Graveyard – Lights Out

Essa semana estava trocando uma ideia ligeira com uns amigos. Num dado momento a brisa foi tanta que começamos a discutir o tempo médio que os discos da década de 70 geralmente demoravam para acabar. Me lembro que comecei a ensaiar uma reclamação um pouco mais acintosa quando um dos meliantes me interrompeu e falou algo digno de aspas: ”Mesmo os discos sendo curtos, boa parte deles eram épicos (mesmo que acabassem antes da marca dos quarenta minutos), logo, minha reclamação não seria válida e de fato ele estava certo, como posso argumentar de forma negativa sobre um ”Beck, Bogert & Apice” da vida?

Hoje temos discos de duas horas que não fazem metade do que a cozinha do grande Jeff Beck colocou em prática em quarenta minutos, poucos discos conseguem proporcionar tal satisfação em menos de uma hora de Jam, aliás satisfação… Essa é a palavra para definir o terceiro disco dos suecos do Graveyard, o curto porém excelente ”Lights Out” lançado em 2012. Um disco recomendadíssimo para você que pensa que só tinha coisa boa nos ’70 e acha que nada atual pode ser um bom repeteco dos bons tempos.

Line Up:
Nihls Dahl (piano)
Martin Holm (saxofone)
Magnus Javerling (órgão)
Joakim Nilsson (vocal/guitarra)
Rikard Edlund (baixo)
Axel Sjoberg (bateria)
Jonatan Larocca-Ramm (guitarra/vocal)

Track List:
”An Industry Of Murder”
”Slow Motion Countdown”
”Seven Seven”
”The Suits, The Law & The Uniforms”
”Endless Night”
”Hard Times Lovin”’
”Goliath”
”Fool In The End”
”20/20 (Tunnel Vision)”

Meu disco preferido desses caras ainda é o ”Hisingen Blues” (de 2011), mas dependendo do dia da semana as vezes prefiro escutar esse trabalho. Ainda mais sólido e coeso do que o disco anterior, aqui o Graveyard volta a surpreender os amantes do Blues-Rock com temas ainda mais ousados e cada vez mais envenenados, sendo a bela voz do Joakim Nilsson, o principal destaque do disco.
Muitos falam que Nilsson não canta tudo isso ou que a voz do suéco é ”enjoativa”, mas num mundo em que todo mundo tenta cantar algo sempre se assemelhando a alguma coisa já feita, meu respeito pelo vocalista só aumenta, pois a voz dele não parece (e nem tenta) se referir a algo já feito ou semelhante, mostra algo novo e extremamente vibrante, à começar pela bela ”An Industry Of Murder”.
Faixa que deixa claro todo o poderio e versatilidade do grupo. Perceba as mudanças na levada com a letárgica ”Slow Motion Countdown”, temas mais objetivos como ”Seven Seven”… Momentos mais trabalhados e melhor explorados como ”The Suits, The Law & The Uniforms” ou ”Endless Night”…

Perceba o amadurecimento em cada música, não se espante somente com a exatidão em cada nota e com a absurda qualidade instrumental do grupo, se impressione também com a fluência dos Plays, (veja ”Hard Times Lovin”’) e note o feeling em pura sintonia com as influências Blueseiras da banda ao som de ”Goliath”.
Perceba que os caras sabem como levar sua mente no banho maria, impressionar os mais vanguardistas com uma balada, ou até mesmo soarem espontâneos o suficiente para explodir tudo, mesmo que de maneira breve e, para isso, a dupla ”Fool In The End” e ”20/20 (Tunnel Vision)” se encaixa como uma luva, finalizando um disco que deixa o ouvinte curiosíssimo para a próxima cartada dos caras e que faz os mais normais chamarem um psicólogo após os resmungos xaropes de ”Endless Night”.

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