”Innocence & Decadence”, o quarto disco de estúdio da banda (lançado no dia 25 de setembro de 2015), supera problemas no vínculo sonoro-humano e surge como um grito atormentado por liberdade. Estado de autonomia que quando atingido, escapa pela tangente e se torna mais ensandecido do que uma perseguição policial. A cada disco, quando você acha que eles surgirão mais estáveis e acomodados, o quarteto mostra que o gás é justamente esse: a desordem.
Line Up:
Joakim Nilsson (guitarra/vocal)
Jonathan Ramm (guitarra)
Truls Morck (baixo)
Axel Sjoberg (bateria)
Track List:
”Magnetic Shunk”
”The Apple & The Tree”
”Exit 97”
”Never Theirs To Sell”
”Can’t Walk Out”
”Too Much Is Not Enough”
”From A Hole In The Wall”
”Cause & Defect”
”Hard-Headed”
”Far Too Close”
”Stay For A Song”
A química do disco segue a mesma de sempre, parece que plantaram um morteiro na sua orelha. O estrago segue veloz, o disco continua com a maldição de passar rápido demais, mas o replay está aí pra isso, afinal de contas esses 43 minutos se tornarão horas, dias e meses quando sua orelha ouvir os primeiro segundos de ”Magnetic Shunk”.
É mais forte que glicose. Mais intenso que um tirar uma tatuagem com um ralador de queijo e tão poderoso quanto uma ressaca de Jack Daniels numa segunda-feira. A mixagem desse disco beira o ridículo. Em vários momentos a sensação que temos quando ouvimos os berros secos de Nilsson, é que ele está a 5 metros de você, em algum bar fétido e carcomido, emulando sessões de exorcismo em sua melhor gravação vocal.
Dai pra frente esquece, a banda embala o groove e o que me resta são apenas estilhaçõs descritivos. O single ”Apple & The Tree” surge mais suave, só que está longe de ser leve. A dupla de guitarras segue sábia na escolha de riffs, demonstra técnica sem exageros virtuosos, volta com backing vocal’s que parecem um baque espírita e a cozinha baixo-bateria vive um de seus melhores momentos.
Depois que Rikard Edlund teve problemas para parar com os pinos e bolar um fino, a solução foi chegar no rehab. O Graveyard demonstrou apoio, ele até chegou a retornar para a banda, mas saiu (sem tretas), para tentar buscar novos grooves fora da casa do Pedrinho. Agora, com Truls Morck na cozinha, o som ganha novos contornos ardilosos, camadas de grave grandiosas e um feeling que engrandece temas emocionantes, como ”Exit 97”.
Esqueça esse mimimi safado de Classic Rock, isso aqui é um retrato da modernidade. Tente seguir o baile em ”Never Theirs To Sell”. Pequeno gafanhoto, Joakim Nisson talvez seja o vocal mais casca grossa da cena atual. A banda está no auge, a bateria de Axel Sjoberg impressiona pelo dinamismo e quando chegamos na hora da jam, o deus nos acuda conta até com revezamento de licks graças à Jonathan Ramm.
O disco é curto, mas as composições, os tempos, é tudo muito bem feito. Entre pauladas secas e amostras absurdas de feeling e vibração, os suécos seguem surpreendendo os ouvintes com passagens absurdas e que evidenciam grande tato, como no hit ”Too Much Is Not Enough” e seu lindíssimo clipe. O solinho do miolo é apelação demais.
Blues-Rock finíssimo. A Nuclear Blast segue com o ouvido apurado para captar as melhores essências garageiras e garantir maior exposição, para grooves que é desnecessário dizer, precisam chegar ao maior número de pessoas possíveis e mudar esse cenário careta que está massificado por aí.
Não sei se esse disco é o melhor da história da banda, tampouco me importo com isso, mas é louvável ver como eles caminham (sem essa palhaçada de ”amadurecimento”), para conquistar gamas absurdas de público com mais um disco que será destaque no fim do ano.
Viciante, cativante, grosseiro e caótico, esse é o Graveyard de ”Innocence & Decadence”. O mesmo grupo de sempre, teoricamente, mas que vivendo uma nova fase, ressurge louco pra se jogar na platéia. Mostrando velocidade de síncope em ” From A Hole In The Wall”, troca de riffs por watt em ”Cause & Defect”, excesso de cafeína no sangue com ”Hard Headed” e um feeling blueseiro contundente ao som de ”Far Too Close”.
Se você não sabe o que ouvir, escute Graveyard. Se você manja o que vai aparecer agora na playlist, pause e coloque esse disco, as vezes nós pensamos demais e perdemos grandes oportunidades. Se chover coloque ”Innocence & Decadence”, se tiver sol, repita o processo e responda em suéco para todo e qualquer problema ou solução. Não existe ponto fraco nesse trabalho, eles ganham a galera até na hora de fazer uma balada. ”Stay For A Song” meu caro, acredite, você não vai se arrepender”.