O groove é a instituição sonora definitiva. Só quando o som tem groove que a coisa decola, quando a batida entra em sincronia com seu corpo e o faz dançar, liberando, além de muitos pensamentos ácidos, toneladas de slaps de potência.
Sem groove o som fica quadrado, parece tudo certinho demais e aí a coisa não flui, você fica com aquele sentimento de que ”falta alguma coisa” e, com isso, a apreciação das ideias sonoras cai por terra, sem nem ameaçar uma decolagem.
Fotos: Karina Menezes |
Mas é aí que surge questionamento mortal: existe vida sem groove? Muitos pesquisadores afirmam que não, ou você acha mesmo que não existe vida fora da Terra por qual motivo, razão ou circunstância (já dizia Girafalles)? Sem groove não tem negócio, nem os aliens ousam habitar um recinto que peca pela falta de swing!
Parece até mentira, mas acredite meu amigo, a música só nos faz perder a cabeça quando o plano de fundo apresenta aquele ”mojo working”. Revisite os clássicos e perceba, todos possuem groove. Agora pegue os discos que fracassaram miseravelmente e conclua o óbvio: faltou caldo no downbeat.
Fotos: Karina Menezes |
É óbvio que é uma tarefa e tanto ficar analisando o nível alcalino dos sons pelo fone de ouvido, afinal de contas o groove só ganhou todo esse status por ser um elemento que precisa de uma determinada atmofesta para ocorrer. Eis aqui um fenômeno da música que, diferentemente de toda a malha de modalidades artisticas, não precisa de 4 anos de intervalo, não, pelo amor de Deus!
Midas só transformou tudo em ouro por que antes de tudo, ele manjava do groove. Acredite, sem esta molécula em seu DNA, o máximo que o menino ia conseguir seria cobre, mas não, ele tinha a experiência, e rapaz, groove é isso também, experiência. E se o senhor duvida disso, posso afirmar com 110% de certeza que sua pessoa não estava presente no show do Incognito.
Fotos: Karina Menezes |
Line Up:
Jean-Paul “Bluey” Maunick (guitarra/vocal)
Tony Momrelle (vocal)
Vanessa Haynes (vocal)
Katie Hector (vocal)
Matthew Cooper (teclados)
Francisco Sales (guitarra)
Francis Hylton (baixo)
Francesco Mendolia (bateria)
Sidney Gauld (trompete)
James Hunt (saxofone)
Alistair White (trombone)
João Caetano (percussão)
O ano de 2015 é talvez o ápice do groove para os britânicos, que chefiados por Jean-Paul ”Bluey” Maunick, comemoram 35 anos de muito Acid-Jazz na veia. E para mostrar que o tempo só passa para quem não manja de slap, a banda montou a grade da turnê mundial e promete passar pelos quatro cantos do planeta com o time de doze músicos completo e com requinte de orquestra, claro.
O palco ficou pequeno para tanto som! Foi um show excelente e foi bonito ver que a platéria compareceu em peso e que contava até com extrangeiros na platéria, comprovando que para presenciar esta comitiva, viajar é só um detalhe.
Fotos: Karina Menezes |
No repertório, vários hits, na manga, temas do disco mais recente ”Amplify My Soul” e no balanço, todo Jazz-Funk que seus ouvidos suportarem. Foi assim que o Incognito entrou e saiu de cena ovacionado.
O tempo parece não passar para esses caras e a cada incarnação da banda notamos um celeiro de novos talentos. É bonito de ver como o groove é passado de geração em geração como um legado. Poucas bandas valorizam a música dessa forma e é ao som de grupos como o Incognito que sentimos a febre pela música em sua mais pura e efervescente essência.
Fotos: Karina Menezes |
Mais do que ver uma banda que acorda e vai dormir ao som da mais ácida coqueluche Funkeada, o público presente foi ver os caras pela força de toda essa história, traços de nosso tempo que quando dançam (assim como a platéia), ao som dos clássicos, comprovam o óbio: eles já passaram pelo maior teste de todos, o tempo, agora é só dançar e se perder no som como se a vida fosse um eterno show ao vivo numa sexta à noite no Bourbon Street.