Oganpazan
Destaque, Discos, Música, Resenha

John Garcia The Coyote Who Spoken In Tongues (2017)

John Garcia uma das lendas vivas do Stoner rock lançou em Janeiro um disco acústico com releituras de seus clássicos no Kyuss e três inéditas

John Garcia é a maior voz do Stoner Rock, aquele estilo surgido no começo dos anos 90 do século XX e hoje chega na segunda década do séc. XXI sem dar sinais de cansaço. A própria história do vocalista e compositor se confunde com a do estilo musical que ajudou a criar e consolidar. Tendo participado da instituição criadora do gênero, o Kyuss junto a uma turma que tinha: Josh Homme, Brant Bjork e Nick Olivieri, e depois capitaneando diversos outros projetos que ajudaram a consolidar o estilo ao longo dos anos. Slo Burn, Hermano, Unida e Vista Chino são bandas seminais todas elas, onde John Garcia não parou de dar mostras do seu talento. De discografia extensa, o texano tem apenas três discos solo, uma compilação de participações Guest Apperance(2010) e o John Garcia(2014) e agora, quer dizer, em janeiro lançou o The Coyote Who Spoken In Tongues (2017).

Sempre tendo participado de bandas onde a pancadaria sonora eram a marca registrada, e onde seu vocal se sobressaia em uma singularidade única em termos de timbres, em seu novo disco, o vocalista parte para um registro desplugado. Discos acústicos provenientes de artistas do rock pesado, que calcaram sua carreira em cantar sobre riff’s metálicos e onde a potência vocal se impõe, sempre causam um temor de que os caras estejam “afinando”. Não no sentido de alcançar as notas, mas no sentido de estarem cansados e que queiram um som mais clean, mais calmo. 

Não é o caso de The Coyote Who Spoken In Togues (2017) que se se apresenta desplugado, mas não perde em absoluto o peso e a qualidade mesmo quando arrisca em arranjos diferentes. O disco é basicamente uma releitura acústica da carreira do John Garcia junto ao Kyuss e mais alguns temas inéditos. E é exatamente nessas releituras que o álbum se sobressai sem dar mostras de cansaço por parte do artista.

Numa breve contextualização entre a história e o acontecimento do disco, já temos elementos interessantes para pensar a opção do desplugar-se, se tomarmos o título e a capa do disco como signos. Traduzindo parcamente o título da bolacha e sua capa, e mesclando isso a história do Stoner Rock que se confunde com a história do artista, John Garcia se afirma aqui como o chefe da matilha. Uma afirmação pertinente feita por quem sempre buscou o underground e milita a anos no stoner, com excelentes serviços prestados a causa. Desde as festas feitas no deserto onde a eletricidade era necessária para a chapação geral dos jovens daquela Califórnia dos anos 90, passando pelos anos nas bandas supracitadas acima. Faltava-lhe apenas um registro de toda a sua possibilidade vocal sem muito barulho, com a delicadeza, alguma melancolia, mas muito power sempre a contemplar canções consagradas.

Reinvenções que podem ser apreciadas sem medo, como é o caso de “Green Machine”, transformada numa balada, não perde em nada, em seu novo arranjo suave, melancólico. A faixa “Kylie” que abre o disco, e que já deixa muito evidente de saída que não estamos diante de um disco que virará uma coleção de canções para acampamentos, já ganhou um clipão muito louco.

Outra faixa que também virou vídeo foi “Give Me 250ml”, que ganhou um lyric vídeo muito bacana com o John Garcia viajando pelas estradas da vida.  

O disco que contém 11 faixas e não peca ao descer o tom das músicas, antes brilha exatamente por essa coragem de trazer outras possibilidades interpretativas, para um meio musical muitas vezes xiita e proselitista. O coiote fala em línguas porque o uivo, a potência de desenvolver um canto em torno do grito é algo que John Garcia já provou dominar como poucos. 

Que se ouça atentamente a pancada que a versão acústica de “El Rodeo” nos entrega, com uma progressão dos acordes e da melodia criada pelos violões, encontrando a voz potente de John Garcia. Os climas chapados de muitas das músicas do Kyuss regravadas aqui, não perdem seu teor original, apenas se transformam no excelente trabalho feito por Ehren Groban (violão), Greg Saenz (percussão) e Mike Pygmie (baixo acústico).

Das composições próprias, Argleben II, presente no disco solo de John Garcia (2014), é uma pedida muito boa, e mostra como o seu trabalho permanece sempre em alto nível. Enfim, um disco, mas um, do coiote que nos entrega toda a sua qualidade de cantor e compositor. 

Matérias Relacionadas

Bivolt é fio desencapado, e traz uma amperagem nova!

Danilo
5 anos ago

ALFÃO é uma fábrica de hits em seu trabalho de estreia: “LESGUIREY MIXTAPE vol.1”

Danilo
4 meses ago

True Religion: A verdade libertadora em Yung Buda

Carlim
5 anos ago
Sair da versão mobile