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CD's, Joe Bonamassa

Joe Bonamassa – Muddy Wolf At Red Rocks

Existem momentos em que nos encontramos numa encruzilhada de sentimentos em relação a um músico que admiramos. Explicando melhor, parece que estamos tão acostumados ao que ele faz, que não nos damos conta de certas coisas que acontecem, seja pelo fato de nada se alterar depois de muito tempo na mesma métrica, ou após perceber que existe uma certa preguiça, pitadas generosas de comodismo e nós nem notamos! Afinal de contas estamos acostumados com aquele característico blá blá blá Whikas sachê.
Esse é o sentimento que tenho pelo Sr. Joe Bonamassa no momento. E digo senhor, pois o artista em questão, que iniciou sua carreira com aquele Blueseira ”sangue no zóio”, amansou tal qual um tigre homossexual, está, como se diz no futebol: ”administrando o resultado”. Tática que como o mesmo futebol sempre ilustrou com maestria, raramente funciona. 
E não é de hoje que sinto isso, mas somente agora me dei conta deste fato. Após tentar ouvir o ”Muddy Wolf At Red Rocks”, tributo que o guitarrista presta ao mestre Muddy Waters e seu cumpadre Howlin’ Wolf, só tenho uma coisa a salientar: que som entediante! Trata-se de uma gloriosa sessão de chuva no molhado, algo que além dos pontos já ressaltados acima, agrega um novo motivo: o excesso de trabalho apresentado.

Track List CD1:
”We Went Down To The Mississippi Delta”
”Muddy Waters Talking”
”Tiger In Your Tank”
”I Can’t Be Satisfied”
”You Shook Me”
”Stuff You Gotta Watch”
”Double Trouble”
”Real Love”
”My Home Is On The Delta”
”All Aboard”

Track List CD2:
”Hownlin’ Wolf Talking”
”How Many More Years”
”Shake For Me”
”Hidden Charms”
”Spooful”
”Killing Floor”
”Evil (Is Going On)”
”All Night Boogie (All Night Long)”
”Hey Baby (New Rising Sun)”
”Oh Beautiful”
”Love Ain’t A Love Song”
”Slow Gin”
”The Ballad Of John Henry”
”Mississippi Heartbeat”
”Muddy Wolf (Credits)”

Vale relembrar que além dos CD’s (que já perdi a conta nos últimos 2 anos), foram 4 DVD’s de uma vez só com a Tour De Force, mais um CD e DVD com a Beth Hart, fora é claro, outro trabalho duplex com o Rock Funk Candy Party, ou seja, se nos últimos anos o cidadão lança tanta coisa assim, é bastante auto explicativo o motivo de seus trabalhos permanecerem nessa inércia: falta vontade, falta tesão.

Não se discute a qualidade do artista, o problema é essa atitude coxinha que ele nunca teve mas que agora assumiu como se já tivesse nascido mercenário! É cada vez mais impressionante o quanto esse cara está se espelhando no Eric Clapton, o que seria ótimo se fosse na fase CLAPTON GOD, mas não, o reverendo Bonamassa (sobrenome que seria ótima para uma cantina italiana), está focado na fase ”aposentada” do slowhand, estacionando seu carro na vaga de idosos que o britânico deixou livre nos últimos anos.

E o motivo? Bom, todos sabem que o Clapton é aquele guitarrista que todo mundo gosta e que não incomoda ninguém (no bom sentido, claro). Algo parecido com aquela velha e maçante reunião de família, evento que você, para não provocar uma chacina, coloca um som para poder passar um tempo, algo que não atrapalha ninguém e o Eric é esse cara, as tias e avós adoram o feeling do velhaco.

E o Joe Bonamassa está aproveitando o vácuo que o mestre deixou, assumindo a trilha de todos os eventos para familiares acima de 60 anos de idade como se fosse um clichê de si mesmo, sem boas idéias, repetitivo pacas e tão revolucionário quanto uma lamparina. E o pior nem são os discos iguais, o pior é você ter que ouvir que a cada 20 minutos ele prepara um novo lançamento… (Nesse momento, enquanto escrevo, aposto que ele está preparando um box), fiquem ligados.
E agora com esse novo disco foi o ápice da mesmice e falta de alma, o americano conseguiu a façanha de fazer o Muddy Waters e o Hownlin’ Wolf soarem chatos, sem feeling e absolutamente corriqueiros, tal qual um carro de tiozão que segue no piloto automático… Falta alma, falta punch, vergonha na cara, falta tudo.

Fora que é meio complicado parar agora e assumir algo bastante óbvio, escuto esse cara faz muito tempo e até hoje estou aguardando aquele explosão (que artisticamente ainda não aconteceu), aquele CD que te pegue pelo pé e te leve numa viagem sem volta, como faziam os melhores discos do próprio Clapton ou do SRV, se vocês quiserem um exemplo mais recente.

Seus últimos trabalhos estão muito certinhos, tudo muito no lugar, desde os instrumentos até os timbres, tudo muito limpo, tudo muito chato. Uma pena, pois trata-se de uma músico de grande vocabulário e respectiva técnica que foi corrompido pelo mercado, vide as roupas e as pompas que permeiam seus shows.

Tenho certeza que ele nem saberá desta crítica, mas espero que um dia ele acorde numa puta depressão pós badtrip e arranque toda a fúria-feeling e Blues, que toda guitarra precisa prover para a alma de um Bluesman se sentir bem. Espero realmente que ele sole como se sua vida dependesse disso, com a paixão do começo dos tempos e que depois coloque fogo na Gibson para encerrar este ciclo de repetições, por que o Clapton está no migué faz tempo, mas quantos discos, solos e músicas que o pensionista não criou com aquele ar de ”identificação instantânea”?

Porra! Você escuta meio segundo de ”Cocaine” e sabe que o cara, algo que o Joe com quase 40 anos de vida ainda não fez. Não peço outro Eric Clapton, gostaria apenas de um Bonamassa com tesão. Toma um Whisky e vai ouvir Robin Trower, filha da puta.

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