que está por vir. Um boogie cretino de rápido, com a cozinha estralando o Funk, sem excessos ou preciosismo.

As composições são viscerais e apesar do approach sem cuspe e sem massagem, os músicos demonstram grande capacidade técnica e feeling, também com temais mais cadenciados, como é o caso de “Grilled Marshmallow”.

Em termos de som, a abordagem também não se assemelha com nada que está sendo feito em duo no cenário Pop night.

É uma pancadaria franciscana bastante estruturada e com linhas de baixo que merecem horas de estudo, como “Pulse”, por exemplo.

Tem muito trio/quarteto que não iguala a pegada animalesca desses caras. Escute “Attention!4” e perceba a pressão que a dupla consegue transpor para os fones de ouvido em apenas inacreditáveis e fulminantes 61 segundos. 

 

– Baixo e bateria: o Funk endiabrado do Kyotaro e Rikuo

Por Guilherme Espir 

 

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