Greggório lançou a poderosa Ginga e Melanina feat Natache e Thiago Elniño, num baile de favela no melhor modelo, transpirando luta e groove
A faixa que termina o ]Ep foi escolhida para traduzir o clima em que foi produzida: Black Music, muito groove, linhas de baixo bem desenhadas, pretos e pretas na luta diária para vencer na raça com a arte periférica.
O clipe retrata a área onde Greggo (como é chamado também pelos mais chegados) reside e o universo de cada um dos Mc’s que dividem a track. As imagens seguem na mesma direção, o clipe produzido por Lucas Calixto traz uma energia periférica legítima, já que foi gravado em um baile de rua na quadra do quarteirão onde Greggório cresceu, com a vizinhança participando da produção e trazendo uma atmosfera real de celebração.
Tem a galera batendo uma pelada na quadra do bairro Retiro e o baile bem representado pelo Mameluco Sistema de Som que é o primeiro Sound System de Volta Redonda. Thiago Elniño dentro do universo da educação na biblioteca e Natache em versos e melodias sagazes estampando a beleza de sua área, o bairro Eucaliptal, tudo isso com a ginga e melanina que a música propõe.
A simplicidade presente nas cenas mostra o cotidiano que se repete na vida de milhões de pretos que relatam sentimentos e momentos diário]s tipo Anne Frank escrevendo em seus diários, falanges de rua com seus próprios dicionários. É assim a poesia cheia de signos que escreveu Greggório na canção. E aproveita para tocar na ferida política dizendo “bolsonários? Não! O que eu não disse? Disse Otários!”.
Os belos samples de metais são de Barry White misturados ao baixo e guitarras de Raphael Garcêz, teclados e sintetizadores de Pablo Duca, os scratches do Dj Josafá e o beat construído pelo BBHT no FL Studio e na MPC 1000. É um groove atemporal, pra dar o play e se preparar para uma imersão sonora que a música proporciona. Pra dar um ponto final, sem mais delongas, Greggo anuncia no fim da música um futuro presente para o povo preto: “Seremos reis no fim do mundo desfrutando a bonança!”
Pegue essa visão e cante o refrão com a gente:
“Ginga e melanina tem poder, mãe continental só nos fez fortalecer
Rituais tribais do centro do mundo, onde o som é oriundo
A nascente é encontrada dentro de você!”
Parafraseando Kendrick Lamar:
I got, I got, I got, I got
Loyalty, got royalty
Inside my DNA
Assusta e afaste o sofá da sala: