Existem músicos que lhe puxam pelo pé sem aviso prévio. Caras que você sabe que só podem ir para o som em datas especiais. Instrumentais-acontecimentos que fogem da rotina, tomam conta de seu espírito e o elevam, não só pelo caráter estimulante das ideias e do compasso sonoro, mas também pela mensagem.
A valorização do tempo por Janis Joplin nos mostra a sabedoria de muito mais do que 27 anos, seja live in New Castle com o Grateful Dead, trip que para a cantora era longa e alucinógena em excesso, em rede nacional para uma Hippie Estocolmo em 69′ ou chamando a festa para seu Blues ardente em Paris, numa performance digna de quem vivia a música em sua totalidade.
Seu corpo Hippie vibrava com cada nota e maltratava o ouvinte com demonstrações quase celestiais de sentimento. Mostrava um poder para eletrificação em massa que pegava a essência de tudo de melhor que um dia habitou nosso mundo como uma nova filosofia.
Janis é um exemplo de groove que teve vida curta, mas que consegue captar o néctar mais puro e concentrado de cada estilo que mesclava na jukebox mais pesada de Blues, Psicodelia, Gospel, Funk e Rock ‘N’ Roll. Sua voz não precisa de grandes momentos, ela é um eterno fluxo de clássicos, uma alma que se não tivesse passado por nossa história, tiraria a paixão de tudo que conhecemos.
Tanto na Alemanha, quanto em Monterey, dividindo o mar vermelho da tríade da vida setentista em Woodstock e passando a mensagem em seu meio explosivo, a texana sempre tocou para anular o Status Quo e celebrar a força das comunidades alternativas passando pela Toronto de sexo, drogas e Rock ‘N’ Roll.
É uma luz que irradia música em sua plenitude, uma coqueluche de todas as perdições e excessos de alguém que sentia demais, não só pelo tato com a música, mas sim pelo sofrimento e as alegrias momentâneas. Ela vivia com a humildade de gigantes que não querem ser nada, apenas ousam inspirar você a fazer alguma coisa.
Eu estava na rua ouvindo os retoques de Crumb no clássico ”Cheap Thrills”, voltei para a platina cósmica de Blues perolado com ”Pearl” e ainda fiz o retorno para a morna estreia com os pot smokers do Big Brother & The Holding Company.
Se você estiver no metrô, apreciando distorções da realidade, em casa, fora dela ou em todos os lugares, você sempre estará com Joplin. Apenas escolha a hora, o dia e o local, o resto ela faz, vale o rolê de Mercedez psicodélica. Isso não é uma resenha, trata-se apenas de um relato sobre o que pode acontecer, uma possibilidade dentro desse turbilhão que será esmiuçado até o fim dos meus tempos.
Ao som da musa tudo é um show ao vivo e a cada audição nos revela uma artista que chorava e dava risada com a mesma facilidade. Janis Lyn Joplin, you definetely got the Kozmic Blues.