Como os DJs moldaram os novos rumos da música com experimentações, ousadia, novas tecnologias e muita diversão
“No começo havia Jack…e Jack tinha um groove. A partir deste groove veio os grooves de todos os grooves. E durante o dia […] Jack corajosamente declarou: ‘Que se faça a house’. E a house music nasceu”*
Viaje comigo no tempo, no espaço. Estamos em Chicago, rompendo a madrugada na metade dos anos 1980. Aqui é o início de outra vida, onde tudo é reconstruído e renovado, onde sorrisos e olhares entre as luzes se misturam na ordem ditada pelo sulco dos vinis. O som é um mantra, é ritmo, transe, possessão.
Nos clubes da cidade, a ordem na construção das músicas é subvertida pelos DJs. LPs e compactos são controlados por jovens que dominam novos equipamentos sonoros, estendendo e dando outra forma ao gênero que dominou a geração dos anos 1970: a disco music.
https://www.youtube.com/watch?v=5th-RpnVyvI&t=4s
Seguindo a lógica estabelecida no seio da cultura hip hop, reunindo trechos recortados de grandes sucessos ou de tracks obscuras, sequências são criadas ao vivo nas pistas. Sirenes mescladas aos clichês instrumentais e amostras de novas experiências surgem a cada dia. DJs exterminam o tédio e contam diferentes histórias para um mesmo motivo: diversão. Muitos diziam que o registro em disco é o estágio final da criação da música.
Como estavam enganados. Jota Wagner, nosso parceiro de viagem e jornalista do blog Music Non Stop, conta uma parada interessante. Aos gritos em nossos ouvidos, devido ao volume do groove da noite, Wagner fala:
De acordo com as lembranças de Jota Wagner, o DJ Frankie Knuckles entrou para a história da música pop após a inauguração do clube Warehouse, na cidade onde estamos agora, mas na Chicago de 1977.
De saco cheio da disco music, os frequentadores dos clubes da região se abastecem com o novo estilo musical que surge da discotecagem e de caras como Knuckles.
O melhor está por vir. Em 1980, a Roland lança bateria eletônica TR – Transistor Rhythm 808. A TB – Transistor Bass 303 entrará no mercado em 1982.
Mas deixe de agonia, precisamos voltar aos nossos dias, num 2019 dominado pelo 808 do trap. Seguiremos nossa viagem ao passado na próxima coluna. Antes de sair, vamos curtir uns sons. Depois a gente fala sobre eles.
“Eu sou você, eu sou o criador e esta é a minha casa. E na minha casa há apenas house music. Mas eu não sou tão egoísta. Uma vez que você entra na minha casa, ela se torna nossa casa e nossa house music.”
**Chuck Roberts