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Jimi Hendrix, Relatos

Jimi Hendrix: 73 anos de eternidade

Depois de alguns anos escutando música nós absorvemos certos valores. Chega um ponto que nós não escutamos música pelo simples fato de apreciá-la, mas sim por que somos tomados pelo desafio de entendê-la completamente.
É complicado de se explicar, mas existem alguns sons que sempre serão eternas novidades em nossas vidas, não adianta se já decoramos a letra, sabemos exatamente a hora que chega o solo ou quantos minutos a música têm. Sempre que colocamos determinados artistas na vitrola, é como se fosse uma eterna primeira vez.
Hoje é dia 27 de novembro, hoje seria mais um aniversário do eterno Jimi Hendrix. Se você escrever guitarra no Google e clicar em imagens, verás dezenas de fotos do mestre, tamanha a sua relação perpétua com a gênesis deste instrumento, que para mim, nunca foi tão domado quanto nas mãos do Cherokee.
Podem me chamar de sensacionalista por vir aqui e falar do guitarrista justamente neste dia (onde muitos estarão falando dele), mas me senti tomado por algo e precisava colocar pra fora. Muitas pessoas dizem que é ”moda” dizer que Jimi foi o maior de todos, outros vão além, clamam que ele não é, e ainda ousam dizer teve (ou tem) guitarrista melhor.
Quando digo que ele é o melhor (pelo menos pra mim), tenho uma definição que vai além do âmbito técnico da coisa, passa pelo estilo, pelo toque pessoal do guitarrista. Algo absolutamente idealizado, tal qual um romance de um grande poeta.
É injusto classificar os músicos como piores ou melhores entre si, pois os estilos muitos vezes são diferentes, sendo assim algo absolutamente sem nexo, mas que ano após ano ainda é feito e Jimi está sempre em primeiro lugar. Por quê? Alguns perguntariam… A resposta, parafraseando Bob Dylan: ”Is Blowing In The Wind”.
Não sei por que, ninguém sabe, mas o cara era único, nada até hoje chegou perto, nenhuma sensação que já tive na vida foi tão intensa e memorável quanto ao dia em que escutei este cidadão tocar guitarra.

”Foxy Lady” foi minha entrada para seu mundo e desde então sigo meu caminho em suas trips ácidas e psicodélicas, sem ter ao menos uma gota de certeza do por quê me sinto tão atraído por seu som… Do por que não consigo decifrá-lo.

Estava conversando com um professor da faculdade e depois da conversa voltei pra casa refletindo sobre o assunto. O professor deve ter uns 60 anos e nas palavras dele: ”Sou fascinado por este cara faz 40 anos”. Eu não tenho nem metade disso escutando o som do maestro e já conheço tudo que ele fez, assim como meu professor, mas nem por isso ele ”domina” o assunto. Ninguém domina este assunto.

Jimi Hendrix é mais uma daquelas perguntas sem respostas. Nesse caso nem precisei perguntar, mas veja bem que só o nome já nos deixa em dúvida, ele era tudo ou nada? Mais uma daquelas perguntas com respostas manjadas, algo como ”por que Deus quis” e coisas do gênero.

Mas eu queria ver se colocassem um guitarrista atual na época do americano… Duvido (toneladas), que ele viria com distorções, pregos no amplificador, criaria algo (a base de pura tentativa e erro) e seria tão relevante mais de quarenta anos depois.

Se esse cara estivesse vivo o mundo seria um lugar melhor, quantas vezes já não me imaginei vendo um show do mestre… É triste colocar os fones e saber que seu lugar está vazio (materialmente), mas o som que sai de seu ser é tão poderoso que segue ecoando por aqui, sempre como uma eterna primeira vez.

Em outras palavras o que quero dizer é: obrigado Jimi, obrigado por ser todo este enigma, por ter existido, e por ter tocado guitarra. Sem você a música e o mundo seriam ainda mais cinzas, e mesmo que você tenha deixado o planeta órfão de seu talento, somos todos capazes de lhe perdoar, afinal de contas, como diria Cazuza: ”Faz parte do meu show”. Feliz 73 anos de eternidade.

FOOOOOXY!

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