Gov’t Mule na Jamaica? The Dub Side Of The Mule

Dentro desse 2015 insanamente povoado por discos homéricos por parte do Gov’t Mule, sinto-me relativamente repetitivo ao chegar falando dos caras uma vez mais, só que o que posso fazer? Música boa necessita de divulgação e acredito que os lançamentos festivos da banda sejam exemplares realmente excepcionais, ou seja, se você enjoar dos caras, feche a janela aqui no botão vermelho.
E o motivo não poderia ser diferente, no dia 07 de abril saiu mais um box e dessa vez o lado Ragga da força se faz presente. E se o Gov’t já era denso com o lado plurimusical sem o fator THC, imagine agora que o box triplo saiu para reviver os tempos de ”Mighty High” (2007) com direito até a Toots Hibbert pra mostrar que o dread é raiz mesmo!

Line Up:
Matt Abts (bateria)
Elaine Caswell (vocal)
Pam Fleming (trompete)
Andy Hess (baixo)
Toots Hibbert (vocal)
Jenny Hill (saxofone)
Gordie Johnson (guitarra)
Danny Louis (teclado)
Machan Taylor (vocal)
Buford O’ Sullivan (trombone)
Sean Pelton (bateria/percussão)
Warren Haynes (guitarra/vocal)

Track List CD1:
”Thorazine Shuffle”
”Larger Than Life”
”She Said, She Said”
”Tomorrow Never Knows”
”Whiter Shade Of Pale”
”Dolphineus”
”Painted Silver Light”
”Sco-Mule”
”So Weak So Strong”
”Play With Fire”
”Unring The Bell”

Track List CD2:
”I’m A Ram”
”54-46 Was My Number”
”Hard To Handle”
”True Love Is Hard To Find”
”Pressure Drop”
”Let Down”
”I’ve Got Dream To Remember”
”Reggae Got Soul”
”Hard Road”
”Happy New Year”
”Turn On Your Love Light”
”Reggae Soulshine”

Track List CD3:
”Intro”
”Sweet Feeling”
”Just Like A Woman”
”I Feel So Bad”
”Dreams”
”Million Miles From Yesterday”
”Endless Parade”
”Its A Man’s Man’s Man’s World”
”Ramblin’ Gamblin’ Man”
”It Hurts Me Too”
”Goin’ Out West”

O ”Mighty High” é o trabalho que menos vendeu em toda a carreira do Gov’t Mule, logo, é realmente válido ressaltar o motivo pelo qual esse disco saiu: por que a banda gosta, foda-se o resto, é pela música e ponto final. Algo que mesmo parecendo uma ação besta, ressalta o que pouquíssimos artístas tem a moral de fazer: repetir uma fórmula que deu errado apenas pela paixão dos próprios envolvidos. É para os fãs e não para a crítica.
Agora sobre o disco voltamos ao de sempre, dezenas de elogios envolvidos por um box que apesar de caro (em virtude da moeda gringa estar pagando de emergente), vale cada centavo. Minha única reclamação é que apesar do DVD de uma hora que capta a partição de Toots Hibbert e das fantásticas 3 horas e meia de groove, a caixa repete os erros de todos esses lançamentos festivos ao surgir numa embalagem de papel/papelão, mas o mundo não vai parar de girar por causa disso.
Para abrir os trabalhos temos o aquecimento para o néctar de hemp. O Warren não gosta de chegar frio no show, por isso ele sempre faz um show antes de um show, algo bastante redundante, mas que musicalmente falando faz todo o sentido. O primeiro CD dura uma e dez e em todo esse tempo o gordinho repassa a história do Gov’t ainda sem o fator roots nos riffs logo de cara. O americano é experiente, não vai entregar o ouro, por isso que as 4:20 só começam quando a banda fecha o primeiro set com ”Play With Fire” e ”Unring The Bell”.
Dai pra frente vira culto ao Rastafarianismo por que o mestre do Toots & The Maytals chega para rodar o segundo baseado (sempre em sentido horário), demonstrando uma vitalidade que só a maconha poderia prover em sua vida & viola.
Rola Gov’t da época do ”Might High” com ”I’m A Ram”, temas refeitos para absorver o lado fumê da força como em ”I’ve Got Dreams To Remember” e sons do ilustre convidado, sem contar alguns covers com um quê de keef. Aliás, vale relembrar que em virtude desse lançamento a banda mandou confeccionar papeis especialmente pensados para que o ato do empastelamento de ideias tenha um tempero Gov’t Mule, só faltou uma safra com o nome da banda, mas aí também já seria pedir demais.
Musicalmente não tem nem o que falar, a banda é fantástica, todos foram bem auxiliados na complexa transição Reggaeira e o maior destaque de todo esse processo é a parede de metais, os vocais com requintes de I-Threes e o teclado do fluentíssimo Danny Louis. Deve ter sido uma noite e tanto, já imaginaram virar o ano num show? Esse live foi a semente do ”Mighty High” e essa grande noite no Beacon Theatre foi a cereja do bolo que virou o calendário de 2006. 
E para você ver como a banda possui um feeling diferenciado, o terceiro set é a prova viva de que ninguém consegue viver 24 horas na batida do som do mestre Marley, tanto que o último punhado de faixas volta com o Gov’t de sempre, intercalando jams com a ideia conceito do show e improvisando até o talo, sempre com feeling e vontade de fritar.
Em relação ao DVD creio que apesar do tempo ser curto (menos de uma hora), as imagens registram o momento mais bacana do show, a participação do mestre Toots. Esse ano o Gov’t Mule praticamente virou uma modalidade de impostos, no final de todos os meses desse ano fiz a conta do meu salário desta forma:

-Água
-Luz
-Telefone/Internet
-Gov’t Mule
-Gás

A vida não está fácil, mas preciso completar a coleção!

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