Fall Clássico oferece uma breve e potente introdução ao ragga/dancehall para nos introduzir na arte fruto da cultura de rua vinda da Jamaica
O CDR Style é uma das mais potentes expressões da música diaspórica aqui no Brasil, com um som envolvente e potente, os manos seguem balançando as noites de Salvador em várias festas. Formado por Fall Clássico e Fayakayano, os manos da CDR Style estão desde 2013 nas pistas produzindo o que melhor podemos ter em termos de Ragga/Dancehall. Incorporando a linguagem dos guetos soteropolitanos em ritmo raiz jamaicano, mas sem perder a capacidade de universalizar suas mensagens.
Em 2015 os manos lançaram seu primeiro disco o Rimas e Riddins Vol. 1, álbum que as minas e manos já sabem de cor em nossa cidade. Agora em 2017 a CDR Style vem fortalecendo sua capilaridade na cidade de Salvador e firmando sua presença com shows eletrizantes no Carnaval.
Batemos um papo com Fall Clássico para conhecer um pouco mais da cultura na qual eles são expoentes nacionais. E o resultado foram cinco pedradas que contribuíram para a formação musical dos mesmos e que são discos e artistas importantes para a história desse gênero.
Assim Fall nos propôs uma narrativa onde ele nos conta como foi fisgado pouco a pouco do rap para o dancehall. Para quem não sabe, o mano fez parte do clássico e incontornável grupo de rap baiano Testemunhaz. Entre outros importantes trabalhos, incluindo aí um disco solo, o artista é também parte importante da recente história do rap baiano.
Uma das primeiros músicas que ouvi com à levada de ragga/dancehall foi uma parceria entre Bounty Killer e Fugees, Hip Hopera, e ao ouvir a levada diferenciada do Bounty Killer fiquei curioso com esse estilo e fui pesquisar. Assim descobri o álbum My Xperience, um disco total de reggae jamaican dancehall, lançado em 1996. Ouvi esse cd com muita mistura de rap e dancehall e isso começou a mudar minha forma de fazer minha própria música. Com certeza foi uma experiência que mudou toda minha forma de compor minhas canções.
https://www.youtube.com/watch?v=o-SzNmA0Ho0
Um pouco depois comecei a pesquisar mais sobre artistas jamaicanos e sobre a música ragga/dancehall e para minha felicidade encontrei o Super Cat e o seu clássico álbum Don Dada (1992). Mais um álbum que serviu para abrir muito minha mente e me mostrar formas diferentes de se cantar. Por uma estranha curiosidade é no clipe da música Dolly My Baby que dizem ter sido a primeira vez que o grande mestre The Notorius B.I.G apareceu em um vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=7YZnHCUz3zc
Shabba Ranks e o seu álbum X-Tra Naked (1992), foi o grande responsável que me fez com que eu apaixonasse de vez pelo estilo musical ragga/dancehall. Grande vencedor do prêmio para o melhor álbum de reggae no Grammy Awards de 1993. Shabba foi um dos artistas mais famosos do ragga, e talvez um dos mais precoces senão o mais. Com 12 anos ele já admirava os DJs dos sistemas de som que rimavam em cima das músicas e dois anos depois começou sua carreira. Três músicas que indicaria do fundo do coração desse disco e que não saem da minha playlist são: “Slow And Sexy”, “What ‘Cha Gonna Do?” e “Ting-A-Ling”.
Mergulhando nesse mundo da música jamaicana no Brasil encontrei o artista brasileiro de ragga/dancehall Sacal. Com o seu cd Gangsta Jegue lançado em 2008, se mostrou um artista que produz suas próprias batidas, introduzindo no estilo Jamaicano uma forte influência da sua língua nativa e da cultura paraibana e nordestina. Recheando sua levada com jargões típicos e forte sotaque nordestino, tornando-se assim sua marca registrada na cena, cheio de singularidade e originalidade.
Por último, mas não menos importantes, temos a lendária dupla Black Alien & Speed que faziam basicamente uma mistura de rap com ragga. Com uma pegada independente e underground, os caras estiveram em atividade entre 1993 e 2003. Ambos nascidos e criados em Niterói, Rio de Janeiro, fizeram da união uma excelente parceria artística. Eles tem um trabalho lançado chamado Corporation Preview – Black Alien & Speed, que pode ser ouvido acima. Esse disco é um clássico do rap ragga brasileiro e que sempre escuto e bate certo.
Acho que esses cinco discos e esses artistas foram fundamentais para minha formação inicial nesse gênero e podem servir a toda e qualquer pessoa que queira conhecer mais sobre o assunto.