Existem ótimos livros sobre nosso groove de cada dia circulando por aí e eles merecem uma chance, não basta apenas escutar, temos que entender o que sai dos fones de ouvidos. E uma das grandes autobiografias que existem disponíveis do mercado é a do chefe do Ramones, falo sobre ”Commando”, registro que busca (e consegue) explicar o mito do eterno e inconfundível Johnny Ramone.
Trata-se de um case de capa dura com pouco mais de 200 páginas, onde além de ser curto e grosso tal qual sua guitarra explanava em notas, o músico revela um lado pouco conhecido e ressaltado pela mídia especializada: o de chefão responsável, esforçado e focado em conseguir o sucesso.
Esse livro é relativamente velho, os escritos são datados de 2002 mas só no ano passado que o mesmo chegou às livrarias brasileiras. Uma coisa que é importante ressaltar é a qualidade do mesmo, as memórias de Johnny são sensacionais, mas a finalização, a capa, as fotos e a qualidade do conteúdo é exuberante. Capa dura, fotos raras e coloridas, é um deleite! Até o papel da impressão merece destaque!
Sempre gostei de Ramones, mas nunca prestei muita atenção em Johnny, pra mim ele parecia ser um simples Punk-vândalo-briguento, mas ao ler seu livro e descobrir a história de vida do americano, todo seu esforço para manter a banda nos trilhos e sua luta contra o câncer, posso concluir sem ao menos pestanejar, que se não fosse ele a banda não teria durado três meses.
Por isso que passei a respeitá-lo muito, pois além de ser uma verdadeira lenda dentro do Punk (mesmo não sendo nenhum às na guitarra), Johnny foi um grande entendedor do meio em que viveu e em seu livro isso fica claríssimo. Além da música, esse registro marca por nos brindar com uma aula sobre o que é e como foi o Show Business, narrando a trajetória vencedora de seu grupo e contando factos sobre sua vida, até sua fatídica morte em 2004, vítima de um câncer de próstata, assim como o mestre Zappa.
Aqui ninguém passa a mão na cabeça de ninguém não, o guitarrista trata de atirar para todos os lados, desde os primórdios do Ramones, que como ele mesmo diz: ”Era Horrível”, passando pelas mudanças na banda, pois Joey era um baterista terrível junto com todo o resto do grupo (que mal sabia tocar seus respectivos instrumentos), até o estrelato, que é bom que se diga, não veio fácil. Os caras batalharam muito para isso, inclusive conciliando empregos paralelos à banda no tempo que eles não ganhavam nenhum tostão furado com ela.
Sincero, objetivo, intenso e sem papas na língua, este é Johnny Ramone, um ícone que transcende o Punk, um grande pilar da música em geral, que revela ser algo muito diferente do que parece. Ignorante? Sim, porém apenas quando necessário, na maior parte do tempo o cabeludo foi um músico quase que exemplar, trabalhando duríssimo para consagrar sua banda nesta nova cena.
E cada passo de sua vida está eternizado em ”Commando”, uma obra que transpira Punk-Rock e que é obrigatória para você que quer entender não apenas sobre o estilo, mas sobre Ramones e o clássico one, two, three, GO! Algo tão pulsante quanto a arte do Cristiano Suarez!