Dono de gigantesca discografia, que nos remete ao seu começo no excelente Taste, muitos álbuns ao vivo obtiveram bastante êxito em sua carreira vitoriosa. Porque esse homem tímido no backstage se soltava mesmo era em cima do palco. Era ali que o homem era tomado por “Aquele” que fez um contrato com Robert Johnson. Com apresentações bombásticas, pleno de entrosamento com sua banda, onde toda sua virtuosidade trabalhava impressionantemente a favor da música. No entanto, essa carreira vitoriosa se restringiu bastante à Europa, Rory nunca fez sucesso nos EUA e este registro se mostra muito especial, também por esse motivo.
Com Rory Gallagher, como com os outros grandes da música, temos acesso ao inexplicável, àquele feeling, aquele não sei que, difícil de colocar em palavras. Algo que só pode ser sentido ou prolongado em palavras vazias, ou recair no air guitar. Seus improvisos eram feitos para alongar as notas em solos maravilhosos, ao invés de se entregar a entediantes exercícios técnicos de rapidez mecânica. De voz tocante, em alguns momentos lembrando um tanto daqueles vocais do Blue-Eyed-Soul, à la Van Morrison.
O disco conta no seu line-up, além da estrela principal, com o inseparável Gerry McCoy no baixo e Ted McKena nas baquetas. Formação de power trio incendiário em um registro ao vivo, com os arranjos tocados numa urgência incrível, até para os padrões gallagherianos. O disco duplo possui quinze faixas ao total, indo do blues rock mais calmo às beiras de um blues heavy. Mas também sem desprezar a veia acústica, que sempre foi uma das destacadas qualidades do mestre irlandês. Captado em uma apresentação no clube My Father’s Place, Roslyn, Nova Iorque em 1979, é mais uma excelência dentro da obra genial deste surpreendente guitarrista e suas performances bombásticas.
Muita atenção para as versões matadoras dos clássicos: I Wonder Who, Tattoo d’Lady. Esse é um presente muito bem vindo aos seguidores deste excepcional guitarrista e também pode ser uma porta de entrada maravilhosa para os jovens incautos. Foi no ano de 1995 que Rory Gallagher deixou de existir entre nós, esse Irishman In New York vem no aniversário de vinte anos de sua morte mostrar que ele “É” em todo corpo do rock e em todo coração que bata mais acelerado no compasso do blues.
O disco ainda não foi lançado no Brasil, mas você pode encontrá-lo facinho em algum indexador de torrents ou no maravilhoso Soulseek.
Enquanto você baixa ou compra o disco, e se não conhece e se conhece, veja aí: