Oganpazan
Discos, Resenha

III do Bixiga 70

III do Bixiga 70
III do Bixiga 70

O álbum III do Bixiga 70 mantêm a pegada afro característica da banda, mas aponta novos rumos.

Quando ouvi o Bixiga 70 pela primeira vez o disco era o I, que aliás foi o primeiro álbum da banda, lançado em 2011. De lá pra cá os caras nos brindaram com mais três álbuns e dois EP´s.

Sempre no estúdio, a banda mostra não se contentar apenas em fazer shows. Nada de explorar o repertório que já existe e repeti-lo indefinidamente. Buscar novas sonoridades, criar novas formas sonoras, reside aí a tônica do BixigaArrisco dizer que estão em constante processo de criação, incansáveis na militância pela causa da música instrumental. 

Difundir a música instrumental é quase um dever para quem gosta de ouvir e fazer som fora do formato canção. Sejam sinceros, vai dizer que vocês nunca foram empolgados e febris mostrar o Bixiga 70 pra álguém e se frustrou por ter ouvido o seguinte comentário: “Cadê o cantor? Música sem letra eu não gosto porque não consigo entender nada!” Padecemos desse mal, infelizmente! Quando bandas como o Bixiga aparecem temos que ir além da celebração e promover do jeito que der. 

Entre os grandes legados da cultura africana a música sem dúvida alguma é o maior deles. Desculpem, legado não é a palavra mais apropriada. Dádiva! Nossos ancestrais africanos (assim como Prometeu) nos presenteou com uma dádiva: o som intenso, sensual, profano, revitalizador, vibrante. Essa música veio afastar o tédio da música européia que tinha como única proposta te aproximar de Deus através de contemplação e meditação. Não podia ser mais chato.

A África por sua vez nos deu a alegria de celebrar a vida através da música, a Europa nos ofereceu os grilhões do tédio da música palaciana. O Bixiga 70 foi lá no cerne de nossa musicalidade africana e extraiu aquela matéria prima inefável que nos faz vibrar, dançar, mexer sem parar. Isso porque os sons que produz ativam algo em nosso corpo, ainda desconhecido pela ciência, que se alastra por nossas veias como se estivéssemos sobre o efeito de alguma substancia estimulante. 

Parem de ler um pouco e botem o álbum pra tocar. Logo de cara os atabaques começam a soar e enfeitiçar. Eles vão vibrando e quando menos se espera a metaleira ataca com intensidade. Pausa, entra a guitarra com sua digitação cadenciada, sempre com os atabaques ao fundo. Ah!! Entra a banda toda e a música ganha uma atmosfera leve, mas bem swingada. Essa é só a primeira música do álbum, intitulada Ventania. 

Uma dica para vocês, botem essa faixa para tocar, chamem sua mulher ou seu homem e comecem a dançar no ritmo da música. Pela manhã você vai se surpreender ao ver aquela linda bandeja de café lhe sendo servida na cama. É muita sensualidade nessa música!

Esqueça esse negócio de amendoim e catuaba. Bixiga 70 é um afrodisíaco muito mais potente! Você pode ouvir o disco acessando o site oficial da banda.

https://soundcloud.com/bixiga70

Nota: 

Ficha Técnica

Bixiga 70 III (2015)

Décio 7 (bateria), Marcelo Dworecki (baixo), Cris Scabello (guitarra), Mauricio Fleury (teclado e guitarra), Rômulo Nardes e Gustávo Cék (percussão), Cuca Ferreira (sax barítono), Daniel Nogueira (sax tenor), Douglas Antunes (trombone) e Daniel Gralha (trompete).

Participação especial: Anderson Quevedo – sax tenor e flauta (em todas as faixas).

Composto, arranjado e produzido por Bixiga 70, exceto * (domínio público / Adaptação: Bixiga 70).
Gravado por Cris Scabello, Junior Zorato, Mauricio Fleury e Victor Rice entre 05 e 13 de agosto de 2014 no Estúdio Traquitana.
Mixado por Victor Rice no Estúdio Copan.
Masterizado por Grant Phabao no estúdio Paris Djs.
Arte por MZK.
Produção Executiva por Verdura Produções.

Agradecimentos especiais a Anderson Quevedo, MZK, Bruno Buarque, Luis Lopes e estúdio C4, Jimmy The Dancer, Guilherme Kastrup, Beth Moura, Miguel Salvatore e Serralheria, Binho Miranda, Leco de Souza, Milton Azevedo e Toni Nogueira.

Agradecemos a todos os nossos familiares, amigos e parceiros.
Um salve às pessoas que comparecem em nossos shows, este trabalho é resultado desta troca de energias.

Este disco é dedicado a nossos ancestrais.

Observação: O texto da ficha técnica foi retirado do site oficial da Bixiga 70.

Matérias Relacionadas

Tetel Di Babuya e a liberdade criativa em 8.12

Carlim
3 meses ago

Lheo Zotto meets Molusco e a mágica do rao em um Falso Jazz(2021)

Danilo
4 anos ago

Para acabar com as traças, Lessa Gustavo & Godjira Naftalina (2019)

Danilo
5 anos ago
Sair da versão mobile