Oganpazan
CD's, Gov't Mule

Gov’t Mule – Dark Side Of The Mule

Se tem uma banda que está alegrando minha existência, essa banda é o Gov’t Mule. Esse ano de 2015 marca vinte anos de muita jam e as celebrações já começaram antes mesmo de virarmos o calendário. Primeiro teve o tradicional record store day nos EUA. 
E quem pensou que a banda ia passar batida passou longe do raciocínio ideal, os caras resolveram surpreender e liberaram o ótimo ”Stoned Side Of The Mule”, um disco de covers que brindam a grandeza dos Rolling Stones dentro de um set muito interessante, sem ficar apostando nas faixas mais óbvias.
Depois a banda ainda oficializou doze datas com o grande John Scofield, guitarrista que também está incluído nas festividades, afinal de contas é de sua autoria a guitarra chapante que ilustra um dos shows mais pedidos pelos fãs do Mule, falo do fantástico ”Sco-Mule”, épico registro de 1999 que já chegou chegando em 2015.

E para fechar a conta, o responsável por toda essa zueira e pela cachoeira instrumental, o grande Warren Haynes, resolveu jogar o Southern no ventilador e disse que vai rolar repeteco roots Reggae do fantástico ”Mighty High” (2007) com o ”The Dub Side Of The Mule” e ainda arrumou tempo para uma noite Floydiana, lançando o registro Barrett da força e suas mais de três horas de som no dia 15 de dezembro do ano passado… E você ai achando que sua vida é que estava corrida!

Line Up:
Warren Haynes (guitarra/vocal)
Durga McBroom (vocal)
Matt Abts (bateria/vocal)
Machan Taylor (vocal)
Jorgen Carlsson (baixo)
Sophia Ramos (vocal)
Ron Holloway (saxofone)
Danny Louis (guitarra/teclado/órgão/vocal)

Track List CD1:
”Brighter Days”
”Bad Little Doggie”
”Brand New Angel”
”Gameface”
”Trane/Eternety’s Breath/St. Stephen Jam”
”Monkey Hill”
”’Child Of The Earth”
”Kind Of Bird”

Track List CD2:
”One Of These Days”
”Fearless”
”Pigs On The Wing, Pt. 2”
”Shine On Your Crazy Diamond, Pts. 1 – 5”
”Have A Cigar”
”Speak To Me”
”Breath (In The Air)”
”On The Run”
”Time”
”The Great Gig In The Sky”
”Money”
”Comfortably Numb”

Track List CD3:
”Shine On Your Crazy Diamond, Pts. 6 – 9”
”Wish You Here”
”Million Miles From Yesterday”
”Blind Man In The Dark”

Esses shows temáticos do Gov’t Mule só estavam esperando a melhor data para sair. Não é de hoje que a banda faz esses covers, vale lembrar inclusive que eles já tocaram tributos e a diversidade das homenagens foi grande, rola de Greteful à The Doors. Só que esse show em prol da Fender de Gilmour acabou sendo um dos primeiros registro gravados e acredito que trata-se do melhor deles.

O CD que a banda manda Stones é bem legal, só que o set é menor e o aparato, tanto de luz quanto de som, é bem diferente. Aqui tem até Warren Haynes tocando com Fender (!) E conseguindo chegar em um timbre bem próximo de Gilmour, fora um show de luzes que só intensifica o Progressivo com tensão de campo magnético que a banda criou, algo que o Gov’t teve a audácia de reinventar em mais de três horas de camadas cintilantes.

O que foi visto e ouvido na noite de halloween em que este trabalho foi gravado (2008) é fabuloso, de fato, o Boston’s Orpheum Theatre abrigou uma noite realmente fora de série, que melhor que doces ou travessuras, teve Gov’t Mule e Pink Floyd. É válido ressaltar que antes de mandar o Progressivo a banda se aquece no primeiro mandando só os hits da casa. 
Warren ainda não está armado com a Fender, no começo o foco é relembrar um pouco de sua caminhada com o Matt Abts e cia, logo, quem manda é a Gibson. E depois de 8 temas (incluindo um medley chapadíssimo que teve até Grateful Dead no meio), é que podemos dizer que estamos na presença de algo que vai além de vosso entendimento, é hora de Pink Floyd, segurem o queixo que o maxilar vai sair do lugar
Este que vos escreve ficou atônito durante umas 4 horas. Fiquei realmente impressionado com o que tive a honra de ouvir e posteriormente assistir. Foi um choque pagar quase 150 reais no pacote deluxe desse lançamento, porém valeu cada centavo. 
Primeiro que uma banda de oito pessoas, algo relativamente compacto (ainda mais tendo em vista o repertório tocado), encheu o palco como se fosse uma orquestra, segundo que o reverendo Matt Abts ainda arrebentou na batera, canta (muito) em dois temas e seu compadre Warren nos brinda com uma de suas melhores apresentações, mesmo que pareça estranho ver o gordinho com uma Stratocaster no começo do show.
O conteúdo do disco é fabuloso mas o lance é ver o DVD. Ali sim vemos a essência desse show, como tudo foi produzido, a Fender e seu parceiro Haynes, fora toda piração tecnológica que foi utilizada para deixar uma das maiores bandas da atualidade com outra cara. Sendo que o momento que melhor sintetiza essa mudança com requintes camaleônicos é ”The Great Gig In The Sky”, uma das músicas mais inexplicáveis da história, momento onde três vozes recriam (e muito bem), o trabalho que apenas uma Clare Torry conseguiu elevar dentro de um som que diz tanto, sem ao mesmo tempo proferir nenhuma palavra concreta.
E tocar Pink Floyd é exatamente isso, tentar recriar algo inexplicável de forma significativa, onde uma coisa já é certeza, o concreto e o abstrato se confundem, logo, para tornar esse momento especial, o grande segredo é sentir, e rapaz, como esse pessoal do Gov’t Mule sente.

A voz do americano deixa o Prog até mais aveludado e os solos de Gilmou, uma das minhas maiores preocupações, são criados, recriados e cirurgicamente tocados pelo mestre da Gibson, que por humildade e pura preocupação com a fidelidade desta enterprise, fez seu papel de Fender e ainda deu outro fôlego, não só para o lado do prisma e sim para toda a parte clássica de uma das maiores bandas de todos os tempos. Teve ”The Wall”, ”Animals”, ”Wish You Were Here”… Uma noite absurda… Realmente fantástico.

Matérias Relacionadas

O peso do Jazz-Funk do Marbin e a excelência de Agressive Hippies

admin
9 anos ago

Hermeticamente Björk

admin
9 anos ago

James Brown and The Famous Flames – Live At The Apollo

admin
9 anos ago
Sair da versão mobile