Line Up:
Bruce Dickinson (vocal/piano)
Dave Murray (guitarra)
Nicko McBrain (bateria)
Adrian Smith (guitarra)
Steve Harris (baixo/teclado)
Janick Gers (guitarra)
Track List CD1:
“If Eternity Should Fail”
“Speed of Light”
“The Great Unknown”
“The Red and the Black”
“When the River Runs Deep”
“The Book of Souls”
Track List CD2:
“Death or Glory”
“Shadows of the Valley”
“Tears of a Clown”
“The Man of Sorrows”
“Empire of the Clouds”
Temos aqui mais de 90 minutos do mais puro e belo Heavy Metal. Repleto de insights progressivos, o primeiro CD carrega apenas 6 temas, sendo que dois deles rompem com a barreira dos 10 minutos. O segundo disco também prova-se igualmente eletrizante (talvez até mais que o primeiro), pois dá sequência aos temas épicos e se encerra com a maior faixa da história da banda, os mais de 18 minutos da belíssima ”Empire Of The Clouds” e seu surpreendente piano.
Talvez o que muitas pessoas não entendam, desde que o Iron começou a utilizar toda a vasta técnica de seus músicos, para a criação de temas mais longos e elaborados apoiados no Prog, foi que, diferentemente de uma banda comum, os britânicos não buscam viver de renda e rodar o mundo com discos medíocres como se fossem uma cópia de si mesmos, não, isso jamais.
Mesmo na casa dos 60 e poucos a banda ainda tem força. São várias tours todos os anos e se os velhacos ainda podem fazer isso, por que não tocar no mundo todo com um disco que continue a redefinir a música? Por que não tentar ir além, tal qual faziam no começo de tudo?
Parece ser uma indação simples, mas quem acompanha o cenário sabe que não é bem assim. Grande parte dos medalhões vivem das glórias do passado, mas o Iron é uma das poucas bandas que mantém os grandes momentos frescos na memória, afinal de contas um bom trabalho é um dos grandes sinônimos para definir o legado da banda, seja agora ou lá atrás.
Só que o Iron de agora não busca estabilidade. É claro que esse disco inspirou novos objetivos, mas as métricas surgem com liberdade, tal qual o single deste disco. Falo sobre ”Speed Of Light” e seu clipe com pinta de Nintendo 64.
É um disco formidável. O baixo não perde a cavalgada, a batera segue exata, o trio de guitarras tinindo e o resultado fala por si só. Acredito que esse seja um dos picos criativos da banda, e falo isso em todos os aspectos. As letras narram acontecimentos grandiosos com desfechos e detalhes impressionantes, como acontece com a maestria de ”The Red and The Black” e na faixa título.
Temos aqui um trabalho para ser dissecado, prestando atenção na riqueza de detalhes, o equilíbrio para não exagerar e toda a arquitetura naval que é uma composição deste sexteto. Depois de 6 takes, o segundo disco surge com mais 5 contos homéricos e apesar de temas mais ”diretos” (se comparados às suites do CD anterior), os momentos de brilhantismo seguem surgindo.
Um dos pontos altos desta etapa final é ”Tears Of A Clown”, tema inspirado no mestre Robin Williams, gênio da comédia que infelizmente escolheu encerrar sua vida. A voz de Bruce Dickinson segue comprovando que todo o cuidado que o vocalista teve com seu instrumento de trabalho fez a diferença.
Hoje, com mais de 60 anos, o britânico possui um alcance notável e durante todo o disco você pensa: caramba, não foi ele que se recuperou de um câncer, este ano?! ”The Book Of Souls” é um trabalho excelente por inúmeros fatores. Vai levar um tempo para absorver todas as ranhuras, só que será duplamente recompensador.
É uma aula para se entender mais sobre as mudanças sonoras dentro do Heavy. Um disco obrigatório para qualquer fã de boa música, pois além de apresentar uma banda de sábios, coletivo de grandes mentes que sabe mudar as regras do jogo antes de virar peça de museu.
”The Book Of Souls” evidencia o fôlego juvenil que um bando de sexagenários ainda consegue soltar da bombinha asmática e deixar a geração do milênio 200 com tosse. Que pegada, rola até um remake do riff de Wasted Years ao som de ”Shadows Of The Valley”.