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Uma trajetória de sensibilidade: entrevista com Gustavo Drummond (Diesel, Udora, Oceania)

Gustavo Drummond

Foto por Luciano Viana

Gustavo Drummond é uma das maiores referências no Brasil quando o assunto é rock alternativo pesado, autoral e independente. 

Para quem acompanhou o rock alternativo do início dos anos 2000 feito no Brasil, não deve ser difícil se lembrar da banda Diesel que saiu do underground de Belo Horizonte para conquistar os palcos do Rock In Rio edição 2001 e depois ganhar o mundo. Com uma sonoridade singular e madura que mesclava os sons do grunge com outras referências mais pesadas, a banda foi uma verdadeira sensação no cenário underground do país até se mudarem para Los Angeles e viverem uma série de experiências de “gente grande” por lá. 

O tempo passou, mas as músicas das bandas Diesel (depois Udora em LA e na volta para o Brasil) marcaram toda uma geração de fãs dos sons compostos por Gustavo junto a uma trupe da pesada como Thiago Correa, Leonardo Marques e o fenomenal e experiente baterista Jean Dolabella. Hoje, capitaneando o Oceania, Gustavo Drummond continua confeccionando rocks com peso e sensibilidade melódica e harmônica únicas; sua marca maior como compositor. Nessa entrevista, fomos a fundo em seu processo de composição e sua trajetória. Confira!

Oganpazan – Gustavo, quando você começou a sua carreira de compositor? Quando ocorreram suas primeiras composições?

Gustavo Drummond – Comecei a compor desde criança, quando comecei a tocar violão aos 12 anos. Mas inicialmente eram trechos, partes e pequenas trocas de acordes. Não havia ainda uma primeira canção completa. 

Comecei a fazer canções completas aos 15, 16 anos, mas eram bastante rudimentares. Foram evoluindo aos poucos e, finalmente quando ingressei em uma banda de BH chamada Joker (que inclusive já tinha um disco lançado antes de eu entrar), trouxe duas canções, a primeira chamada Pull e a segunda Kill The Inner Loser. 

Posteriormente, ao sair do Joker, montei minha primeira banda em que eu era o protagonista, que era o Diesel e trouxe essas duas canções comigo, que acabaram se tornado os embriões da banda.

Oganpazan – O Oganpazan é um blog de música oriundo da Bahia e sei que você viveu em Salvador, sendo essa uma experiência importante na sua vida. Você poderia descrever um pouco como foi sua participação na cena autoral baiana?

Gustavo Drummond – Eu morei na Bahia no início dos anos 90 e minha imersão nesse universo de bandas autorais, se deu em meio a uma cena roqueira muito interessante que havia em Salvador nessa época. Portanto, participei muito da cena e fui a inúmeros shows do Úteros em Fúria, Dead Easy, Stone Bulls, Jelly Roll, dentre outras bandas, que sempre privilegiaram canções autorais e desenvolvimento de conceitos, sempre longe de simulações e covers/tributos. Isso me influenciou demais e me motivou bastante a criar minha próprias canções e até hoje guardo com carinho essas memórias, além da amizade com alguns dos integrantes dessas bandas.

Oganpazan – Sei que você tem muitas canções que são especiais, mas se fosse fazer um top 5 daquelas que mais chamam sua atenção, quais composições seriam?

Gustavo Drummond – 1 – Ammunition, 2 – Into The Sun, 3 – Just a Ride, 4 – Change Of Tide e 5 – This Burning Fire.

Oganpazan – Eu tenho um top 3 pessoal das suas composições, sendo elas “Drain” e “My Pain” da Diesel e “My Old Yesterdays” da Oceania. Você pode contar um pouco como foi compor essas músicas tão bonitas e pesadas ao mesmo tempo?

Foto por Ivo Costa

Gustavo Drummond – Drain eu compús quando morava em New York, em 1997, veio da experimentação com uma afinação alternativa no violão, que eu mesmo inventei e comecei a utilizar em várias outras canções, tipo Someday, The Sun Drenched in Mud, When It Ends, Mouth Of God…

My Pain eu fiz no Brasil, em 1998, já após minha estadia inicial nos EUA. Estava bastante influenciado por uma banda chamada Big Wreck e acho que evoca algo dela. Tem uma troca de acordes interessante, apesar de muito intrincada.

My Old Yesterdays fiz em 2015 e ela tem uma das letras mais legais que já fiz. Curto a frase “Shine a new tomorrow over my old yesterdays”.

Oganpazan – Você, além de ter capitaneado 3 bandas, tem também um trabalho solo digno de atenção. Como você separa as músicas que vão para seu trabalho solo das músicas que vão para o Oceania?

Gustavo Drummond – O Oceania é uma banda de rock alternativo, com uma pitada de Heavy Metal que vem aumentando a cada álbum. O terceiro álbum, que está em fase de criação de arranjos, será o mais pesado e “metal” de todos. 

Minha carreira solo não tem aderência a um estilo propriamente dito. São canções que são compostas de forma despretensiosa e muitas vezes, pelo aspecto mais leve, não cabem no Oceania e o projeto solo acaba virando o veículo para elas. Curto bastante as duas vertentes criativas e estou com alguns álbuns solo no pipeline para lançar, o que será feito aos poucos.

Bom, Oganautas, é isso. Espero que tenham curtido a entrevista. Ficamos na espera dos próximos trabalhos liderados por Gustavo a fim de curtir mais da sensibilidade peculiar desse grande músico e compositor do rock feito em nosso país. Câmbio! 

-Uma trajetória de sensibilidade: entrevista com Gustavo Drummond (Diesel, Udora, Oceania)

Por Gustavo Marques (Gusmão)

 

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